Longe dos olhos, perto do coração

Ando sumido — é a vida. Mas nunca estive tão perto de mim.

Certas coisas que a vida traz não têm preço. Também não pagam contas, não resolvem problemas ou evitam tristezas, mas te ensinam a ser cada vez mais você. E olha, vale o esforço até a última gota, pode apostar. (Viver é quase uma teimosia, não? — talvez por isso eu ache que ainda vou me dar bem; é, assim faz sentido.)

Mondo Bizarro

Eu tava aqui lendo a Folha, querendo tacar ovo podre no Serra e em seu subprefeito cretino por causa dos moradores de rua da região da Paulista — e me pergunto: por que ao invés de construir maneiras de expulsar esse povo, não se constrói maneiras de abrigá-los? Daí fui ver se tinha alguma notícia interessante no Mix Brasil e quis tacar uma bomba na escola cristã que expulsou uma aluna porque as mães (é, mães, no plural, duas) eram lésbicas — não importa se tinham uma união estável de 22 anos, 3 filhas nesse casamento, uma de 19, outra de 14 (a expulsa) e uma uma de 9, não importa, são lésbicas e isso é imoral, vão pro inferno; eu digo, eles que vão pro diabo que os carregue!

Mas devo confessar que a notícia que me causou mais… agonia foi esta:

Fazendeiro romeno “quebra�? o próprio pênis
Ghoeghe Popa, fazendeiro de 52 anos de Galati na Romênia, fraturou seu pênis depois de ter se excitado ao ver sua mulher. Ghoeghe estava levando sacos de grãos para o estábulo da fazenda quando parou para assistir sua mulher Loredana, de 25 anos, pendurar as roupas lavadas no varal. Ele se excitou e acabou por derrubar o saco sobre o pênis, esmagando e rompendo tendões e ligamentos vitais de seu órgão sexual.

O médico Nicolae Bacalbasa, que atendeu a vítima no pronto-socorro, disse que “foi um acidente bizarro e ele sofreu muita dor. Nós fizemos tudo que pudemos por ele, mas possivelmente ele nunca mais poderá usar seu órgão novamente, pelo menos, não para fins sexuais�?.

Que historinha mal contada! O que será que o cidadão fez pra merecer uma dessas? Ou é de um azar a toda prova? Ui, não gosto nem de pensar!

Bicudinho

Abre os teus armários, eu estou a te esperar
Para ver deitar o sol sobre os teus braços, castos
Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar
E fazer do teu sorriso um abrigo

Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar
Canta para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz, tristeza nunca

Mais vale o meu pranto que este canto em solidão
Nesta espera o mundo gira em linhas tortas
Abre essa janela, a Primavera quer entrar
Pra fazer da nossa voz uma só nota

Canto que é de canto que eu vou chegar
Canto e toco um tanto que é pra te encantar
Canto para mim, qualquer coisa assim sobre você
Que explique a minha paz, tristeza nunca mais
(Casa pré-fabricada, Marcelo Camelo)

Las brujas, las brujas… sai daqui, urubu-de-vassoura!

Eu não sei o que diabos, mas em 24h o telhado da minha casa deve ter virado estacionamento de vassoura. Não tem a menor graça, vou tacar fogo na piaçava.

+

Meu gravador de CD agoniza. Salvei duas vezes já, mas acho que dessa vez vai.

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Ontem foi quase, não pedi as contas no trabalho (o velho, não o novo) por pouco. Mas é um inferno ter que seguir uma direção musical com a qual não se concorda. Händel deve estar revirando na tumba. Até aí, tudo bem, mas ver o coro levando a culpa é o ó do borogodó! Não agüentei, lá fui eu defender meus pupilos — o chefe não gostou muito não; foda-se, eu sou responsável pela saúde vocal deles, não?

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Graham Bell era um gênio incompreendido. Ponto. Humpf!

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Discussão ao telefone ontem (bem) à noite. Eu não, minha irmã e o namorado. Eu tava bem lindinho no meu quarto tentando dormir. Mas quem consegue dormir com a sua caçulinha daquele jeito? Uma agonia da porra! Não adianta, eu sofro junto, pra mim é o fim do mundo, o apocalipse, o desespero, o desentendimento supremo, o rompimento com o divino, o caralho! E olha que o namoro nem é meu. Avalie.

As pessoas morrem um pouco cada vez que se desentendem desse jeito.

