Miragem
Foi ali que eu te vi,
no meio de tanta gente
tu andavas descuidado.
Teus olhos carregavam
alguma luz além do dia,
daquele jeito sossegado
de quem não sabe que sorri.
E eu te disse oi assim
como quem canta ou assobia
uma melodia fugidia da memória.
Como quem conta uma história
e na hora se esquece do final,
foi assim, quase sem querer
e de repente que eu te vi.
Talvez meus olhos mentissem,
ou então teu brilho falhasse
que nem miragem no deserto,
mas eu poderia com fé jurar
que te vi sorrir quando ergui
a mão e num esfumaçado gesto
vi que não estavas mais ali.