Won’t you dance? Oh…are you sure, hunee?

(Ella)
Think of what you’re losing by constantly refusing to dance with me
You’d be the idol of France with me
Instead you shake your foolish head dramatically
While I’m waiting so ecstatically
You just look and say emphatically

(Louis)
I won’t dance, don’t ask me
I won’t dance, don’t ask me
I won’t dance, madam, with you
My heart won’t let my feet do things they should do

You know what, you’re lovely
And so what? You’re still lovely
And oh, what you do to me
I’m like an ocean wave that’s bumped on the shore
I feel so absolutely stumped on the floor

When you dance you’re charming and you’re gentle
Especially when you do the continental
But this feeling isn’t purely mental
For heaven rest us! I’m not asbestos

And that’s why
I won’t dance. Why should I?
I won’t dance. How could I?
I won’t dance, merci beau coup
I know that music leads the way to romance
So if I hold you in my arms, I won’t dance

(Ella)
I won’t dance, don’t ask me
I won’t dance, don’t ask me
I won’t dance, monsieur, with you
My heart won’t let my feet do things they should do

You know what, you’re handsome
And so what? You’re handsome
And oh, what you do to me
I’m like an ocean wave that’s bumped on the shore
I feel so absolutely stumped on the floor

When you dance you’re charming and you’re gentle
Especially when you do the continental
But this feeling isn’t purely mental
For heaven rest us! I’m not asbestos

And that’s why
I won’t dance. Why should I?
I won’t dance. How could I?
I won’t dance, merci beau coup
I know that music leads the way to romance
So if I hold you in my arms, I won’t dance

(Louis)
I won’t dance, don’t ask me
I won’t dance, don’t ask me
I will not dance, madam, with you
My heart won’t let my feet do things they should do

You know what? You’re kinda lovely

(Ella)
And so what? I’m lovely

(Louis)
But oh, what you do to me
I’m like an ocean wave that’s bumped on the shore
I feel so absolutely stumped on the floor

When you dance you’re charming and you’re gentle
Especially when you do the continental
But this feeling isn’t purely mental
For heaven rest us! I’m not asbestos, honey!

(Ella)
And that’s why
I won’t dance. Why should I?
I won’t dance. How could I?
I won’t dance, merci beau coup
I know that music leads the way to romance
So if I hold you in my arms, I won’t dance

Tipo assim… vem comigo que no caminho eu te explico. ;)

Dá-lhe, funcionalismo público!

Sabe o que é uma semana coçando o saco? É assim, vou te contar. Falam pra você que as suas aulas começam na terça, dia 29 — quer coisa mais estúpida que isso? Daí você vem, pronto pra batalha. Cancelam a ópera — esqueça, você não vai cantar —, você arranja uma faringite — ou seja, você não vai cantar MESMO —, e os professores ainda por cima não dão as caras. Virou festa agora?

Eu tenho uns três ou quatro repertórios diferentes pra desenvolver durante o semestre — o que é ótimo! — e não consigo agendar nada. Então tá, vou ficar aqui ouvindo música e escrevendo, na falta de uma rede e enquanto o fim de semana não vem. Porque eu vou dançar esse fim de semana nem que eu tenha que fazer promessa. Essa uruca eu não levo adiante, nem a pau! :P

Piada sem graça invade a Unicamp

Acho que nem eu, nem meus colegas, nem os professores envolvidos, nem os músicos da orquestra… nenhuma das cerca de 270 pessoas prejudicadas entendeu direito essa piada.

Sem aviso prévio, sem consultar a assessora para esses assuntos — que por acaso é a minha professora de canto — ou as partes prejudicadas, a (porra da) Pró-Reitoria de Cultura e Extensão resolveu alocar o espaço onde a Orquestra Sinfônica da Unicamp ensaia, onde as aulas de Prática Orquestral do Departamento de Música ocorrem, onde os ensaios — todos os dias, até o dia 15/08 — da Flauta Mágica iriam ocorrer, só para a Mostra Internacional de Humor Gráfico passar. Fácil assim.

Pra falar a verdade, a ficha aqui ainda não caiu. Eu tô fulo da vida, mas não vou arrancar meus cabelos por causa disso. Só acho o fim da picada o descaso que essa universidade — e quase todas as outras — tem com as artes. Ah, sim, se as artes envolverem um convênio internacional com a Argentina — justo a Argentina? —, nomes famosos e projeção nacional, então tá. Há verba, há espaço, há cooperação e o direito institucional das outras 270 pessoas que se foda.

Então fica assim, os meses de estudo e ensaio com recursos irrisórios, o trabalho dos professores, todo o esforço para tornar o que era, a priori, uma atividade laboratorial em um espetáculo de ópera público — e com o nome da Unicamp — param aqui: não vai ter mais Flauta Mágica de Mozart.

Eu quero a cabeça do filho da puta…

Então… passa a farofa?

O que você faz com uma criatura com a qual você conversou via msn, foi ao cinema, conversou e tomou café na seqüência, telefone, felicidades e, quase uma semana depois, no mesmo msn, simplesmente pergunta: “oi, quem é vc?”