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Acendi uma vela antes de deitar. E como o lume fosse claro demais, levantei pra afastá-la um pouco, mas não muito que afinal não acendi sua chama à toa. Daí que derrubei o despertador e as pilhas rolaram. Pega, coloca fecha e reajusta. Durmo. Resultado: fui descobrir já na academia que acordei uma hora imensa antes do que deveria. Ai, que ódio, que idiota, que toupeira, que anta de tênis! Nadei bufando.

+

Mas era uma manhã de um azul tão impossível e tudo estava tão verde que eu sorri. E subi a rua assobiando pra espantar as bruxas enquanto pensava em você.

Domingo

Dia santo, né? Pois foi, entreguei pra deus.
E vi (vi?) o dia passar ali da janela, feliz e quentinho.
Afe, é tanta preguiça que eu nem sei, esqueci até o que ia dizer.

Na verdade sei. É vontade de ninho — cansei de tempestades e barcos à deriva.

Pulso

De repente me deu uma vontade doida de pegar um avião, um ônibus, um lombo de mula e sumir, voar pra uma praia, pra um outro mundo, pra uma outra vida, pra um outro tempo. Assim, sem mais, mas também sem muito menos — coisa do meu ascendente. Sinto que é hora de dormir (pra acordar), que é nos sonhos que os caminhos se abrem (embora seja aqui, na sola dos meus pés, que eu os ando).

O meliante em ação

Essa é da série “Eu não podia deixar passar”.
Alê, e quem é que vai proteger você, mulher-gata-mulambo? ;-)

Antes que eu me esqueça — não me esqueça

Eu sou melhor mostrando que sou feliz do que dizendo — meu sorriso nunca mente.

Melhor ser alegre que ser triste, mas acontece que uma coisa não impede a outra. (Eu sei que pra algumas pessoas isso não faz sentido, mas sentir é assim mesmo.)

“Touch me, trust me, savour each sensation…”

Eu já acreditei em tanta coisa que hoje nem sei mais. Acreditei que era feio, sem graça, que o grande amor não era pra mim, que nunca ninguém poderia saber, que a vida era assim. E acreditei em olhos, acreditei em mãos, em promessas não ditas e milagres — em sonhos conjugados. Acreditei, mais que tudo, que se eu estivesse ali, se eu mostrasse que era possível, se eu amasse — e nunca ninguém amou mais que eu —, então não haveria obstáculo intransponível. E não havia, pra mim. Acreditei na dor e nunca, jamais duvidei da alegria. Mas nunca pude amar por ninguém. E foi assim. Toda vez foi assim. Cada vez mais. E penso que sempre o será, pois disso tudo, hoje, acho que no que eu mais acredito é em mim. Já pensei nos porquês e não gosto de pensar no se, ou acabo acreditando no que não foi e prefiro acreditar no que é. O que será? Não sei. Mas quando for eu vou acreditar.

Eu acredito em cada pedacinho do que sinto. É o que me faz acreditar que existo.

Porque a tristeza é senhora, vocês sabem

Hoje eu ouço as canções
Que você fez pra mim
Não sei por que razão
Tudo mudou assim
Ficaram as canções
E você não ficou
Esqueceu de tanta coisa
Que um dia me falou
Tanta coisa que somente
Entre nós dois ficou
Eu acho que você
Já nem se lembra mais

É tão difícil
Olhar o mundo e ver
O que ainda existe
Pois sem você
Meu mundo é diferente
Minha alegria é triste

Quantas vezes você disse
Que me amava tanto
Tantas vezes eu
Enxuguei o seu pranto
E agora eu choro só, sem ter você aqui
(As canções que você fez pra mim, Roberto Carlos)

Robertão, por Bethânia, pra sublimar esses dias frios — dentro de mim.
E eu sei que eles vão e vêm, como as ondas. Só posso esperar que o sol já vem.

É o que é (o que será?)

Alta noite já se ia
ninguém na estrada andava
No caminho que ninguém caminha
alta noite já se ia
ninguém com os pés na água
Nenhuma pessoa sozinha ia
Nenhuma pessoa vinha
Nem a manhãzinha
Nem a madrugada
Alta noite já se ia
ninguém na estrada andava
No caminho que ninguém caminha
alta noite já se ia
ninguém com os pés na água
Nenhuma pessoa sozinha ia
Nenhuma pessoa vinha
Nem a estrela guia
Nem a estrela-d’alva
(Alta noite, Arnaldo Antunes)

Era noite apenas. E o tempo não parecia disposto a nenhum grande destino.

