Tem gente fazendo aniversário hoje.
Ali do lado, um tiquinho longe, mas aqui bem perto.
Feliz Aniversário, Chuchu. :-*
Navegar. É preciso viver, não é? Preciso.
Tem gente fazendo aniversário hoje.
Ali do lado, um tiquinho longe, mas aqui bem perto.
Feliz Aniversário, Chuchu. :-*
Culpa dela que me lembrou do poema. Ela vive me lembrando das coisas. Ainda bem.
No caminho onde pisou um deus
há tanto tempo que o tempo não lembra
resta o sonho dos pés
sem peso
sem desenho.
Quem passe ali, na fração de segundo,
em deus se erige, insciente, deus faminto,
saudoso de existência.
Vai seguindo em demanda de seu rastro,
é um tremor radioso, uma opulência
de impossíveis, casulos do possível.
Mas a estrada se parte, se milparte,
a seta não aponta
destino algum, e o traço ausente
ao homem torna homem, novamente.
(Carlos Drummond de Andrade)
Eu sei, tá difícil falar comigo de uns tempos pra cá. Ou eu não consigo ir nos lugares, ou o e-mail dá pau, ou quem dá pau sou eu… Tá difícil até de eu falar comigo. Justo eu que sou de verbalizar, dessa vez não consigo definir o que me deu. Quem sabe a lua, não sei. Não sei se não encontro o que quero porque não sei dizer o que quero ou se não sei o que quero porque não encontro.
Como é que a gente sente? Como é que se faz? Sim, porque a única coisa que eu tenho certeza de que estou fazendo é esperar. Sabe o que é, como é que eu vou definir o que eu ainda não vi? Eu só consigo parametrizar com base no que eu já tive e já senti — e eu sou uma pessoa que precisa, sempre precisou sentir, e no entanto, às vezes é tão difícil! — e, na boa, deve haver uma maneira menos dolorosa de se passar uma rasteira em si próprio. Até eu que sou mais besta sei disso. Tô fora, começo do zero, sei lá como.
Então é isso: eu não sei. E quando eu não sei me sinto acuado. Faço o pedido genérico que não sei se é escutado. Esquivo-me — justo eu! —, saio de lado. Assim.
Mas como o momento vital não concatena as perguntas com as respostas — nem eu tampouco vejo o sentido do que (ou de quem) busco —, dispo-me do verbo, cubro-me com o Motivo de Clarice e vou pra cama, onde é escuro.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E sei que um dia estarei mudo:
— mais nada.
Se o poetinha me permitisse a crítica eu diria que gosto — e muito! — do seu Soneto da Separação, mas que ao invés disso o teria feito ao contrário, des-separando. Ficaria mais ou menos assim:
De repente do riso fez-se o encanto
Silencioso e leve como a espuma
E das bocas unidas fez-se uma
E de mãos espalmadas fez-se tanto
De repente da calma fez-se o vento
Que nos olhos atiçou a primeira chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se a cama
De repente, não mais que de repente
Fez-se de vivo o que se fez distante
E de amor o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o amante
Fez-se da vida uma aventura urgente
De repente, não mais que de repente
Eu sei, não teria o mesmo peso, nem o mesmo drama, mas eu o queria (ao vivo, de preferência nessa vida) assim, de repente. É muito?
Eu ouço e obedeço! Principalmente no que tange a diversão e o relaxamento — quem é que vai me fazer massagem nos pés? ;)
Cara, como eu odeio quando eu digo que A, rapaz entende que B, supõe que C, não diz e me deixa aqui pensando porque está emitindo sinais de D. Daí eu vou chegar e perguntar por que D, se achou C, que vai achar então que… sei lá o que vai achar, mas B e C é que não vai ser!
Agora vem você e troca A por “eu me preocupo e confio em você”, B por “ele está querendo se meter na minha vida”, C por “ele está dando em cima de mim” e D por “mantenha distância” e pronto, tá feita a merda hipotética.
Parece que quanto mais sincero eu sou, mais difícil fica, pitombas! Mas tudo bem, se sinceridade é o problema eu sou sincero e meio. E viva os pingos nos is.
Por um momento eu achei que fosse alucinação minha — vai saber os efeitos transgênicos que a radiação de um monitor pode causar. Mas não, minha irmã entrou no quarto para me assegurar da minha sanidade:
— É impressão minha ou o micro tá latindo?