Nada, né? Pra quê? Senhor, como tem gente doida nesse mundo!

Notícias do front

Um mês, UM MÊS INTEIRINHO e ninguém desse laboratório — que foi fechado para manutenção — teve a decência de configurar esses micros direito. Me pergunta agora se eu sou a favor de estabilidade de emprego no funcionalismo público?

*

Eu cruzei, apenas cruzei com minha professora pelos corredores hoje e a cara dela tava tão fechada que eu não arrisquei nem um bom dia — eu não tô a fim de servir de alívio para o estresse alheio. Algo me diz que esses ensaios da Flauta Mágica serão longos, muito longos. Eu quero a minha mãe!

Pra completar, a mesma professora, que me vetou, no fim do semestre, a participação em uma matéira conjunta com a pós, acabou de me escrever perguntando por que eu não me matriculei… Eis que me vem de pronto à mente a contra-pergunta como resposta: “por que, raios, você não vai à merda?” (respira, Guilherme, respira…)

*

Saudade de estar com os amigos em horas loucas, no cinema no meio da semana, no bar às altas horas do domingo. Não dá, tenho que estudar/trabalhar — aliás, quem não tem (bem que podia me ensinar, não é)? C’est la vie.

Letargia

Sofro de cansaço antecipado — eu sei, isso se chama preguiça. Mas só de pensar que hoje eu estou de férias e a partir de amanhã eu não vou ter tempo pra p… pensar em paz, até o quase o final de agosto, quando, enfim terminamos de montar A Flauta Mágica, na Unicamp, — *suspiro* — dá uma moleza…

Qué, não… aqui tá tão bão…

Oops!

Eu tenho que lembrar que é só dentro da minha cabeça — esse projetor de filmes particulares — que fica claro, daquilo que eu escrevo, o que é hipotético e está aí para ser pensado e o que é vivido. Agora já foi…

— Let’s talk about sex? — said the doctor.

feet.jpgNo que tange o quesito sexo e muitos dos seus assuntos correlatos, nunca fui precoce. Muito pelo contrário. O primeiro beijo, a primeira transa, a descoberta de novos desejos, tudo teve um ritmo lento, quase angustiante. Se na adolescência isso me incomodava, hoje acho que foi bom assim. Sempre fui intenso e ansioso — combinação meio perigosa —, mas aprendi a explorar, a tocar e ser tocado. Tive que aprender a canalizar o fogo que me arde para poder aproveitá-lo — nasci com hormônios demais. Sexo para mim se tornou, então, um aprendizado constante e sem fim, pois cada parceiro(a) tem seu timing, temperatura, tensão, uma química que reage e me faz reagir diferentemente. Eu não consigo enxergar o meu prazer sexual como algo dissociado do prazer sexual da outra pessoa. Sinto-me inteiramente dedicado e, no relacionamento, fiel. Acho que não há nada mais frustrante do que — baixando o nível — comer ou ser comido feito um pedaço de carne. Ponto.

Mas isso não me parece ser a regra. Não condeno o sexo casual, sem compromisso — se há tesão, por que não dar vazão, por que não deixar que a energia flua por esse canal? Acho, inclusive, que se é possível ter um amigo(a) de foda e isso se dá sem grilos, então vá fundo! Sexo também é uma forma — e muito saudável — de carinho.

E aí chegamos ao ponto. Eu não entendo sexo sem carinho. Posso ter conhecido você numa festa, mal sei seu nome, mas o tesão que surgiu entre nós — algo do momento, da vontade, uma coisa animal, dose cavalar de libido e volúpia — é tanto que mal podemos conversar e vamos pra cama, saímos do mundo. Mas a partir daí o que ocorre é pura comunicação. Minha mão sussurra em sua orelha que meu pé gostou muito do seu. E você diz, sofregamente, à minha nuca que sua língua tem fome. Quando minha barriga geme você entende que tenho calor e me refresca.

No fim, após o fim, meus dedos brincam com seus cabelos, não os prendem. Você não é meu e eu sei disso, nem quis ali que fosse. Mas é inevitável e aconselhável que eles digam adeus enquanto pensam distraidamente no mundo lá fora. Então não tenha medo do meu toque. É a minha maneira de dizer “estou feliz” e o meu desejo que você também esteja. A não ser, talvez, que seus cabelos tenham medo de se prender nos meus. Ou que seus olhos tenham medo da escuridão que encerram, ou da chama dos meus. Mas aí também não tem por que me perguntar se estou carente, não é mesmo? Melhor seria perguntar que bicho te mordeu. Esse, não fui eu.

Procuração

A hora que isso aqui virar um blog de auto-ajuda alguém, por favor, me esbofeteia! :P

Rádio Scala FM – 92,3 MHz

Ninguém merece DUAS HORAS de música ambiente — horror, minha gente, horror! — em um consultório oftalmológico com pilhas de revistas Quem, uma, apenas UMA Carta Capital (velha) e uma Gula (em pleno horário de almoço). Meuszóvo!