E nonsense às vezes faz todo o sentido do mundo, sem sentido algum.
Deve ser porque cada um pensa o que lhe apraz — como (quase) sempre, aliás.

O preguiçoso versus o surdo

— Pai, vai sair? Aproveita então e passa na Drogaria São Paulo pra mim, por favor? Se o remédio X estiver por uns 23 reais e pouco e o Y por uns 13 compra pra mim que eu te pago. Liguei lá na Ultrafarma e na Farmácia em Casa — que só entregariam no dia seguinte — e tava nessa faixa, mas a São Paulo tá com uns avisos de desconto.
— Essas contas tão ficando altas este mês!
— Ué? Mas eu te pago, já disse, oras! Que coisa…

Passa o tempo e ele volta.

— Mas pai, tá mais caro!
— Ué? Mas você falou pra comprar lá!
— Eu disse SE estivesse uns 23 reais um e uns 13 o outro, pai! SE estivesse!
— Ah! Mas também você fica falando de longe e quer que eu entenda!
— Como assim? Bebeu? Eu tava do teu lado! Você tava olhando pra mim, inferno!

Eu acho engraçado que quando é o meu dinheiro não precisa nem prestar atenção. E não são uns 8 ou 10 reais que vão me matar, é verdade, mas eu juro que se pudesse fazia ele levar os remédios de volta. Ai, que ódio que eu tenho disso!

CID J01.9

Este é o Código Internacional de Doenças para “sinusite aguda não especificada”. Em tese, significa que a rinite que eu tive no fim de semana, além de ficar me empatando, causou o congestionamento das minhas vias aéreas superiores (fossas nasais, seios paranasais, essas coisas), entupiu meus ouvidos (o que é a parte mais irritante de todas: pense num mundo com volume baixo e na sua voz com volume alto, mais a perigosa vontade de desentupir os ouvidos na marra) e uma sinusite inflamatória não infeccionada. É isso. Anti-alérgico e descongestionante. E não dói.

Na prática (é mais legal), significa que eu vou ficar aqui em casa, lindo, loiro e mesopotâmico, e não vou trabalhar hoje — ô, tragédia! Foi o médico que mandou.

Acho que vou fazer um bolo pra tomar com café. Ou chá? Decisões, decisões….

Embutidos

Lingüiças virtuais procês. Porque assunto não falta, mas eu ando sem cabeça ou vontade pra tocar em alguns temas — sim, eu também tenho privacidade.

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“Eu, eu, eu… o Severino se fodeu!” — tomara, ah, meu deus, tomara!

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“Eu, eu, eu… o Maluf se fodeu!” — rapaz, tomara demais, mil vezes, amém!

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Depois de três semanas — duas e meia, vai, que esta última foi bem miguelada — o povo da academia resoveu marcar minha avaliação física. Pra quê diabos eu não sei, só se for pra ver se eu tô vivo ou fazer teste de resistência de materiais porque já tive dor, já tive preguiça, já querem me incluir em revezamento — 24h nadando em equipe, tô fora! —, já montei meus treinos, etc. Só os meus tendões eu ainda não me convenci de que existem: essa história de abre-as-pernas, estica-e-puxa, deita-sobre-a-perna-direita e segura-a-ponta-do-pé-com-as-DUAS-mãos é algo muito abstrato pra mim. Eu digo, alongamento é uma questão de fé — martírio?

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Eu tenho um blog secreto, sabia? Não, claro que não, ninguém sabe e ele tem senha. Porque tem vezes que eu preciso verbalizar mesmo o que é indizível e que é só meu, o que não tem ou não encontra eco e substância, o que machuca, o que me machuca e foge a qualquer princípio de razão — memórias emocionais, embora eu ache que quase todas elas o são. Transcrevo tudo lá, onde posso revisitar, onde não vai machucar ninguém, pra quando não mais me machucarem. Um caderninho, mas esse não tem chance de eu perder. São meus diários de montanha-russa.

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A vida traz muitas cores e eu aprendo a misturá-las sem borrar tudo ao meu redor. Não vou dizer que eu consigo, nem que é fácil, mas eu tento — tenho que tentar.

