É como o sonho do gosto de um beijo. Aquela música que toca na casa ao lado. Não… na seguinte, ou na outra ainda, virando a esquina: “Canta que é no canto que eu vou chegar…”, mas que não chega mais. Saudade é a imagem que está sempre no canto dos olhos e que a vista aberta não alcança. É também o que em canto derruba a lágrima. E é qualquer coisa assim sobre você. Saudade é o que eu sinto.
(…)
Ê, domingo besta!
Momentos de iluminação zen interior (ou não)
Ando com uma preguiça monstra e tô aqui me segurando pra não ir direto pra cama porque daí, acordar às 6h da manhã num feriado, é tudo, menos “santo”.
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Eu olho a lua cheia e me encho de um calor que é quase alegre, algo assim como uma matéria prima da felicidade.
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Amo pessoas. Ando completamente sem paciência pra elas também e entre me entristecer com elas e ligar o foda-se eu vou me virando.
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Eu adoro quando ando pelas ruas à noite e de súbito me invade o perfume de damas-da-noite — e eu nunca sei de onde. Não sei explicar, mas é como um bom presságio, um canto de boa aventurança. Penso imediatamente em amor, na parte boa da saudade, nas boas lembranças. E um sorriso gruda em mim. :)
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Começo a aceitar a possibilidade de que as pessoas passam realmente ser escrotas. Não, não, nem bem intecionadas, escrotas mesmo. Cuzonas. Covardes. Egoístas. Mesquinhas. Cheias de máscaras e meias palavras — e pior: com palavras bem inteiras quando não se está por perto. Pra quê? Por que as pessoas não vão e falam: “olha, não gosto de você”, ou “tenho medo de você”, ou “tenho tesão por você”, ou “tenho ciúmes de você”, ou “eu te invejo”, ou — esperança vã das espanças vãs — “olha, eu não sei como resolver isso entre a gente, mas me ajuda, vamos tentar encontrar um caminho”, etc., preencha a lacuna. Hein? Por que as pessoas não enfrentam? Não vale a pena? — talvez seja essa a resposta. Mas não, têm que vir com um discursinho maquiado, um quase-carinho que no fundo até é um querer sincero, mas que elas não têm a menor condição (ou disposição) de sustentar. E os papéis de vítima então? Ok, tô querendo demais, parei.
Eu tô de saco cheio desses modi operandi. Só que o que me espanta mais é o fato disso tudo pela primeira vez me causar uma sensação de “ah, tudo bem, eu passo sem”. Convenhamos que não é o meu normal.
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Cerca de duas horas e meia entre DDD pra Porto Alegre e DDI pra Austrália certamente me levariam à bancarrota, não fosse nossa abençoada tecnologia. Mas valeria, só de poder ver que quando há amor, carinho e vontade não há distância ou mau tempo que separe. Agora só falta inventarem um equivalente pras passagens aéreas. Demora muito?
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É inferno astral, tô varrendo a casa, me deixa!
Aliás, lembrando: quase 30 anos, não tá na hora de Saturno ir embora de uma vez?
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Por falar nisso, essa tarde fiquei pensando — silêncio, é importante: não quero mais gastar meu tempo (precioso) junto a amigos queridos — vide o inverso dos questionamentos acima — com gente pra quem eu deveria estar cagando e andando, se eu tivesse vergonha nessa minha cara. Taí uma boa promessa de (meu) ano novo.
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É quase um bem-me-quer, mal-me-quer, não?
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Páscoa quer dizer “passagem”. E em quase todos os credos simboliza a transmutação, o ressurgimento, o caminho para a liberdade, o reaparecimento da vida — é primavera no hemisfério norte —, etc. Seja qual for o seu credo, passe dessa pra uma melhor. No bom sentido: ressurja! — em vários sentidos. :)
É isso!
AUTOR — Ângela vive numa atmosfera de milagre. Não, não há razão de espanto: o milagre existe: o milagre é uma sensação. Sensação de quê? de milagre. Milagre é uma atitude assim como o girassol vira lentamente sua abundante corola para o sol. O milagre é a simplicidade última de existir. O milagre é o riquíssimo girassol se explodir de caule, corola e raiz — e ser apenas uma semente. Semente que contém o futuro.
(…)
ÂNGELA — (…) O futuro é um passado que ainda não se realizou.
(Um sopro de vida, Clarice Lispector)
Em algum momento entre lá e aqui, sinto que perdi essa maravilhosa noção de milagre que, acho, sempre tive meio que intuitivamente — e não é da natureza dos milagres serem eles da intuição? Pois bem, quero-a(os) de volta! Viro-me pro sol.