Depois de uma deliciosa noite de cinema, café e tricô entre o maestro e a cineasta — aka, the control freak club —, isso só vem reforçar que eu ainda virei a engrossar o contingente de iogues e pessoas adeptas da meditação. Eu prefiro — e preciso aprender a — desligar meu cérebro a transformá-lo em geléia. Não vai ser fácil…

Precisão cirúrgica

“Astral protege taurinos do segundo decanato com dose maciça de encanto e sedução entre as 16h e as 16h30 de hoje: arrisquem e apostem. O resto dos taurinos se beneficiam também de um astral fluido que ajuda o conhecimento, a ampliação de horizontes e a comunicação com o ambiente.” (Folha)

Só pode ser piada, tem que ser! Meia hora pra se dar bem em plena tarde de terça é que nem entrada grátis pro Playcenter em dia de chuva! — o que, cacete, eu faço com isso?! Nessas horas eu tinha de ter uma camiseta com os dizeres “casa comigo”, ou “me beija” — essa é boa! —, ou “vem cá, meu nego”, assim, pra sair na rua, basicamente.

Jaz-em-mim

Dormi pensando em por que te beijei. Não que não houvesse desejo — volúpia, delírio, vontade —, mas é que não foi desde sempre. Foi de repente, como um choque e arrepio que percorre o corpo, como água derramada, tombo, trombada, como aragem que se principia contra toda meteorologia. De respirar, então, lembrei do feitiço e não sei se partia de mim ou de ti, mas teu corpo… teu pescoço era um talo de flor, recendia a jasmim!

Sorria, você está sendo filmado!

Flashes de uma bat-camiseta-amarela —
ou, um tiquinho de narcisismo às vezes faz bem:


ela tá solteira! (eu também, por falar nisso…)


“eu te disse, não disse?” — não sei como ela não me bate


ela também tá solteira! (ok, eu já disse…)


“quem? sei… e quais suas intenções para com ela?”


feliz? não, imagina, impressão sua!

Groove is in the heart

“Vou fazer você dançar
Sua xereta
Vou fazer você zoar
Esse planeta
Vou fazer você molhar
A camiseta
No vem e vai
Porque daqui você não sai…”

A MELHOR FESTA! A Santíssima Trindade (Plus Ultra!) abalou Paris em chamas. De novo e novamente, porque a gente pode e quer se divertir loucamente, né não?

O que há em matéria de haver! Mas qualquer dia desses, rapaz, no meio da pista — pra inglês ver —, a gente ainda apanha. Só que parar mesmo, a gente não pára, não! ;)

Tranqüilidade

“Drão
O amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer!
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela estrada escura…”

Recebi um grande presente esses dias. Um daqueles que você sempre quis e nunca soube pedir — ou parou pra pensar a respeito. Um presente maior que a vida. Não, um presente que dá à vida uma dimensão e brilho inesperados. E por estar em mim e ao meu redor é maior do que tudo, e no entanto mais sutil. Poemas que (ainda) não cabem em palavras. Verdades que (ainda) não é possível ver. Um mundo que (ainda) não posso tocar, mas que existe. A completude — hoje eu sinto — que antecede a troca, pois tudo na minha vida é intenso. Portanto, há de ser no tempo exato.

Mas tudo não passa do que será, porque eu escolhi.

Dançado e remixado

“…I will go with you
I’ll go where you lead me
forever true
(forever and ever we’ll stay)
in love together

Con te partiró
I’ll go where you lead me,
wherever you are…
in my heart”

Nem Io con te partirò, nem Time to say goodbye. O negócio é Donna Summer mesmo! Andrea Bocelli e Sarah Brightman que me desculpem, mas a preta botou os dois no bolso!

Abracadabra!

Como assim todos os meus contatos do ICQ sumiram do Trillian? Foram-se? Adeus? Puf? Er… ok, então tá, então!

(eu, hein…)

Desgosto

Só que, por hora, eu quero mais é que o mundo exploda, ok? E o próximo que me disser “sabia que você já conquistou uns quatro corações esta noite?” vai levar uma no pé da orelha!

Estou farto de querer quereres que não querem, de despertar a volúpia de quem e só fogo-fátuo. É fato: meu desejo anda bem ruim de mira. Não sei o que acontece — importa o que eu faço? não parece —, mas eu quero mais que isso. Não tem? Sinto muito. Tchau e benção.

Os espinhos por detrás das rosas

(ou, Rilke, tu só me fode…)

Retrato interior

Não são as lembranças que revejo
que, em mim, te entretêm
tu nem és minha também
pela força de um belo desejo.

O que te faz presente
é o desvio ardente
que um carinho langue
descreve no meu próprio sangue.

Estou sem necessidade
de te ver aparecer;
só precisei nascer
para perder-te com menor intensidade.

Portrait intérieur

Ce ne sont pas des souvenirs
qui, en moi t’entretiennent;
tu n’es pas non plus mienne
par la force d’un beau désir

Ce qui te rend présente,
c’est le détour ardent
qu’une tendresse lente
décrit dans mon prope sang.

