Sentires

Não sei dizer como me sinto. Observo a chuva no mundo através das duas janelas desiguais de meus olhos. Uma é dia, a outra é verão. Uma espia, a outra, escuridão. Ando pela chuva como quem procura a origem de tanta água. Que horas são em mim agora? Hora de dormir? Hora de sorrir? Hora de andar? Hora de pedir? Hora de chorar? Hora de sentir. Olho as gotas que caem no chão, pequenos mundos em explosão, enquanto deixo meu mundo escorrer de meus olhos. E ando em atropelo por mundos sem fim sem querer pisar neles. Mundos de dor, chuva e alegria a procura da origem de tanta água. Sem rumo, percebo que estou parado. Um olho no céu, outro no chão. Um olho em mim, o outro não. Sinto que minha água ganha curso e ganha vida, minha vida que trafega sem poder chegar ao mar. Mas há mar depois da serra, sempre há mar. Sempre amar. E no amar a minha água de dor se transforma por sempre amar a possibilidade do amor. E vejo tranqüilo que chovo.