Let the sunshine in
“Abre essa janela…”, eu dissera. Eu cantei.
E quem diria, vejam só, que eu agora teria medo da Primavera?
Querer. E saber — ou querer acreditar — que melhor seria não querer.
Quero deitar o sol. Quero romper o casto. Eu quero, fazer o quê? Você.
Sinto falta de um lirismo meu que não resistiu muito bem aos últimos tropeços.
Mas ele sobrevive. Ele reside. É esse inverno d’alma que me incomoda os ossos.
Indeed
Ei, você! Acha que a coisa por aqui anda meio soturna demais?
Eu também! :) Viu, concordamos… Então, isso passa. Eu acho.
Note to self
As pessoas são muito mais o que aparentam ser do que você costuma querer crer. E se não forem, o que você tem a ver com isso? That’s it! Larga a mão de ser essa escavadeira emocional e deixa cada tatu na sua toca. Já há muito em ti, não acha?
Stabat mater dolorosa
Ela chega por trás da cadeira e em pé me enlaça o peito por cima dos ombros. Reconheço seu toque com um certo alarme: ela pede ajuda, há um desespero mudo no modo como me abraça no meio da noite. Olho pra cima e há dor em seus traços sempre doces. Minha mãe, que sempre foi um caramujo e sempre guardou seus medos e aflições só pra si, é a mesma que de repente chora. Não há o que eu possa dizer, então procuro as suas mãos que apertam as minhas sem querer soltá-las; as mãos de seu filho serão suas. Há lágrimas que não são minhas em meus ombros, há uma dor muito maior que a minha em seu peito, há o peso da impotência nas suas costas. Meu deus, responde! O que é que eu faço?
Samba de inferno astral
E porque o inferno astral se aproxima
Eu tenho Vênus em quadratura com Saturno? Ai, droga, eu tenho! Claro que eu tinha que descobrir alguns significados profundos disso a se explorar bem às portas do meu inferno astral. Sim, porque não seria no inferno que eu descobriria um aspecto lindo, meigo, fofo e SUAVE do meu mapa. Não, não, não! Tinha que ser uma mina de cristal de rocha! Porém, não esqueçamos do diamante azul, pequeno, perfeito e brilhante, lá no meio, beeeeem lá no meio. Alguém tem uma dinamite aí?
Luz, quero luz!
Você sabe o que é um tumor neuro-endócrino? Você sabe o que são nódulos tumorais focais no parênquima cerebral e lesão extra-axial para-selar direita? E leucoencefalopatia actínica? Não, né? Eu sei, conheço até a cara dos bichinhos. Tumor neuro-endócrino, por exemplo, é um tipo de câncer que pode aparecer em qualquer lugar do corpo, basicamente. Pior, tem o mau hábito de aparecer, lançar metástases e morrer sem deixar rastros, só as crias. Só as crias, mas elas são feias, muito feias, muito más. Elas tão minando as forças da minha tia e ela sabe, ela sente. Tudo isso tá fazendo minha mãe chorar à noite e isso me desespera, quero apertá-la até tirar toda aquela dor de dentro dela; e ainda tem as minhas! Meu deus, qual o sentido disso tudo?! Eu dou meu sangue e meu couro enquanto houver a menor fagulha de esperança, mas acho que nunca a família precisou de tanta luz. Eu rezo por um caminho, pois não está sendo nada, nada fácil.
Fino
Olha, Fulana, vou dizer uma coisa pra você. Eu acho, pelos poucos contatos no seu perfil, que você está há pouco tempo no Orkut, e isso aqui não é a casa da Mãe Joana. Você não me conhece, eu não te conheço, não conheço nenhum dos amigos da tua lista. Mas você resolveu me deixar um scrap (até aí, tudo bem) com trechos de uma música dos Titãs e parece que na sua cabecinha isso deveria fazer sentido pra mim, ou talvez ache que eu devesse responder animadamente, vai saber — e eu que sou o egocêntrico? Desculpa, não fez. E você nem ao menos se apresentou. Eu apaguei o scrap como faço com TODOS depois que leio. É a MINHA opção. Se eu não respondi, é porque não havia o que responder — culpa tua, não minha. Então larga a mão de ser mal educada, ô guria, e não me venha com grosserias! Não é assim que se aproxima de alguém, vê se me respeita.
Uma seda, é o que eu sou.