— Você também ouviu?!
— Tá latindo, não tá?
— Então, parece que tá, mas eu não tenho idéia do porquê!
— Na minha área não late, não!
— Ah, não?
— Não.
— Eita porra…
A hora em que essa geringonça começar a abanar o mouse e babar pelo canto do monitor eu vou ficar com medo de dormir com ele no quarto.
Dá a patinha, dá? Bom garoto…
Eu digo que vou dobrar o treino no fim da tarde, mas é mentira, viu? Das 17h às 18h eu vou pra piscina ver o por do sol. Entre uma braçada, um fôlego e outro, há um pequeno retrato daquele imenso olho vermelho, um imenso coração pulsando com o meu. Meu espírito voa tranqüilo e solto feito tiê sangue no crepúsculo.
Isso sim é horóscopo pra uma terça de sol, enquanto a gente espera pela sexta. ;)
Eu queria saber de que adianta eu nadar feito um náufrago possesso quase todo dia — alguns dias duas vezes — se depois me dá uma vontade alucinante, descontrolada e psicótica de comer Twix feito pipoca? Melhor seria ficar quieto, economizar energia, sei lá!
Ah é, eu comeria Twix ou BIS feito pipoca do mesmo jeito. Tem jeito não, minha boca é workaholic. :P (quem mandou ser taurino pra viver nesse império dos sentidos?)
Acabou a greve? Então tá… dá pra começar o semestre agora que eu não tô muito a fim de passar janeiro enfurnado em sala de aula? Obrigado! :) Só que é o seguinte, eu não vou parar de nadar não, tá? Nem de ver os amigos, ok? Ah, sim, e se possível vou colocar uns beijos na boca aí no pacote, valeu? ;)
Eu queria saber se o CCBB aqui de São Paulo tá tentando bater algum recorde de estupidez por metro quadrado. Como é que alguém coloca uma mostra de curtas de animação, em pleno domingo, em uma sala de projeção com (apenas) 20 lugares? Dá-lhe abrir salas extras, sessões extras e sorrisos (amarelos) extras para acalmar as caras de pouca amizade da fila.
Eu não tenho nada a ver com isso. Declaro que fui tomar o meu capuccino calma e tranqüilamente no café do lugar que, por sinal, serve suas xícaras transbordantes em mesinhas muito mais altas do que permitem as leis da física. Adivinha! Pois é, voltei pra fila onde era mais seguro.
O que a gente não faz pelos novos episódios de Wallace & Gromit…
É de sonho e de pó
O destino de um só
Feito eu perdido em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó
De gibeira o jiló
Dessa vida, cumprida à sol
O meu pai foi peão
Minha mãe solidão
Meus irmãos perderam-se na vida
À custa de aventuras
Descasei e joguei
Investi, desisti
Se há sorte, eu não sei
Nunca vi
Sou caipira pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida
Me dissera porém
Que eu viesse aqui
Pra pedir de romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar
Só queria mostar
Meu olhar, meu olhar, meu olhar
Eu conheço bem esses sintomas. É hora de tomar banho, comer um chocolate e sair pra rua. Antes que chova.
Tem gente que tem um joelho que dói quando faz frio. Outros, um tornozelo que avisa quando vai chover. Há ainda os que sabem, no peito, quando algo de ruim está para acontecer. Você entende essas coisas? Eu não, tampouco desacredito. Mas não tenho nada disso. Tenho é um ombro esquerdo que dói quando lhe dá na telha. “Ah mas você está fazendo muito exercício”, diria você. Estou? Então por que o danado me dói com exercício, sim, e com exercício, não? Ah, mas dizer que dói é exagero, digamos que ele geme. É, suspira com o movimento, no ponto exato de um levantar de braços, à frente, ao ato. Fui ao ortopedista e a radiografia não deu outra: bela foto. Apalpa, aperta, gira e torce. “Tome isso, faça compressa, passe aquilo. Se não melhorar, retorne.” Por que médicos têm que ser tão práticos mesmo quando não têm idéia de nada.