Defesas

Tem dias que bate um banzo, como se fosse uma saudade de um lar distante, um ninho que às vezes duvido ter sido meu de fato — estou sendo ingrato. Carrego tempos comigo e eles têm o péssimo hábito de se interpor ao meu presente. Este frio chuvoso e cinzento me deprime um pouco, já comentei. E olha que eu gosto de chuva, mas sou mais das tempestades, que inundam, que lavam, que levam, não esta coisa que enregela — me pelo de medo de morrer gelado; não os pés, que pra eles existem meias. Então me cerco de palavras pra tentar me proteger do que os sentidos me trazem — eu sou um ser sensual —, mas desvio de outras, tento não verbalizar o que o pensamento insiste em lembrar. É tudo tão inútil — pergunto?

Fui!

Dá licença que eu tenho um fim de semana pela frente — e eu mereço!

Horóscopo, pra variar

Quanto movimento em casa, logo no comecinho do mês! E você fica mais contente também, vendo que seu esforço deu resultado e conseguiu criar um clima de calor e novidade. Aproveite o embalo astral e converse bastante, colocando tudo às claras, sem meias medidas e sem medos bobos. (Folha)

Toma, besta! (É sim, eu tenho um medinho — deu pra notar, né?)

Dolores

Carolina
Nos seus olhos fundos
Guarda tanta dor
A dor de todo esse mundo
Eu já lhe expliquei que não vai dar
Seu pranto não vai nada mudar
Eu já convidei para dançar
É hora, já sei, de aproveitar
Lá fora, amor
Uma rosa nasceu
Todo mundo sambou
Uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo
Pela janela, ói que lindo
Mas Carolina não viu

Carolina
Nos seus olhos tristes
Guarda tanto amor
O amor que já não existe
Eu bem que avisei, vai acabar
De tudo lhe dei para aceitar
Mil versos cantei pra lhe agradar
Agora não sei como explicar
Lá fora, amor
Uma rosa morreu
Uma festa acabou
Nosso barco partiu
Eu bem que mostrei a ela
O tempo passou na janela
Só Carolina não viu
(Chico Buarque)

Chico Buarque consegue ser de uma crueldade lírica que até assusta.

Pra algumas coisas acho que funciono ao contrário: de fora pra dentro. A maioria das pessoas, acredito, trabalha disposições que operam mudanças. Mas vez em quando eu, cético que sou, preciso de (boas) mudanças que mudem minhas disposições. Ou não, vai saber se não foram as disposições que se mexeram enquanto eu não via, facilitando as mudanças? Estou sendo vago — divago.

Eu explico. Acontece que semana passada todo o meu corpo doía e isso me fez pensar em dores — as minha dores — e seus porquês. Me dei conta de que a gente associa dor (que é quase física) a sentimento, como um indicador, uma bandeirinha amarrada ao pobre coitado. Só que acostumamos a olhar pra dor, a alimentar a dor, a buscar a dor. E daí que o sentimento se vai, escapa e vai cuidar da vida dele, arranja um cantinho gostoso e lá fica, deixando seus dias passarem — se engana quem pensa que ele morre. Mas continuamos seguindo o caminho da dor, e quando a gente percebe, é uma dor só que encontramos, sem razão ou merecimento.

Comecei a varrer, tentar jogar dores fora — elas são bem pegajosas — e a procurar os sentimentos extraviados pela casa. Eles estão por aqui, crescendo, mudando, fazendo arte que nem bichinhos de estimação. Às vezes roem um sofá, às vezes fazem um xixi na cama, os matreiros, mas são meus, e eu os amo.

Em tempo: associar alegria a sentimento é bom demais, não vou nem comentar.

Releia-me

Pessoa, com pontos e vírgulas:
Navegar. É preciso viver, não é? Preciso.

Porque às vezes a vida precisa é disso, uma nova pontuação.

Horóscopo

Seria bem melhor se você pulasse o dia de hoje. Como isso não é possível, fique de olho nas perturbações à sua volta. Faça o que for preciso — dentro da ética, é claro — para que elas não respinguem em você, psiquicamente. Não vá perder seu tempo com temas relativos a profissão e trabalho. (Folha)

Bingo! Eu bem que gostaria de ficar na cama até além das 11h30 — o que já foi uma bênção, vamos combinar —, dando o cano na academia, curtindo o restinho das minhas dores todas e (não) pensando na vida, mas do trabalho não vai ser possível fugir. As dores passam, a vida urge e o tempo passa na janela.