+
A guria realmente achou que eu tinha que ter entendido a piada dela — ela deixou pedaços da letra da música (“Comida”) porque minha foto no perfil está pela metade. genial! hein? hein? —, me chamou de egocêntrico porque eu apaguei o comentário dela e só deixei o meu, que existe pra avisar que eu apago tudo mesmo, e que, claro, tem a minha foto — por isso eu sou egocêntrico, sacaram? a minha foto, no meu scrap: egocêntrico. um espetáculo de lógica, não? — e ainda retrucou que no Orkut somos livres (sic). Claro, liberdade não implica em educação.
É cada um que me aparece…
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Penisvaldo também quer ser meu amigo. Ignoremos.
Postais de nós dois
Você me deixou uma mania, sabia? Não posso mais entrar num bar ou café e ver aqueles mostruários de cartões postais que eu já saio catando um de cada, não importa do quê. Você disse que colecionava e que poderia trocar os que já tem se pegasse algum repetido, lembra? Desde aquela época comecei a pegá-los também. Alguns eu te dei, mas vários ficaram aqui, guardados, esperando que eu me lembrasse — ou esperando pra me lembrar… Não sei, eu olho pra eles e acho errado, é como comprar um presente e nunca entregar, é como um rio represado. Quando a gente se ver vou dá-los pra você, é o que eles querem, é o que eu quero. Você quer?
Deus protege
Pra descartar qualquer traço de normalidade nesta família, minha mãe andou fazendo das suas. Saindo da casa da irmã, à noite, sozinha, em direção ao carro, percebeu um rapaz se aproximando escondendo a mão mal e parcamente sob a camiseta. Ela, que já teve bolsa e celular roubados num cruzamento junto com o carro (que foi recuperado), não teve dúvidas, e quando o dito foi abrir a boca pra falar, foi mais rápida: “Sai fora, seu filho da puta!”, berrou a gentil e grisalha senhora enquanto investia contra o projeto de meliante com um envelope de exames médicos e uma cruzadinha enrolada na mão. Ele e os outros dois arremedos de comparsas (é, eram três!) giraram nos calcanhares e picaram a mula. Devem estar morrendo de vergonha ou de rir até agora.
Agora me diz, como é mesmo o provérbio?
Deus protege as crianças, os bêbados e…?
Não, ela não bebeu.
Então
Chove lá fora e o resto da música vocês já sabem. Vão, vão!
Desatino
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo…”
(V. de Moraes)
É quando me vem, sorrateiro, um misto de saudade e calor, ausência e desejo, tristeza e vontade. É quando busco um abraço que não existe. É quando rendo minhas defesas tão racionais e dou um grito mudo com teu nome. É quando não quero mais acordar amanhã. É quando não choro, pois é tão grande o desatino que não estou aqui, apenas sinto a dor de não sentir você. É quando luto com a necessidade de partir. É quando suspiro o suspiro mais fundo — muito mais fundo que o fundo dos olhos, que o peito, que o mundo — pra tentar acalmar o que é puro e incandescente sentimento. É quando me deito em vão.
Embalos de sábado à noite
Na verdade, sexta. Mas a madrugada era de sábado.
A amiga, interpelada sabe-se lá por qual n-ésima vez ouviu: “Mas por que você tá com esse menino?” — o menino, no caso, era eu. Partindo do princípio de que confundir é muito mais divertido que explicar — e vamos combinar: ô, sujeitinho toupeira! hello, precisa explicar? — ela não titubeou: “É porque ele é modelo!” — e lá ficou o besta com cara de ponto de interrogação.
Dá-lhe! Ponto pra dupla mais dançante da noite. Os pipocas.
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Homens héteros são sempre assim, digamos, desatentos?
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E eu tinha alguma outra observação muito interessante (ou não) pra fazer aqui, mas o suor e a cerveja fizeram o favor de apagar. Mau sapão!
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Dei-me conta de que meus 3 melhores amigos de papo (que não à toa estão nos dez mais geral também) são geminianos — duas contra um, aliás. Coincidência? Meu Marte em gêmeos diz que não.
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“Sem você as emoções de hoje seriam apenas uma pele morta das emoções do passado.” (Amélie Poulain, eu acho.)
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Sonhei contigo. Muito. E acordei com um pouco de ti.
Ainda tenho sonhos de felicidade comezinha.
Sonhos, sonhos são?
Dias felizes
Segundas e terças-feiras têm sido os dias mais felizes. O grupo de teatro é uma alegria quase delirante — eu não sei se a gente vai conseguir montar algo que preste, mas se risada salva, eu já tô no céu! Dividir, compartilhar, receber e ser recebido de peito aberto. Deus sabe o quanto isso me faz falta e o quanto essa energia boa anda em falta no mercado. É uma felicidade simples, sabe? — eu já disse que o meu amor é simples? É o tipo de felicidade que eu procuro e que dificilmente encontra eco. (Eu vou evitar o “por quê?” pois a minha vocação pra terapeuta da humanidade eu enterrei e cobri com cimento, pra não ter perigo.)