Vou voltar, é claro — nunca fico doente, esse plano de saúde tá tendo muito lucro pro meu gosto —, vou fazer ressonância. Mas será que ressoará apenas um punhado de tecidos saudáveis? Tenho a impressão de que por dentro sou tímido. Meu corpo se envergonha do médico e só quer dizer a mim, mas quem disse que eu entendo? Nenhuma lesão, nunca quebrei, nunca desloquei. Nunca. Minhas dores nunca foram as mais físicas. Ombrinho, o que queres de mim? Será essa cabeça de osso mais dura que a minha? Será essa testa sem pescoço mais próxima do esquerdo cardíaco e, portanto, mais sagaz? Eu não sei. E se não entendo, como vou saber?
Vais ganhar tua compressa, calor, emplastro. Mas se não é bem essa a quentura e nem você ao certo que me pede, o que faço?
Diz pra mim: é só depois dos 30 que a gente pode escrever bem assim? Se for, eu espero. Só piso no palco quando o tempo disser que sim.
Jamais poderia acreditar que viria o dia em que o menu — façam bico, é francês — do restaurante universitário, bandejão para os íntimos, traria salada de rúcula, ravioli e bife a rolê. Assim, tudo junto e muito bom, por incrível que pareça. O bom e velho arroz e feijão ficou até no canto, encabulado.
Assim eu fico mal acostumado!
Esse e-mail tá de sacanagem… mas de novo?! Murphy, vai dar pra quem tem tempo!
Achei! Achei a expressão suprema e completa do meu arquétipo de Touro, ascendente em Sagitário e lua em Câncer — na realidade, quem achou foi o músico, colega e geminiano Fabinho; só daquela adorável cabeça de vento uma associação tão fora de hora poderia surgir.
Eu sou Ferdinand, o Touro! Quem se lembra daquele curta de animação da Disney — que, aliás, foi o premiado no 11º Oscar, em 1938 — onde o touro Ferdinand era uma criatura completamente apaixonada que vivia cantarolando, não dava a menor bola pros toreadores, deixando-os absolutamente malucos de ódio, até algum dos boçais pisar na sua (tão amada, delicada, cheirosa e bela) flor? Aí, o bicho surtava e destruia tudo, mandava deus e o mundo pelos ares.
Pois é. Não é perfeito? Heh!
Pra mim
Basta um dia
Não mais que um dia
Um meio dia
Me dá
Só um dia
E eu faço desatar
A minha fantasia
Só um
Belo dia
Pois se jura, se esconjura
Se ama e se tortura
Se tritura, se atura e se cura
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só
O que eu pedia
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia
Só um
Santo dia
Pois se beija, se maltrata
Se come e se mata
Se arremata, se acata e se trata
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só
O que eu pedia, viu
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia
Eu tô dentro!
Ser mãe é padecer no paraíso, ou morrer de vergonha no farol fechado. “Mãe, você peidou?” — já dizia a menininha debruçada na janela do carro importado, em alto e bom tom, pra quem quisesse ouvir (e rir).
Criança é o máximo!
Já que eu dei uma dica cultural fora de mão, vamos a uma com horário ingrato, ideal para aquela “ida ao médico” no final do expediente. Trata-se da peça A Mulher do Trem, espetáculo da companhia Os Fofos Encenam, atualmente em cartaz no Teatro Folha — no Shopping Pátio Higienópolis —, às quintas-feiras, às 18h.
É uma comédia francesa do século XIX inspirada nos Dramas de Circo que estreou em 1920 no Circo Colombo, da família do diretor, Fernando Neves. Bem nos moldes circenses, a peça traz figurinos, maquiagens, cenário e iluminação característicos desse tipo de montagem, com a trilha sonora sendo executada ao piano e ao vivo.
Pronto, agora você já tem uma desculpa pra sair mais cedo do trabalho nessa quinta e dar umas boas risadas. Aproveita e manda um abraço meu pro elenco. ;) — não basta ser amigo, tem que fazer propaganda.
Esse fim de semana tive que ouvir de boca amiga que eu sou um expert em abordagens — *gasp*. Passados os cinco segundos onde eu tentava identificar o tom de ironia veio a constatação, o depoimento era sério.
Eu? Um mestre em abordagens? Um especialista no famoso jogo do chegar junto? Há ironia, de fato. Não no dito, mas no ato, pois dos conselhos que por ventura sei dar, esses são os que mais a mim não se aplicam. É, ué? Dizer que eu sei, do verbo faço-que-é-uma-beleza, abordar alguém — estamos falando de flerte, paquera, certo? — é piada. Sei não. As raríssimas vezes — as? — em que fui Don Juan, tudo não passou de uma brincadeira. Em suma, tava paquerando é nada, tava era bancando o pavão, sendo gaiato, pouco preocupado se encantava ou não.