E eu não tô a fim de bancar a Carolina, sem ver, como diria o Chico.

“Tchibum, tchibum… Xalalalalala…”

— Arf! Arf! Arf! — vai.
— Glub! Glub! Glub! — volta.

Assim, a nível de ser humano, eu me permito e acho que a humildade é tudo na vida de uma pessoa. Sendo assim, ao invés de almejar a categoria Flipper tão precocemente, eu vou começar pela de peixe-boi mesmo — rapaz, como eu tô fora de forma! Mas vamos estar carregando a nossa dor amanhã com orgulho!

(Um post em homenagem à falta (ou excesso?) de oxigenação no cérebro.)

Distelefonexia

— Alô?
— Oi, amore! É o Gui. Feliz Aniversário, lindinha!
— Ô, querido, que fofo, obrigada! Pra você também!
— Hein?! HAHAHAHAHA!
— HAHAHAHAHA! Ai, desculpaaaaa!

Que bom que não sou só eu que faço dessas coisas. Como por exemplo, a pessoa dizer “obrigado” no telefone e eu responder “obrigado” também. Ou pior, eu tirar um “bom dia” da cartola no meio da conversa, ou soltar um “boa noite” no meio da manhã — sou craque nisso! Vai ver que educação demais às vezes da tilt!

Pé-de-feijão

O amor-agarradinho de minha mãe está mais pra paixão-desenfreada: mal foi podado (no toco) e já anda a agarrar a árvore, o portão do vizinho, e não duvido que agarre o pé de algum incauto — planta pode ser processada por assédio?

Donde se deduz que a terra dessa família é fértil! Mas eu mesmo tenho uma sazonalidade mais lenta: quando eu solto, demoro; quando agarro, custo a soltar.

Crescer, florescer e frutificar é, de fato, o milagre de um tempo que se alarga.

Adeus, Peter Pan

E por falar em cardiologista, você sabe que não é mesmo mais adolescente quando a academia te pede um eletrocardiograma. “É a lei!”, disse a moça, e eu nem imaginava. Mas se eu não morri com os treinos insanos da equipe da Unicamp (bons tempos, bons tempos, piscina descoberta, bronzeado permanente…), acho que não morro mais. E isso há um ano e meio! Tá me fazendo falta essa endorfina.

Segunda-feira começa a farra! Podem me chamar de Flipper!
Está oficialmente lançado o Projeto (Tchibum!) Verão Gostosão 2006!

Diálogos

Num teste de classificação vocal, no trabalho:

— Você fuma?
— Não, obrigado — tô oferecendo não, doida!

+

No jardim de casa, nossa contribuição à preservação da Mata Atlântica:

— Vem ver! — diz a mãe, pimpona. — Três botôes, dois botões, uma haste floral…
— Mãe… mas quantas orquídeas você tem?
— Xi, sei não!

+

Homens, morram de inveja: só esta semana seis lolitas me adicionaram no Orkut — eu juro que não entendo, elas também não. Já sei, acho que vou abrir uma agência porque, veja bem… não se pode desperdiçar um talento! :P Isso me lembra a piada da amante, da esposa e da namorada (de boca cheia): *O que eu faço com isso?*

Falando sério agora, esse povo gosta mesmo de colecionar figurinha, né não?

+

Enquanto isso, no cardiologista:
(Mais de uma hora e meia de espera é pra ver se alguém morre e poupa tempo?)

— Teu coração tá ótimo, não vou ter lucro com você — humor de médico…
— Tem certeza, doutor? Olha de novo.

+

— (Silêncio.)

O que os olhos não vêem o coração não sente?

Eu espero que você entenda o que eu não consigo explicar. E nem sei se devo ou se quero, se é válido, se te interessa, etc. Um dia a gente conversa sobre todas as coisas, amanhã, ano que vem, talvez sim. O que eu não quero é oscilar entre o passado e o futuro, e tento me agarrar ao (meu) presente com unhas e dentes.

Se fecho os meus olhos é por querer ver demais.

Um horóscopo velho, um biscoito da sorte absurdo e uma verdade

Hoje o elemento fogo estará presente em cada momento. Muitos se inspiram e entendem que devem estar juntos para organizar algo que crie alegria, esperança. A esperança nascerá num quadro de coletividade reunida. Vá ao parque, organize um almoço, promova um encontro de amigos. (Folha, um dia desses)

Corta pra cena no parque: “Leeeeet the sunshiiiiine… Leeeeet the sunshiiiiine…”.