Exercícios de amor. É assim que se aprende a amar, a se entregar. É fazendo.
Metamorfose
É assim. A pessoa vai no japonês e se empanturra.
Atum, salmão, robalo, cação: sai de lá um baiacu.
Opera Proibita
Estesia.
Aria della Speranza
Il Giardino di Rose
(Oratorio La Santissima Vergine del Rosario)
Con più lento mormorio
Scherzi l’aura intorno al cor.
Mormorando su la sponda
Vada a passo l’onda
Or che poso grembo ai fior.
+
ANTONIO CALDARA c.1670-1736
Aria di Santa Eugenia
Il Trionfo dell’Innocenza
E ammorza nelle lagrime
Il tuo impudico ardor.
Tenti invan la mia costanza
Ch’altra speme non t’avanza
Che l’eterno mio rigor.
+
GEORGE FRIDERIC HANDEL 1685-1759
Aria del Piacere
Il Trionfo del Tempo e del Disinganno
Cogli la rosa;
Tu vai cercando
Il tuo dolor.
Canuta brina,
Per mano ascosa,
Giungerà quando
Nol crede il cor.
Abraço o belo. E me alimento de beleza em todos os sentidos. Acredito que bonito não é o que não é feio, mas o que é expressivo, o que toca, o que tange e inspira. Assim, a beleza é quase como o ar que eu respiro, só que mais densa. É matéria.
Recuso o descontato. Desprezo a apatia. Só existo porque há paixão em mim. Eu só canto porque a chama me consome e nela me transformo tanto quanto me extingo. Esta é a verdade mais que absoluta: eu vivo pra sentir e ser sentido, tocar e ser tocado; não se pode me pensar simplesmente, não sirvo pra ponderações. Eu vibro.
In a need for chocolate
Bateu tristeza.
Dá licença.
Meu passado nem me condena, mas não te interessa mesmo assim
Sei lá, cansei. Vamos estar apagando todos os scraps. (O futuro do gerúndio — isso ainda vai fazer parte do Houaiss, que medo! — é bem aplicado, veja, considerando que, de um em um, eu vou passar o resto da minha vida fazendo isso! Por que caralhos não tem uma porra de um botão “APAGAR TUDO” naquela bosta?!)
Homo sapiens?
Tava lá, lendo, e pensando. É, o problema é a humanidade. Tenho a opinião de que era só tirar o ser humano da face do planeta que tudo entraria nos eixos rapidinho. Dá um puta de um desânimo porque a verdade é que sempre nos matamos, assim que começamos a pensar, nos matamos. Se antes com as mãos, depois com paus e pedras, lanças, flechas… armas. E é tão grande o requinte da nossa espécie que hoje a gente se mata até com as palavras, sem a menor cerimônia.
Mas eu tenho esperança. Não sei explicar por que tenho, mas eu tenho. Nem que seja pra endireitar o que entortamos, nem que seja pra tentar, eu tenho esperança. Parece aquela coisa de cinema, né? Mas não é. É uma crença íntima de que, como tudo na natureza, o ser humano também pode encontrar um ponto de equilíbrio. É que eu ainda acredito que a capacidade de amar — não confunda com o amor sentimental ou espiritual, refiro-me ao amor emoção, ao amor preservação, que sustenta a roda vital, que está nas nossas células, pode chamar de instinto de preservação, se quiser, mas eu acho que é ligeiramente diferente — nos torna capazes de existir naturalmente, sem destruir, uns aos outros e o mundo ao redor. Essa porra de intelecto é que fode tudo. Isso e a mania de querer fazer coisas grandes. Parece que ou conseguimos olhar pro próprio umbigo, ou pro que tá muito distante. Com o entorno, lutamos, como se lutar fosse a única forma de sobreviver, intolerante, egoísta e (principalmente) agressivamente. Eu me recuso a crer nisso.
Um sopro de vida (no estômago)
“Saber desistir. Abandonar ou não abandonar — esta é muitas vezes a questão para um jogador. A arte de abandonar não é ensinada a ninguém. E está longe de ser rara a situação angustiosa em que devo decidir se há algum sentido em prosseguir jogando. Serei capaz de abandonar nobremente? ou sou daqueles que prosseguem teimosamente esperando que aconteça alguma coisa? como, digamos, o próprio fim do mundo? ou seja lá o que for, como a minha morte súbita, hipótese que tornaria supérflua a minha desistência?”