Mas basta que eu queira conquistar, basta que eu deseje e veja aquele algo mais que nos encanta para que me sinta desconjuntado. Viro um todo mal ajambrado arremedo de galanteador. Não sei se danço, se danço não sei se olho, se olho não sei se falo. Meu deus, não sei o que faço! Parece que sempre atiro pro lado errado. Quando quero não há encanto, quando encanto é quando não quero? Diabos, acho que algo em mim veio do avesso. Como é que eu desviro esse embaraço? Preciso de um grilo-falante. Isso! Um agente para causas galantescas e missões especiais!
Ah, mas falar dos outros, pros outros, isso é fácil. Sei lá por quê. É que sempre vem um toque, um lampejo, uma inspiração. No outro a gente sempre vê — vê, não vê? — o melhor ângulo. Mas por que, pitombas, quando é a gente a melhor pose sai sempre como uma foto 3×4?
Ó, se o SESC Itaquera é tão longe quanto o Interlagos eu não sei, mas eu acho sinceramente que você deveria ir ver a apresentação do DESVIO, amanhã, às 12h, no Itaquera.
O Grupo DESVIO é filho prodígio dá já famosa e mundialmente reconhecida Quasar Cia de Dança, de Goiânia, que completa 15 anos. Com uma proposta voltada para a experimentação, “um percurso artístico que utiliza linguagens diversas para investigar espaços e se apropriar deles, abordando temáticas cotidianas de nosso tempo, a partir do corpo”, o grupo mostra a qualidade da companhia-mãe, mas sem o compromisso comercial impingido muitas vezes ao circuito artístico nacional.
Parte da Mostra SESC de Artes — Latinidades, o espetáculo é pautado no processo criativo vivenciado pelos dançarinos no espaço específico onde é apresentado e abre, inclusive, espaço para o debate da platéia com os artistas, como tem sido de praxe em muitas companhias de dança contemporânea. Vale conferir!
Quem vê pensa que eu entendo horrores de dança. Né não, sou amigo de alguns dançarinos mesmo. :P
O que você espera quando um amigo dá uma mancada com você e te deixa visivelmente irritado? Que ele peça desculpas, certo? Pois é. Acho fundamental. As pessoas às vezes dão mancada mesmo, não é isso que importa. O que importa é o respeito à opinião do outro se a situação é importante ou não. Irrita-me mais (agora) a ausência de desculpas do que a mancada em si que, de pontual, nem importante é mais. Mas na hora era, pois o momento encerra toda a importância. Assim como as desculpas, o respeito.
Detesto dormir azedo.
Quem é você
Por que te vejo sem te ver
Quem é você
Sabe você,
Por que te sinto sem te ver
Quem é você
Por que te espero sem saber
Quem é você
Quem sabe lá,
No fim do coração
Você é só prá mim a solidão
Quando eu te ver,
Não sei se vou me conhecer
O que vai ser
Será por mim, por ti,
Porque decerto nem sei mais,
Por onde anda a minha paz
Quem é você
Por que te amo sem querer,
Alguém por mim,
Me faça enfim te conhecer
Prá eu ser feliz
Zizi Possi, nêga, faz assim hoje não que eu já tô cheio de imagens fragmentadas na minha cabeça. Não sei se é Vênus que ingressa em Virgem hoje — ui! meda… — ou se foram os sonhos das últimas duas noites — muito fragmentados, inconstantes, mas vívidos, cheios de rostos e lugares conhecidos mesclados a novos rostos, novas situações e aquele ônibus no Rio de Janeiro, acho, saindo da casa de uma grande amiga em Copacabana, cujo letreiro trazia uma única palavra bem clara e marcada em minha cabeça: DHARMA —, o fato é que tem… algo, alguém ou alguma parte, sei lá, tentando se comunicar comigo. Eu só não sei direito o quê.
Mas como hoje é sexta, e sexta é dia de Vênus, a gente cai pra rua e seja o que a danada quiser.
— Nossa! A perua é mais cara que o ônibus aqui em Campinas?
— É sim. Você não é daqui?
— Não. Eu estudo na Unicamp, mas quase nunca saio dali, só pra ir pra casa.