Je suis sans besoin
de te voir appaître;
il m’a suffi de naître
pour te perdre un pois moins.

Como é difícil ver seu jardim retratado na poesia simples e certeira de outrem. Como é delicado separar a esperança da flor do desejo ardente. Porque há espinhos, cultivamo-los em nós assim como as flores. No meu caso, eles me arranham toda a vez em que me deparo com a impotência. Desejo e impotência. E a única coisa que me alivia — escrever ajuda, mas não resolve — é o exercício tortuoso da paciência. É além de abrir mão do controle, é confiar que no descontrole reside a certeza de que o que tiver de ser, será.

Será? Será mesmo que fiz o devido de fato? Será que o telefonar não teria ajudado? Será o beijo não-roubado aquele golpe de mestre do qual dependia o desfecho? Porque não há voz que me diga o suficiente — o verbo para mim só existe como elemento representativo da ação — e, sendo assim, padeço de uma incerteza crônica de quem sabe o que quer, mas não sabe como ter. Claro que isso é inútil, mas o pensamento me desobedece. Tem ele a mais elástica propriedade, e por mais que o ocupe ele sempre me alcança nessa parte.

Como que automaticamente Bethânia toma a voz — só ela tem a força do drama e da paixão necessários para que eu me veja. Não há certezas, não há controle, não há fato. Apenas desejo — isso é certo — e a minha insegura paciência. Lendo meus pensamentos, Rilke se adianta duas pétalas em seu jardim de palavras e me arranha novamente:

O sublime é uma partida.
Algo de nós que ao invés
de nos seguir, se nos dista
e se habitua aos céus.

O encontro máximo da arte
não é senão o mais suave adeus?
E a música: este último olhar
que lançamos para os nossos eus!

Le sublime est un départ.
Quelque chose de nous qui au lieu
de nous suivre, prend son écart
et s’habitue aux cieux.

La rencontre extrême de l’art
n’est-ce point l’adieu le plus doux?
Et la musique: ce dernier regard
que nous jetons nous-mêmes vers nous!

Ele é bom nisso. Mas, senhor, como é difícil dar o passo! Como é sofrível se desligar do amor, do desejo, da amizade, da dedicação! E no entanto, essa é a lição que eu mais preciso aprender. E que seja para o meu próprio bem, que o do outro não me depende — e mil vezes aqui eu me pergnunto “será?” e me obrigo a dizer “não!”. O único amigo, o único amor que inteiramente de mim depende é o meu. Fora de mim, cada mundo tem lá suas regras, e a mim é dado somente aceitá-las pacientemente — taí de novo a maldita! —, por mais que eu veja — e eu vejo —, por mais que eu discorde, por mais até que doa. Não está em mim o desejo alheio. Só me é dado — e por mim cultivado — sentir o que é meu.

Mas eu aprendo — já estou aprendendo.

Negócio da China

Melhor que comprar um CD a R$6,00 na Neto Discos é fazer a irmã comprá-lo — ah, eu gosto de Guinga, muito, mas não dele cantando. :P

Shakespeare e a galinha

Ah, eu gostei de O Homem Que Copiava — e continuo achando que sou tão indicado a discorrer sobre cinema quanto do comportamento social das joaninhas das florestas da Tanzânia, enfim…

Mas o que tem a galinha a ver com o ovo da história? — essa me escapou.

Vergers

Já dizia Rainer Maria Rilke*, à primeira página de seu Jardim:

Esta noite meu coração faz cantar
anjos que se lembram…
Uma voz, quase minha,
por tanto silêncio atraída

sobe e resolve
nunca mais voltar;
tenra e intrépida,
a quê se vai juntar?

Ce soir mon coeur fait chanter
des anges qui se souviennent…
Une voix, presque mienne,
par trop de silence tentée,

monte et se décide
à ne plus revenir;
tendre et entrépide,
à quoi va-t-elle s’unir?

E foi assim que — dentre olhares, sons e cores — a noite me teve e somente a noite, a sobressalto. Porque você, menino-homem, você só tem meu pedido-e-entregue telefone, o número de uma possibilidade. Um probabilidade de oito dígitos da qual não sei e tento não querer saber — me liga?

* Edição bilingüe por Fernando Santoro, devidamente surrupiada. ;)

A digna nota anti-metonímica

O Figaro é o Blog em Destaque do Jornaleco de Número 20. Ali, com o domínio representando o blog. Curvo-me aqui até quase desabar do proscênio, meu desabalado e envaidecido agradecimento àquelas tão bem escritas transgressões subterrâneas.

Das mil idéias e meia pensadas para o Cantorum em si, ainda não pus nenhuma efetivamente em prática. Há tempo. Mas mais do que isso há a maturação necessária — a fogo lento — de quem tem o que dizer, mas quer escrever bem e seriamente. Um dia.

Os sonhos mais lindos

“Acender as velas
já é profissão,
quando não sou eu
é Nara Leão…”

“Mas um dia vai chegar
que o mundo vai saber
não se vive sem se dar…”

Elis — a luz necessária num dia de chuva para que as águas não me levem; que me lavem. Porque bossa, só na voz. Finamente.

