Soneto de amor fatal
De amar me fiz cativo
E desta prisão que agora habito
Ocupo o primeiro cárcere
A torre mais alta deste estado
A chave deste meu presídio
Quis que fosse o perigoso vício
De amar, a graça que liberta o mártir:
Em se amando, também ser amado
Eis que da torre não há chave alguma
E do cativeiro observo o distante porto
Sem trancas, sem martírio ou milagre
Pois este amor que de mim parte
É minha vida, barco que se apruma
Para vivo não ver-se amor morto