— Ah… é bom estudar lá?
— É sim. Eu gosto!
— Então é preciso também estudar a bíblia.
— … — só me faltava essa; ô, mira!
— Para saber o que Jesus quer de nós. O meu ponto! Tchau.
— Tchau! — ufa!
Senhor, se queres que eu reze por essa cartilha e siga como ovelha por esse rebanho, então apareça aqui na minha frente e assim o diga. Bem entendido? E mesmo assim é bem capaz de eu retrucar. Sem indiretas, por favor, porque eu não acredito, sinceramente, que é a tua palavra que tá ali escrita. Tampouco acredito que a voz do povo é a voz de Deus. Convenhamos, o povo fala besteira demais. A meu ver, teus desígnios — se é que os há — são bem mais simples.
Eu cuido do meu caminho. Se queres me ajudar na minha empreitada, um pouco de orientação e força é tudo que peço. Se queres louvores, observa-os no meu dia a dia, a cada escolha que faço. Eu sei que estás aí em algum lugar, de alguma forma, uma força criadora que pulsa onde há vida. Mas não vou deixar que as palavras dos homens te dêem forma porque elas são tão falíveis — embora muitas vezes plenas de boas intenções — quanto os meus passos. Dai-me amor e tranqüilidade, e eu sei que farei as escolhas certas.
John 14
Não. Que nada seja comandado, mas que cada voz seja harmonizada. Amém!
(The King’s Singers canta If Ye Love Me, de Thomas Tallis, renascença inglesa)
Você percebe que está estigmatizado quando seus colegas músicos só te chamam de “nadador” ou “atleta” e seus colegas da natação só te chamam de “tenor” — esse é foda… vamos combinar que tenores não gozam da melhor reputação entre os cantores.
Mas tudo bem, eu gosto. Tô cantando, tô nadando, isso é o que importa. E se bobear ainda ganho carteirinha da Educação Física. Te mete! ;P
I have climbed highest mountain
I have run through the fields
Only to be with you
Only to be with you
I have run
I have crawled
I have scaled these city walls
These city walls
Only to be with you
But I still haven’t found what I’m looking for
But I still haven’t found what I’m looking for
I have kissed honey lips
Felt the healing in her fingertips
It burned like fire
This burning desire
I have spoke with the tongue of angels
I have held the hand of a devil
It was warm in the night
I was cold as a stone
But I still haven’t found what I’m looking for
But I still haven’t found what I’m looking for
I believe in the kingdom come
Then all the colors will bleed into one
Bleed into one
Well yes I’m still running
You broke the bonds and you
Loosed the chains
Carried the cross
Of my shame
Of my shame
You know I believed it
But I still haven’t found what I’m looking for…
Então eu continuo procurando — e sigo tranqüilo —, pois o caminho sou eu, afinal. Até que o meu caminho cruze o seu e mesmo assim, cada passo há de ser dado com extremo carinho.
O filme do Paulinho da Viola está para um documentário assim como eu estou pra crítico de cinema, mas tudo bem. A parte boa — uma delas — de ir ao cinema com alguém do ramo é que você ganha embasamento. Ou, pelo menos, não leva a culpa sozinho. ;)
Mesmo assim, é uma delícia pra quem gosta de samba, do Paulinho da Viola ou tem pai cheio de manias como eu. Mania, porque a gente tem hobby, mas os outros têm manias mesmo. :P Mania de querer consertar tudo, mania de arrumar tudo, mania de escrever bobagem ou de cantar pela estação vazia do metrô. Tenho cá minhas manias. Mas gosto de samba, tal e qual Paulinho. É, deve ser bom sujeito. A Portela que o diga.
Já me disseram que é importante usar óculos de natação porque o cloro irrita muito os olhos — e irrita mesmo, como arde aquela porra! Mas, na boa, então vai ter que rolar um Sundown ou congênere — proibido na piscina, aliás… então tá! — porque meu rosto já tá ficando parecido com o negativo de um guaxinim! Por falar nisso, não é a coisa maisi fofa? Ô, bebê… Queria ter um guaxinim. Deve ser a peste em forma peluda. Um furão gigante, provavelmente.