+

Sorte de hoje:
Você é o centro das atenções de todos os grupos. (Orkut)

Centro das atenções de cu é rola! Sai fora!
Não há um centro, há, no mínimo, vários — várias formas, vários jeitos, vários amores perfeitos, várias línguas, uma miríade de verdades não-excludentes.

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…I can’t take my mind off of you
I can’t take my mind off of you
I can’t take my mind off of you…

Troubleshooting

Eu sou a favor do desarmamento. Por quê? Fácil, porque eu acho que uma arma em casa mais ameaça do que protege uma vida. Quantas pessoas (que tem arma e permissão) têm o devido treinamento e sangue frio pra não fazer besteira? Pois é.

+

Suco de laranja é uma das minha bebidas favoritas.
Mas eu não dispenso um prosecco — vinhos (secos) em geral.

+

Eu vou comprar uma câmera digital, vou sim. Me aguardem! Mas qual?

+

E vou voltar a nadar/malhar. É, mês que vem. Ninguém me segura!

+

Não, política não! Eu não tô com o menor saco pra ver esse povo besta torcendo contra. Não importa quem tá lá em cima, brasileiro quer é ter argumento pra dizer que é tudo igual, que não tem jeito, não tem solução, que é assim mesmo que funciona. Ninguém tá preocupado em mudar o próprio jardim — enquanto fulano não fizer, eu é que não faço! Então tá, se mata e não me enche o saco.

+

É época de arar o chão e cuidar dos frutos da estação.
A vida não é mais que isso, uma eterna lavoura.

+

Às vezes a gente espera por respostas. Às vezes por diálogo. Às vezes a gente só espera. Mas às vezes a gente tenta. E às vezes a gente levanta e vai embora.

Eu só sei falar de amor — eu só sei fazer amor.

E digo que o importante é ter confiança, em si e no outro — e preservá-la.

Sonho meu

Inconsciente, não fode! Sem sonho com beijo, faça-me o favor, tenha piedade, pois quem tem que acordar sem beijo depois sou eu e não você, capisce? Quer agradar? Então me dá a mega-sena, vai? Porque com ela eu sei muito bem o que fazer.

Unabomber

Entre o aniversário e o dia paterno, o velho tanto fez que ontem à noite quase explodiu o telhado da casa — é sério, não perguntem! Mas não, graças a deus conseguiu apenas um pequeno incêndio, algumas bolhas nas mãos — que, eu espero, estejam doendo bastante —, a cabeça chamuscada, algumas lágrimas nervosas da minha irmã e o fogo das minhas ventas. Minha mãe? Minha mãe é o Itamaraty. Os governos do mundo deveriam aprender a manter a calma como a minha mãe (e ela a perdê-la, antes que eu perca a minha e apele pra marreta).

Quem sabe ele desiste de inventar coisas que podem mandar a casa pelos ares. Domingo vai ganhar presente, sim: um tubo de pomada ou um protetor de orelhas.

+

Antes que perguntem, é claro, porra, que eu fiquei muito preocupado! É meu pai!

Estrela-de-Belém

De repente, é um cansaço que me vem… É como mudar um planeta de órbita e, pensando bem, é isso mesmo: a vida tentando me mostrar outros caminhos através de novos paradigmas — no caso, vocais, mas não somente. Há muito que encaro alguns dos meus limites sem encontrar uma via por onde superá-los, e de repente, uma saída e o suporte para bancá-la aparecem. De repente? Acho que não.

Mas nada vem de maneira fácil. Penso que há espinhos demais beirando a estrada — não sei se quero mais ser um modelo de resistência e força (construídos), tudo em mim precisa de mais leveza e há coisas, sinceramente, que mereço há tempos, mas não quero mais comentá-las. Depois de três dias de masterclasses e encontros há em mim um misto de entusiasmo e uma vontade de arregaçar as mangas, que me é familiar em momentos de grande oportunidade, e um grande esgotamento (emocional) de quem lutou contra correntes, nadou e não gostou muito da praia.

Há um caminho e me parece claro que devo segui-lo. Só não é clara a certeza (e não é forte a vontade) de segui-lo sozinho — eu me rebelo, reluto, teimo. Mas há um objetivo bem visível que não posso ignorar e desígnios outros que eu sei que devo esquecer se quiser caminhar. É como andar na lama funda. Mas eu vou.

