Alento
Das bocas sedentas em desatino
veio a brisa, delírio e torpor. Prazer
de um beijo — encantado — que ao nascer
tangeu em nós dois um desejo menino.
Aquele juízo que já tão fino
cedeu seu espaço pro alvorescer
amou o tempo, lânguido, em você.
Perdeu-se ao longe, além e sem destino.
Ah, vertigem que em pernas desaba
e, moldando do mundo a substância,
dança e tudo gira; faz-me sorrir!
É que esse beijo — essa flor da infância —
que à vida revela seus sabores sutis
refresca-me, assim como um gole d'água.