Não basta ser geek, tem que participar

Então, sabe o Typepad, aquele sistema — blogger não é sistema, é maldição — baseado no lindo, divino e maravilhoso MovableType, que o pessoal da SixApart está desenvolvendo? NÃO? Pois é, eu e alguns ilustres desconhecidos estamos testando — opinando, criticando, sugerindo — o sistema que ainda não está na sua versão 1.0. E como beta-testers a gente pode falar “UIA!”, “UAU!”, “NOSSA!”, “CARAI!”, mas não pode dizer o que tá vendo. Ih, foi mal! :P

Vou brincar de graça enquanto posso que o mais legal é fazer traquinagem.

Ring!

— Alô?
— Fulano? Tudo bom? Aqui é o Gui.
— Oi, Gui! Tudo bom?
— Tudo. Escuta, deixa eu te perguntar uma coisa. Você vai me ligar de volta ou não vai?
— Claro! Vou ligar, sim!
— Ah, tá. Porque eu não vou mais ligar, não, ok?
— Não! Vou ligar, sim, é que aquele dia…
— Domingo.
— … eu tava com um amigo meu e sem o seu número, mas eu vou ligar, sim!
— Ahãm.

— Então tá, Fulano, depois a gente se fala.
— Er… tá bom. Abraço!
— Abraço. — hein?

Domingo… quinta-feira… e tatuar “otário” na minha testa, rola? Pfff! Então tá, então! Quero só ver… vai ter que gastar sola pra me alcançar agora. :P

E acho que tem algumas coisas que são básicas. Telefonar, por exemplo. Falou que vai ligar, então liga, criatura! Oxe… pode me chamar de pragmático, mas eu não digo que vou fazer uma coisa que não vou.

Homenagem

La forza della vita
(P. Vllesi / Dati)

Anche quando ci buttiamo via
per rabbia o per vigliaccheria
per un amore inconsolabile
anche quando in casa è il posto più invivibile
e piangi e non lo sai che cosa vuoi

credi c’è una forza in noi amore mio
più forte dello scintillio
di questo mondo pazzo e inutile
è più forte di una morte incomprensibile
e di questa nostalgia che non ci lascia mai.

Quando toccherai il fondo con le dita
a un tratto sentirai la forza della vita
che ti transcinerà con se
amore non lo sai
vedrai una via d’uscita c’è.

Anche quando mangi per dolore
e nel silenzio senti il cuore
come un rumore insopportabile
e non vuoi più alzarti
e il mondo è irraggiungibile
e anche quando la speranza
oramai non ti basterà.

C’è una volontà che questa morte sfida
è la nostra dignità la forza della vita
che non si chiede mai cos’è l’eternità
anche se c’è chi la offende
o chi le vende l’aldilà.

Quando sentirai che afferra le tue dita
la riconoscerai la forza della vita
che ti transcinerà con se
non lasciarti andare mai
non lasciarmi senza te.

Anche dentro alle prigioni
della nostra ipocrisia
anche in fondo agli ospedali
nella nuova malatia

c’è una forza che ti guarda
e che riconoscerai
è la forza più testarda che c’è in noi
che sogna e non si arrende mai

È la volontà
più fragile e infinita
la nostra dignità
la forza della vita. / Amore mio è la forza della vita

che non si chiede mai
cos’è l’eternità
ma che lotta tutti i giorni insieme a noi
finchè non finirà

Quando sentirai / La forza è dentro noi
che afferra le tue dita / amore mio
la riconoscerai / prima o poi la sentirai
la forza della vita

che ti transcinerà con se
che sussurra intenerita:
“guarda ancora quanta vita c’è!”

A quê? À vida, ué?
Às que estão chegando, às que estão aqui, aprendendo, e às que já se foram.

Born to be wild

NASCEU!!! Nasceu meu segundo sobrinho! :) Tiago, o pimpolho, com meigos 50cm e 3,580Kg — como é que cabia dentro da minha cunhada, é um mistério, praticamente uma barriga que andava. Meu irmão e cunhada conseguiram ter o segundo filho no dia do aniversário da primeira, hoje — ô, mira!

Julho, doravante, será um mês agitado, alegre e… well… caro, né? :P

Nos tempos da brilhantina

— Escuta… você não quer que eu ande amanhã, é?
— Andar pra quê? — pulando loucamente — Amanhã é domingo!

Isso foi antes de cantar Io con te partirò. É, no salão. A preta bombando Time to say goodbye no telão — num tom desgraçado de agudo, credo. :P

“Con te partirò
Paesi che non ho mai
veduto e vissuto con te
adesso sì li vivrò…”

Entendimento

“Nessa vida em que sou meu sono
Eu não sou meu dono
Quem sou é quem me ignoro
E vive através desta névoa que sou eu
Todas as vidas que outrora tive numa só vida
Mar sou; baixo marulho ao alto rujo
Mas minha cor vem do meu alto céu
E só me encontro quando de mim fujo”

(Fernando Pessoa)

Quanto tempo você leva para conhecer uma pessoa? Comigo é sempre muito simples: apenas alguns minutos e vários meses, toda a vez. Ganho e dou muito dessa forma.

