Um dia
O tempo acordou-lhe o dia com pressa. Tangia as emoções em seus ouvidos. Ignorou o espaço vazio ao seu lado. Aliás, se estava sozinho, nem percebeu. Pela primeira vez, quem sabe, cantou no banho, tomou café e leu à luz do sol que há muito não entrava pela janela. Vestiu seu melhor sorriso — o mesmo que julgara tão démodé — e foi ter com a vida.
Depois de tanto tempo despediu-se do amor como quem termina um livro e encerra suas páginas sobre o criado que, de tantas cenas guardadas em suas gavetas, todas as juras ouvidas, simplesmente emudeceu.