Eu continuo acreditando que essa história de que esporte faz bem pra saúde é verdade, mas por enquanto tá é me doendo tudo quanto é músculo. Ui! :P
Nada melhor para amenizar a saudade, quando a distância é grande, do que conversar com uma pessoa querida. Melhor do que isso só falar com quatro pessoas queridas. Melhor ainda, as quatro juntas, tocando o puteiro na mesma ligação enquanto eu sento na pedra inaugural do ainda inexistente teatro do IA e observo um por do sol de tirar o fôlego. Nenhuma das quatro ter que pagar pelo interurbano, aí já é um paraíso! — obrigado, Allan, obrigado, Lu, beijo imenso, Clau!
Então… eu ia até escrever e explicar por que eu ando rodeando certos assuntos mas pemaneço essencialmente lacônico. Só que depois desse horóscopo eu acho que não preciso dizer mais nada. Não aqui, não agora. Agora é hora de eu saber algumas coisas comigo mesmo e dizer pra quem eu achar que devo, quando achar que devo. É toda uma conversa sem linguagem estruturada, sabe? Aquele pedacinho de nós que não aceita a linha dura e fria do caderno, mas prefere a miríade de tons (im)possíveis da caixa de lápis-aquarela, a companhia texturizada do giz-de-cera. Aqui, certos assuntos vão soar vazios, inevitalmente, pois muita coisa ainda há de rolar ou de ser maturada. Reclusão? Nem tanto, apenas o tempo certo — em quem eu estou aprendendo a confiar — para que tudo (em mim) ocorra.
Aos amigos que eu pouco tenho lido, a quem pouco tenho dito, paciência. A vida continua bela, mas a percepção que se muda sobre ela faz com que eu me aquiete.
Já estamos em meados de agosto e eu ainda não comi um fondue sequer esse inverno. Como é que pode? Deve ter alguma lei que proíba isso!
(o quê meu estômago também pensa, sabia não?)
Ops! Ontem duas pessoas de quem gosto muito fizeram aniversário. E lá fui eu apertar, abraçar e enchê-los de beijo porque, meu filho, leonino gosta de atenção, não gosta? Então, nada melhor do o aniversário deles para satisfazer seus desejos. ;)
Tô aqui falando com culpa no cartório: meu meio-céu é em leão. Embora eu não saiba muito bem o que isso significa — algum astrólogo de plantão no recinto? — sinto as conseqüências. E, curioso, estou cercado de leoninos. Um pai, uma grande amiga, um grande amigo, um quase-amor e por aí vai, sempre pessoas marcantes em um ou outro momento da minha vida. Sou vaidoso, impetuoso — na doçura e na ira, que observo atentamente —, tenho vontades nem sempre muito bem definidas — mas pelo menos quando eu peço vou direto ao ponto —, gosto quando lembram de mim e detesto quando esquecem, porque eu não esqueço. Ciúmes? Óbvio, mas sutil, como um alerta sobre mim mesmo. Ninguém nunca me viu, nem há de ver, verde de ciúmes. Hoje, dou o amor que tenho pra cada um, pois eu quero o carinho que é meu, não o que é do outro. Não é o meu número.
Bom pra você, né Barbara, que pode ganhar uns trocos escrevendo essas alfinetadas para taurinos encucados que nem eu. :P Eu não tô me atrevendo nem a tentar saber o que é certo e o que é duvidoso… Quanto tempo será que eu agüento ficar aqui, rodeando?
O Figaro e o Scripta tão indo passar uns tempos nos servidores do TypePad e dar umas férias pro meu servidor velho de guerra. Não que isso faça alguma diferença pra quem lê, isso aqui é mais pra eu lembrar de onde eu tenho que fazer backup na hora de voltar. O domínio continua o mesmo, o acesso tá consideravelmente mais rápido — e eu espero que vocês, leitores simpáticos e um pouquinho, mas só um pouquinho compulsivos que gostam de clicar ad libitum no botão de envio de comentários, atentem para esse fato ;) — e assim que eu fizer os ajustes necessários no template, ninguém vai nem notar a diferença. Deixa eu aproveitar os quatro meses de serviço gratuito que eu ganhei como beta-tester, né não? ;P
E por falar em brinde, tem alguém aí interessado em pagar um pouquinho e se mudar pro Typepad? Ó, o sistema é do peru! Muito bom mesmo, todo baseado no Movable Type. Pra quem não quer a dor de cabeça de registrar um domínio — olha o meu que bonitinho: cantorum.com :) —, contratar hospedagem, instalar sistema, fazer template e entende picas de html, vale o custo — sem falar que custeia o desenvolvimento do MT. É que eu ganhei 20 senhas para um desconto de 20%, vitalício, para qualquer um dos planos de hospedagem. Então, se você se interessar — dá uma olhada pra ver se quer mesmo, ok? — clica aqui e me escreve.