Mas o mais importante é que sempre aprendo com os outros, mesmo quando não aparento ou mesmo na hora percebo — isso é muito importante pra mim.

O dito pelo não dito

And So It Goes
(Billy Joel)

In every heart there is a room
A sanctuary safe and strong
To heal the wounds from lovers past
Until a new one comes along

I spoke to you in cautious tones
You answered me with no pretense
And still I feel I said too much
My silence is my self defense

And every time I’ve held a rose
It seems I only felt the thorns
And so it goes, and so it goes
And so will you soon I suppose

But if my silence made you leave
Then that would be my worst mistake
So I will share this room with you
And you can have this heart to break

And this is why my eyes are closed
It’s just as well for all I’ve seen
And so it goes, and so it goes
And you’re the only one who knows

So I would choose to be with you
That’s if the choice were mine to make
But you can make decisions too
And you can have this heart to break

And so it goes, and so it goes
And you’re the only one who knows

Eu me traio às vezes — e quem não o faz? Principalmente quando ouço certas músicas.
Fazer o quê, né?

Ser ou não ser — que questão mais besta!

ADOREI o banner! :) E aproveitando o ensejo, vamos elocubrar um pouco. Porque eu acredito, sim, na bissexualide. O que eu não acredito é na opinião profundamente excludente divulgada amiúde por tanta gente.

O que é preciso para se definir a sexualidade de uma pessoa? Uma vida, não menos do que isso. O único que pode dizer a respeito da sua sexualidade é você mesmo, pois só você pode — eu disse “pode” — saber com precisão o que sente. Dizer que se alguém não é hetero, então é gay e vice-versa é o mesmo que dizer que uma pessoa é preta ou branca. Em suma, rídiculo. Ridículo porque exclui toda a gradação, todas as outras cores do arco-íris. Isso sem falar dos fatores que envolvem a construção de uma identidade sexual e que são muitos e intrínsecos.

Todo mundo é potencialmente bissexual? Eu gostaria de dizer que sim. A questão aqui é o que a gente chama de sexualide: a possibilidade sexual, sensual, de se relacionar com pessoas de ambos os sexos ou a disponibilidade emocional de se relacionar com ambos os sexos? E mesmo tomando esses dois conceitos apenas, eles se encontram interligados, pois sexo é o que acontece dentro da sua cabeça, não na extremidade do seu membro. Então, com quem você tem condições de trepar? E quem você tem condições de amar (e receber amor)? Você, dito homem hétero, seria capaz de expressar o carinho que sente por um grande amigo de forma tão íntima e exposta quanto um beijo? E se ninguém estivesse olhando? E se você soubesse que ele não iria interpretar isso como uma súbita declaração de amor-amante, mas como uma afirmação tácita de amor-amigo? Pois é. Pra dificultar um pouco, mudem os gêneros à vontade. Voilà!

Mas existe todo um universo imposto na criação, experiência pessoal e sociedade. Em resumo, somos o resultado do que conseguimos absorver e processar no mundo. Já fui profunda e adolescentemente apaixonado por uma garota e também já fui apaixonado por um homem. Em ambos os casos — e em todos os outros — o tesão era diretamente proporcional ao carinho, ao afeto. Não sei trepar, beijar sem um mínimo de envolvimento, seja ele qual for. Em compensação, tenho noção de que quando há sentimento não deixo a menor dúvida no ato. Sou bissexual, de fato, mas tenho que dizer que estou gay, pois o ideal de relacionamento que tem me atraído nos últimos anos não encontro no universo feminino. É o arquétipo masculino que tem me conquistado. E daí já seria difícil demais tentar explicar por quê. Eu não sei. E se eu não consigo dizer tal certeza de mim mesmo, quem é que vai saber?

Partanto, sim, acho que bissexualidade é algo bem real. O que é irreal, na minha opinião, é achar que a sexualidade de alguém é definida meramente por uma questão biológica/genética, ou que reside na opção, ou que se trata de corretude ou desvio, vítima de fatores psicológicos. Por favor! Ao invés de se preocupar em classificar o comportamento alheio, que tal se certificar de que o seu comportamento expressa realmente o que você sente e, conseqüentemente, é. Garanto que o comportamento do outro vai se tornar menos absurdo.

World wide hug

Mas eu sei que muitas vezes um colo é tudo o que a gente precisa — mais carinho e menos verbo — e não pede. Ou pede, mas não ganha.

Um gesto, um ato, daqueles que eu sempre quis, às vezes precisei e muitas vezes ganhei. Nem sempre notei.

Para os meus fratelli que tão lá longe — e me matam um pouquinho a cada dia de saudade —, pra você que tá aqui perto do meu toque, pra você que tá aí longe, saiba que mesmo assim te enlaço. Ouça o meu abraço.