Permanência

Dias feitos de horas. Noites cheias de sal. Saudade. Não há o que esquente o frio deixado pela porta aberta, enluarada e sem tranca. É que eu só consigo ir embora assim, aos pouquinhos, como estrelas na aurora — é uma das minhas fraquezas —, e essa eternidade é o que me mata; ela e o meu anacrônico desejo de vida. Ainda.

Virando a maré

E não é que em plena segunda-feira de agosto bons ventos trazem alento?
Trabalho, minha gente. Emprego, é este o nome do milagre. E em boníssima hora!

Rent

…I think they meant it
When they said you can’t buy love
Now I know you can rent it
A new lease you were, my love, on life…

Desse jeito eu vou acabar desidratado!

+

Certas associações são tão imediatas no plano emotivo que não respeitam o tempo e o espaço, muito menos a realidade — se é que ali ela sequer se aplica, sei não.

Eu sei que sou estupidamente romântico — but sweet kisses I’ve got to spare.
Ninguém é perfeito, n’est pas?

Que nem manteiga na brasa (ou brasa na manteiga?)

A pessoa assiste O Castelo Animado e seus olhos se enchem d’água no final.
Antes isso do que minhas antigas couraças tão demodês.

+

Às vezes dói em mim.
Às vezes dói e não em mim.
Dói às vezes além de mim?
Dói comigo? Será?

E fico eu com minhas reminiscências de uma quarta-feira angustiante.

+

É bom ver a vida andando.
Problemas sendo resolvidos
Projetos caminhando.
É bom ter a vida andando.

É bom.

+

Eu peço licença porque é de bom tom fazê-lo, mas não paro não.

Só posso dar ou emprestar o que é meu. O que é de outrem tenho que pedir.
O que não é nem meu, nem de outrem, que venha. Ou não.

+

Quem foi o filho da puta que incluiu meu e-mail de trabalho em mailing?

+

Continuo não querendo acordar cedo amanhã.

Vim, tanta areia andei

Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí
Levando um violão
Debaixo do braço
Em qualquer esquina eu paro
Em qualquer botequim eu entro
E se houver motivo
É mais um samba que eu faço
Se quiserem saber
Se volto diga que sim

Mas só depois que a saudade
Se afastar de mim…
(Zé Kéti)

Li algo ótimo: Pra quem me conhece pingo é letra!

A festa de Babette

Querido diário,

Sábado me tornei um gigolô e jantei com a cigana Sandra Rosa Madalena. Ela, que também faz um bico como dançarina de cancan, leu minha sorte num osso de pato, numa gema de ovo, no vinho e no gengibre. Descobrimos que seria muito bom pra mim se eu ganhasse mais jantares (pra dois) como aquele. Afe, como foi bom!

Interneticalidades

Já notaram como as pessoas perdem seus pudores na internet? E não é questão de anonimato! Por exemplo, geralmente tem-se vergonha de conversar sobre detalhes a respeito de sexo, cara a cara ou por telefone, com um amigo relativamente recente — eu disse amigo, não pretê —, mas pelo Messenger bastam dois minutos pro papo descambar pra putaria. Também não é sexo virtual, veja bem.

Por que eu não sei, mas é assim. E como eu já não sou lá de muitos pudores mesmo, acho graça. O problema é quando confundem meu despudoramento com outras intenções ou mesmo flerte — que comigo é outra história, muito mais sutil. O buraco não é mais embaixo, não, nem vem! Falar é uma coisa, fazer é outra.

+

Quem já se inscreveu naquele tal de sms.ac e pode atestar e dar fé de que aquilo realmente funciona? Pode-se mandar torpedos de graça pros quatro cantos mesmo? Eu recebo semanalmente uma dezena de convites de pessoas conhecidas — que obviamente vão direto pro lixo —, muitos dos quais repetidos ad nauseam, o que só me inspira desconfiança. Tudo o que eu não preciso é de um pouco mais de spam.

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Eu vou começar a apagar da minha lista todo mundo que mandar mensagem dizendo que os serviços do Orkut serão cobrados a partir de outubro, tô avisando!