Se a vida fosse realmente como em The Matrix — mais conhecido como o filme para entreter geeks — eu com certeza já teria aprendido a lançar várias instâncias de mim mesmo para quando o tempo urge. Urge, não, esperneia, sapateia, assobia e chupa cana! Tô pra ver agenda mais virada do avesso que a minha. Quer dizer, qual o proprósito de um curso em greve, um instituto paralisado, um treino ao qual não posso faltar e duas festas em plena segunda-feira? Isso sem falar dos ensaios marcados-mas-só-deus-sabe-onde-como-e-quando. Tudo isso no eixo Campinas-São Paulo — eu inventei de fazer Unicamp, não inventei? pois é. Não podia ser, pelo menos, numa cidade só? Aí, até ficava fácil.
Mas quer saber? Ah, que se foda! Se não inventarem mais nenhum agravante eu vou jogar a moeda só no domingo à noite: cara(-de-pau), eu fico em SP; coroa, vou pra Campinas.
How Horny are YOU?
brought to you by Quizilla
Que horror! — onrron… ui!
Mas que eu adorei clicar em “horizontal polka”, lá isso adorei. Heh!
Se aquela história de “quem não tem cão caça com gato” tivesse sido proferida por uma taurino, provavelmente teria saído mais ou menos assim:
“Em se caçando, se não tiveres cão, ora bolas, arranje logo um tigre!” ;)
Sou aquele tipo de pessoa que só consegue manter uma atividade física se tem alguém estalando o chicote — ficou feia, muuuito feeeeia essa afirmação! Nunca consegui fazer exercícios em casa. Sou preguiçoso, faço um dia e outros quinze não faço. Mas de uns anos pra cá resolvi cuidar (quase) direito de mim. Um pouco de musculação, um pouco de natação e vamos indo. O suficiente para manter a silhueta e me sentir bem. Agora a equipe de natação — vulgo, aquela que compete e treina todo dia — resolveu ocupar a piscina justo no horário que eu tinha pra dar as minha braçadas. Resultado: increvi-me na equipe — porque eu sou metido mesmo — e já tão dando palpite no treino de musculação. Isso não vai prestar…
Era só o que me faltava. Concordo que essa reforma da previdência tá uma palhaçada e ok, tá todo mundo tentando defender o seu. MAS J�? NÃO ME BASTA A ÓPERA IR PRA CUCUIA, TEM O WORKSHOP DE CANTO TAMBÉM QUE MORRER NO PARTO, CARALHO?!
Gosto dos poetas. Eu gosto das mulheres, dos homens, gosto quando cada um deles, a seu tempo — porque o tempo é sempre deles, acho, quando a poesia vem e te escolhe, pois é ela que te encontra e não você a ela —, me revela o que em mim já estava fotografado. Ou melhor, cardiografado. É como se o seu drama fosse conhecido e representado para toda uma audiência que aqui dentro te interpreta. Suas entrelinhas. Só que ao mesmo tempo não é você.
Podei a roseira no momento certo
e viajei muitos dias,
aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente
pela hora das coisas.
Quando abri a janela, vi-a,
como nunca a vira
constelada,
os botões,
Alguns já com rosa-pálido
espiando entre as sépalas,
jóias vivas em pencas.
Minha dor nas costas,
meu desaponto com os limites do tempo,
o grande esforço para que me entendam
pulverizam-se
diante do recorrente milagre.
Maravilhosas faziam-se
as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá
do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão:
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça,
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede ouro de corolas
e acreditai: perfumes.
Só porque é setembro.
Escuto a doce voz de Adélia Prado e não consigo deixar de encontrar aqui e ali ilustrações sonoras, o tom para várias de minhas palavras mais íntimas. É como se em determinados poemas, mais do que isso, em determinados versos declamados ela se virasse e olhasse pra mim. Bem poderia estar ali me confidenciando que me conhece.