[no dial, M.L.K. (Clayton-Hewson-Evans-Mullen), The King’s Singers]

(Des)Alma(da)s Gêmeas

Você já se cadastrou em algum desses sites de encontros? Eu já, pela primeira vez este ano. E vou dizer uma coisa, foi bom pra eu ver que — meu deus! — tem gente muito mais carente do que eu no mundo. E eu não tô falando daquela vontade súbita de cafuné, a vontade das mãos dadas, aquele frio que edredom nenhum esquenta ou mesmo — e por que não? — aquela violenta descarga hormonal. Tudo isso por vezes me acomete que eu sou muito vivo.

É a outra, a carência de ser. Uma torturante ausência de ser. Sei bem o que é isso, cresci deixando de ser um pouco a cada dia e foi difícil, muito sutil, me encontrar dentro de mim novamente. Porque quando não existimos em nós mesmos, simplesmente não tornamos o nosso olhar interior. Nada nos chama a atenção ali. Projetamos nosso olhar imediatamente para aquele que é ou que, talvez, queríamos que fosse, como se ele fosse capaz de nos preencher de existência.

Hoje eu entendo o efeito que alguns perfis e até algumas pessoas que chegaram até mim — foram bem poucas — me causaram: uma leve repulsa, um quase inconsciente e automático distanciamento. Entendo que já causei isso. Você vê a pessoa desprovida de próprio-existência, você vê um vazio que se aproxima, te envolve querendo ser. Isso é muito triste, é uma existência retalhada que não é por si só. Curioso é que eu nunca, nem na minha fase mais carente e complexada, me interessei por salas de bate-papo. Ainda bem. Com certeza teria mil vezes me jogado atrás de um perfil idealizado e (por mim) sonhado.

Mas há quem busque ali a chance de encontrar uma contraparte — não custa nada dar uma ajudazinha pra sorte — (se) expondo o que considera ser o ideal no amor e no relacionamento. Aí, acho válido. A melhor definição que encontrei até hoje foi também a mais simples: “There are no such things as ideal relationships. There will always be an issue no matter what. It just takes two to make things work and last.”

Pois é. Precisa de dois, não um. Mas pra que existam dois, primeiro tem que existir um.

Apocalipse Now

É impressão minha ou o Blogger tá implodindo blogs ao léu? Eu já não ando lendo muitos, nem os dos amigos, pra ser bem sincero, eu ando lendo direito — ah, sem a menor culpa, quer saber? — e, dos lidos, boa parte padece.

Nessas horas é que eu agradeço pelo meu servidorzinho com complexo de quelônio. É lento — muito lento —, mas tá aqui do meu lado pra eu sentar uma bica se começa a inventar moda. Por falar nisso…

O bem amado

Às vezes tenho a impressão de que cedo demais — e aqui nada se diz da minha tão famosa teimosia, tô falando de sentimento. E ter a impressão já é uma evolução tremenda porque nem isso eu tinha um tempo atrás. Cedia sem nem saber, sem nem contar. Pronto! Já havia cedido, implodido minhas fronteiras para que o outro, o amigo, o amante, o passante ficasse à vontade. Nessa brincadeira eu via meu jardim despedaçado, minha flores arrancadas, meu chão pisoteado.

Culpa de quem? Minha. Unica e exclusivamente minha que não sabia mostrar os limites do meu espaço, nem os respeitava. Mas não deixava de ser forte. Nunca! Porque, afinal de contas, sempre havia alguém precisando do Guilherme. Ele, o próprio, já tinha a si mesmo por muito tempo, não? Podia esperar… E esperou, sentado, que alguém percebesse o que ele não mostrava: tudo o que é meu é seu também, se você cuidar. A segunda parte nunca ficou muito bem dita, pelo visto.

Nessa brincadeira de amar bem e ser mal amado — será isso mesmo, quem disse que eu amei bem? — fui eu ficando desesperançoso. Pudera, não há força que agüente um desamor-próprio crônico. Precisei muita porrada pra entender que eu não precisava de cascas, mas de limites. Era eu que atropelava meu jardim para dar passagem ao outro. Só para que o outro não se sentisse mal amado, como eu mal me amava.

Ah, que ironia! Eu conseguir distribuir o que a mim mesmo não dava! Que suicídio! Você dá algo seu, precioso, a alguém que joga seu próprio tesouro fora? Pois é. Demorou, mas a ficha caiu. Continuo amando intensa e verdadeiramente meus amigos, meus amores, alguns passantes. Mas o meu próprio-amor — aquele que me sustenta —, esse é só meu e de mais ninguém. Nem vem!

Digo isso porque ultimamente eu venho me sentindo testado. Por ninguém em especial, não, mas pela vida. Como se ela verificasse a reincidência do eu réu. Estiquei minha mão, na ponta dos pés quase dei o passo em falso. Parei. Dessa vez não. Quer uma flor? Eu te dou um botão de bom grado, mas a minha roseira, não! O melhor que eu faço é cuidar bem dela e distribuir apenas seus botões — e são tantos e tão lindos! Se quiser ver de onde vêm, eu mostro, me dê sua mão. O que eu sei, ensino como se faz. O que não sei, talvez você me ensine. Mas, por favor, olhe por onde anda.

