Fera

Diga que me ama!
E não diga mais nada,
pois não quero ouvir.
Não há em ti uma só palavra
que possa arrancar de mim,
as veias cálidas, a face arfante,
o pau que pulsa de encontro ao teu.
Não tens idéia do meu desejo,
pois quando de longe o viste
escondeste tu em teu sorriso.
Se ao menos sentisse a fagulha
mínima e animal a te açoitar
as ancas, não pensaria: gozaria
felicidade por cada poro
de tua pele lânguida. Lambida.
Geme que me ama...
Atreve-te! De que tens medo?
Encosta tua mão boba
em minha boca
e sente que te mordo
a segurança descabida.
Reage! Olha nos meus olhos
enquanto te agarro com jeito
as pernas frouxas
e não treme de tesão. Varão!
Minhas marcas em teu corpo
são tua melhor paixão. Tenta.
Teu destino — me amar —
é só o que espalho
no peito com meus dedos.