“Ninguém me demoverá do que de repente soube à margem dos edifícios da razão…”. O tom delicado me apunhala e meus lábios se movem silencionsamente por essas mesmas palavras. Eu não os controlo, assim como não controlo os percalços do caminho. E é justamente na espera — “bíblica”, diria ela — que me traio. Contraio em minhas mãos o tempo das coisas, dando dimensão e tamanho ao que, de fato, só existe no domínio intangível do tempo. Como é difícil domar o impulso de domar! — será por isso tão paradoxal?
Respeito ao menos os cabelos brancos da poetisa e grilo falante: desisto a tempo. Percebo o erro do reflexo por anos condicionado e desvio o pensamento — é um exercício diário, afinal —, pois se o que eu sinto fosse para ser racionalizado que trabalho teria o coração? — e só daí já dá pra ver a confusão que isso me causa. Enquanto isso, finjo que medito até conseguir me desligar de fato. Estou decidido a continuar tranqüilo — por deus, já chega de sabotagens! — até que a tranqüilidade me seja roubada. Mas aí, eu me entendo com o ladrão.
Cheguei como quem chega da rua em bar de esquina e, quente e esbaforido ao sol do meio-dia, pede um copo d’água enquanto observa a arquitetura de ruas desconhecidas e confere um endereço anotado a lápis num rasgado de papel.
Lindo trabalho. Um blog de um post só, quase nu, é verdade, e um altar literário, de muitas palavras, todas aladas. Sublime desequilíbrio.
Curioso como tropeço com algumas similitudes quando estou assim, sentado nu à beira da janela iluminada, eu e meu pão-com-manteiga, o roupão vestindo minhas palavras íntimas que me escapam pelos olhos. Estes, perdidos em pensamentos tranqüilos e nesgas de sonhos, passeiam por formas de nuvens, lembranças de cheiros e gotas de luz. Assim, sabe? Como quando faz sol de manhã.
Sim, o servidor tava fora do ar. Não, eu não tenho a menor idéia, mas servidores não costumam entrar em shutdown por livre e espontânea vontade. Ou seja, alguém deu um dedoff nisso aqui enquanto eu tava na rua.
Detesto sistemas não confiáveis ou não tolerantes a falhas. :P
Caso Shopping Frei Caneca — O beijo que não pode ser calado
Então… eu não tava sabendo dessa história até hoje. Mas o que mais me espanta não é o preconceito, é a burrice! Tá, é muita hipocrisia aceitar o dinheiro de clientes gays, mas não aceitar que um casal homossexual se beije publicamente. É preconceito, concordo e abomino. Mas é mais ou menos o mesmo que virar para um cliente num bar e dizer: “olha, não é permitido beber aqui.” Se é falência o que eles querem, é bem capaz de conseguirem. Eu vou dar risada.
E domingo tem beijaço em protesto, é? Duvido que a direção do shopping faça alguma coisa. Eles não seriam bestas a esse ponto… ou seriam? Pelo sim, pelo não, acho que vou conferir. Dar o meu apoio simpático que não há partner no momento para o apoio enfático — não há e eu não pretendo que haja, veja bem, que eu quero mais do que somente um beijo-protesto. Quem tem latim que o gaste. Eu faço o coro.
Abro as janelas pra ver o sol entrar. Acendo uma vela. Não, duas. Uma ao lado da cama, outra no parapeito — uma dentro do peito, outra à altura dos olhos — para ver melhor o dia que nasce. Para que o deus que há em mim encontre o seu caminho. Para que o sol aqui dentro renasça. Rezo uma prece. Peço uma benção. Canto uma canção, a mais simples que pude lembrar, para que minha voz percorra a noite em pensamento e louvor. “Dorme a cidade / Resta um coração / Misterioso / Faz uma ilusão / Soletra um verso / Lavra a melodia / Singelamente / Dolorosamente … Doce a música / Silenciosa/ Larga o meu peito / Solta-se no espaço / Faz-se certeza / Minha canção / Réstia de luz onde / Dorme o meu irmão”.
Dispo-me do que já passou. Queimo o que é velho e consumado. Ateio fogo ao meu passado para que dele reste apenas luz. E no meio da fogueira permaneço assim purificado, nu diante do infinito. Recebo humildemente a centelha da vela que sacrifica sua própria chama. Que da minha floresça vida nova, a mesma minha vida renovada. Meus dois pés firmes sobre a estrada. Meu caminho que verdejante se principia às primeiras horas da madrugada. É tempo de despertar.