Ó, alívio!

Férias! Quase um mês sem translados campineiros — ô, coisa boa!
Agora é que eu consigo ver as pessoas — que eu tô bem sumidinho — e colocar as pendências em dia. Ou não, como diria (o chato do) Caetano.

Infantil

Mico-leão-dourado, ilustração de Laurabeatriz

Se pedir pra ir,
Eu fico.

Gosto mesmo
É de paparico.

Sou todo de ouro,
Mas não sou rico.

Pode me chamar
De Chico.

Mas meu nome mesmo
É mico.

(Lalau)

Adoro! Sou absolutamente encantado pela linguagem infantil. Essa é uma dica para quem tem filhos pequenos. Ou pra quem tem sobrinhos — eu quase tenho dois, daqui a pouco, uns 15 dias, vira plural. Ou pra quem, simplesmente, não esqueceu o que é ser criança e o quanto isso é maravilhoso. Eu digo que repouso na infância. Quando ser adulto cansa, fecho os olhos e lembro dos dois discos que gravei no coral infantil quando era moleque — lembro de cada música de cor, inclusive o rap final com os nomes de cada um. Corro, brinco, esfolo o joelho no meu alegre desatino, mas (e portanto) não perco o prumo. E reanimo. Levanto pronto pra outra.

Porque ser criança é ver mais cores, sentir mais cheiros, fazer e ouvir mais sons, brincar de amores. Ser criança é aprender sem que o limite nos obrigue, sem que a culpa nos castre, sem que a dor nos doa mais do que o devido. Crescemos aprendendo a nos colocar no mundo, mas muitas vezes esquecemos de nos colocar em sintonia com nós mesmos. E perdemos aquela segurança calma, aquela certeza sem porquê. Pois veja, só há uma coisa mais contagiante do que um sorriso de criança: o seu — experimente!

Brasileirinhos — poesia para os bichos mais especiais da nossa fauna e Novos Brasileirinhos são o trabalho esmerado de um pai poeta (Lalau) e uma mãe artista plástica (Laurabeatriz). Linguagem simples, porém sensível. Tão sensível quanto as vivas cores que ilustram algumas espécies ameaçadas de nossa fauna. Conheço a pessoa por trás das letras. Conheço as outras letras por trás do post. E só não as invejo porque, quando as leio, há uma criança que sorri.

Uma pena eu não poder colocá-las todas — letras e cores — aqui.

Engrenando

“Há dois corpos, como há dois eus: um eu transcendente percebido no mundo na forma de eu empírico. Há um eu sujeito e um eu objeto. Isso quer dizer que há um eu que não está no mundo, e porque existe um eu que não está no mundo ele pode ver o mundo.”

(Michel Henri, in O Corpo como Objeto de Arte)

Rapaz a coisa tá ficando séria! O instante em que recebo o presente aí em cima — sim, meu anjo, é a minha cara, obrigado! — é o exato momento em que ergo a mão e aponto justamente o contato empírico com o mundo que outro alguém perdeu. Antes, converso seriamente e desenterro, realinho as desventuras do meu amor-próprio — tento servir de espelho para a contraparte, como já precisei e muitas vezes ainda preciso — enquanto a outra discorre sobre o Maltratado Coração. E esses são apenas dois dos casos. Muito tem se cruzado através de mim, ultimamente.

Parece absurdo e um tanto petulante — tipo assim, foda-se —, mas hoje eu me sinto como uma grande engrenagem. O fato de eu girar faz com que quem em mim encoste também gire. Tempos atrás, eu me lembro, comentava algo semelhante em tom desgostoso. Comparava-me a um catalisador, que provoca a reação, mas que no fim não participa. A imagem mudou. A essência parece a mesma, mas não é! É algo primordial que mudou — e só deus sabe onde; será o sol amarelo e brilhante dentro de mim?

Talvez seja mais simples — e como tudo o que é simples, torna-se fundamental somente na medida em que é sentido —, talvez a diferença esteja em sentir-se posicionado. O importante é que hoje eu sinto que giro, não estou parado — sem que isso me torne melhor ou pior que ninguém. E me parece que esse mero fato também muda o mundo ao meu redor. E, embora eu gire o mundo em meu entorno, é nele, no contato preciso e fiel com a realidade que me cerca que encontro o torque que impulsiona minha roda viva. Joga-me pra dentro, gira e me expande — porque eu sempre me expando, mais cedo ou mais tarde.

A delícia é que tudo parece — e talvez seja — uma imensa ciranda.

I’m too damn bold! :P

Só há um caminho para apreender a real dimensão do Paraíso. Munido de muita e incontestável fé, pedale, siga perseverantemente sem olhar para trás e você ascenderá. Somente lá, no topo, compreederás — fruto da iluminação ou de uma baita hiperoxigenação cerebral — por que aquele maldito bairro de onde vens se chama Aclimação! :P