+

E os convites pro Orkut? Assim, eu gosto de gente que tem alguma percepção do que não é dito, mas que é meio óbvio, sacumé? Daí, menininha, cara de lolita, seus 18 anos, e que o que gosta mais de fazer é sair pra balada com seus “miguxinhus” — seja lá o que for isso —, me escreve (escreve?) algo como: “oi mininu t axei na comunidade eu bjo bem te add falow tem msn?” — assim, de uma tacada só.

Juro que eu fiquei com vontade de escrever algo do tipo: “Lindinha, olha só, não é neste mato que tu vai encontrar coelho, não!” — será que ela ia entender? Fora os casos que não inspiram nem comentários. Ô, povinho mais sem savoir-faire!

Fotorkut

Diz aí se a gente não é a coisa mais fofa do mundo! Mas eu sou mais fofo do que ele: eu só tenho chifres, ele tem ferrão. Já tô doido de saudade — “é nada!” ;)

Você trouxe bons ventos a uma casa fechada, querido. Obrigado pelo alento!

Sol na casa 9, lua na casa 7

Sol e Lua estarão em harmonia entre os dias 30/07 (hoje) e 01/08, Guilherme. Excelente momento para realizar passeios e/ou viagens com a pessoa amada! Caso esteja sem ninguém no momento, boas novas poderão surgir caso você passeie, viaje, saia da rotina. De uma forma ou de outra, você poderá receber telefonemas, cartas ou e-mails nestes dias que lhe deixarão particularmente feliz, e a temática pode ser afetiva. Não perca a oportunidade de sair da rotina e dar uma dinamizada em sua vida amorosa! (Personare)

— Ha! — faz-me rir…

Se lembra quando toda modinha falava de amor

(…)
Se lembra do futuro
Que a gente combinou
Eu era tão criança e ainda sou
Querendo acreditar
Que o dia vai raiar
Só porque uma cantiga anunciou
Mas não me deixe assim, tão sozinho
A me torturar
Que um dia ele vai embora, maninha
Pra nunca mais voltar
(Maninha, Chico Buarque)

Por que você foi se vestir de preto pra mim?

Diamante verdadeiro

Ontem, uma visita com biscoitos e café (que não tomamos) e que podia ser lúdica, mas me pareceu mais com a junção caudalosa de três grandes rios de tempo — passados, presentes e futuros. Algo se quebrou. Algo ali morreu. Algo renasceu. Algo que era muito e feito pouco. E tem algo que finalmente é só meu de novo.

+

Fomos ao Balé da Cidade pra eu aprender a dançar conforme a música. E na contramão, me encantei com o pas des deux “Frágil” de Itzik Galili. Tanto me encantei quanto me incomodei — e por me instigar gostei tanto — com o rosto sempre virado do bailarino (contra a coreografia exposta da bailarina), sempre se escondendo, nunca enxergando que a vida não acontece no palco, mas na platéia.

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Uma hora a gente aprende. Demora e dói, mas aprende. E eu não esqueço.
Pela primeira vez vou dizer: estou bem, sou eu de novo e me pertenço.

Take on me

We’re talking away
I don’t know what
I’m to say I’ll say it anyway
Today’s another day to find you
Shying away
I’ll be coming for your love, OK?

Take on me, take me on
I’ll be gone
In a day or two

So needless to say
I’m odds and ends
But that’s me stumbling away
Slowly learning that life is OK.
Say after me
It’s no better to be safe than sorry

Take on me, take me on
I’ll be gone
In a day or two

Oh the things that you say
Is it life or
Just to play my worries away
You’re all the things I’ve got to remember
You’re shying away
I’ll be coming for you anyway

Take on me, take me on
I’ll be gone
In a day or two

É, A-HA. Porque eu cresci nos anos 80, meu bem. E o resto não mais se explica.

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Eu convido, eu chamo. Mais que isso não posso fazer, exceto dizer que eu paguei mico de novo e quem não foi perdeu. Admito: eu adorava cantar Dona, do Roupa Nova — na verdade, era do Sá e Guarabyra, mas eu não sabia disso àquela época. Tá bom, tenho que admitir também que tava meio bêbado, mas não ia fazer muita diferença. Afinal de contas, me divirto no palco, e nem sempre é pra me levar a sério. E quem não quer ganhar um jantar pra dois em dois restaurantes diferentes? Quem não chora não mama, dizem, e eu até que tenho chorado bastante.

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O show foi bárbaro, a noite ótima e cheia de memórias, como era de se esperar.