Porra, Clarice! Um soco, logo no primeiro capítulo?
E quando o jogo não é jogo? Porque pra mim, jogo é o que tem caráter lúdico, descompromissado por natureza, e eu não gosto de brincar quando a coisa é séria.
High Anxiety
Todo mundo comigo, respirando no saco: inspira, expira, inspira, expira, inspira, expira, inspira, expira, inspira, expira, inspira, expira, inspira, delira… Passou?
Condicionado
O Ministério da Saúde adverte: amor causa dependência química. E amar é tão simples… Eu não sei por que Pavlov não me estudou, ao invés de cachorros.
Recordare
Às vezes penso que cada célula do meu corpo tem um minúsculo cerebrozinho responsável por uma memória que não contém palavras ou linguagem, apenas luz, cor, cheiro, tato e som — Technicolor e Dolby Surround Sound. O problema é que o meu controle sobre isso tudo é nulo. Ontem, quando deitei no sofá-cama pra descansar um pouco, foi meu corpo quem lembrou das últimas vezes em que me deitei ali, contigo. E foi por um triz que não estendi meu braço sobre o teu corpo, abraçando teu peito para que não se quebrasse durante um sonho mais perigoso; virei-me, tentando não oferecer minha nuca à tua respiração ressonada. Dormi assim, com os olhos toldados por lembranças de dias felizes, e sonhei contigo.
Este número de telefone não existe
Zero vontade.
ET, telefone, minha cama…
Das coisas que é melhor não saber
e que não se deve imaginar
pra não doer em vão
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta
E se viu ferido justo na garganta
Quem nem alegre, nem triste, nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta
Velho Chico, vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti
Não me ensinas
E eu sou só eu só eu só eu
Juazeiro, nem te lembras desta tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas na voz que canta tudo ainda arde
Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê?
Tanta gente canta
Tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira monstruosa a sombra do ciúme
(O ciúme, Caetano Veloso)
3.4
“We are family…”
Aquele monte de bejios, meu amor!
Laerte, na Folha Informática
(Meu) Or(KU)t
Oscarito
Eu até tenho vontade de assistir ao Oscar, mas ai… pregui… Sabe o que é, aquela locução toda me irrita. Tenho tanta vontade de ouvi-la quanto tenho vontade de ouvir uma locução do Galvão Bueno com o Pelé — fui claro? Aliás, ando muito pouco televisivo de um modo geral — nada contra (nem a favor), mas a TV fica na sala, eu geralmente tô no quarto, lendo, estudando, ouvindo música, etc.
Mas é um assunto tão original quanto controverso. Ao invés de comentar (o que eu obviamente não vi) acho mais legal passear por aí e ler o que dizem algures e amiúde — uau, as duas palavras juntas, um recorde… ok, parei. Chego à seguinte conclusão: mais legal que o Oscar seria colocar todos os comentaristas informais juntos, comentando. Só o que li sobre Capote já dava uma luta livre!
Quando sair em DVD eu compro — quer dizer, eu baixo — e assisto só o que for interessante. Sou muito mais Meryl Streep que Reese Witherspoon, por exemplo.
Infâmias
“Mas tudo passa, tudo paaaassaraaaaaaaaaaaá…”
+
Me ensinaram a melô do câncer de mama! :D E eu adorei: “…Era um peito só / Cheio de promessa, era só / Era um peito só / Cheio de promessa era só…”. E se você tá pensando em arremessar pedras, pense duas vezes.
+
Uma coisa que aprendi. Se faz sentido pra você, não espere que faça pros outros. Se não faz sentido pra você, também não espere que faça sentido pros outros. Se faz sentido pros outros, nem por isso tem que fazer pra você e não espere que eles entendam isso porque a verdade é que a maioria avassaladora da população tem por prática a política do “eu tenho razão, você não, porque faz sentido pra mim” e pouquíssima habilidade em se imaginar na pele alheia, mesmo com boa intenção. E convenhamos, será que alguém tem a obrigação de se colocar na pele alheia? É como já disse a Deda, quem faz sentido é soldado — meu mote, ultimamente.
Eu conheço uma verdade: a minha, é a única que se encaixa hoje no que eu sou. As outras gravitam em volta, e eu as observo na esperança de equilíbrio. É isso.
Mas hein?
Zé Celso fazendo campanha do Estadão? È strano…
Trilhos sonoros
E aqui…
Tá tanto frio
Me dá vontade de saber
Aonde está você
Me telefona
Me chama
Me chama
Me chama
Nem sempre se vê
Lágrima no escuro
Lágrima no escuro
Lágrima…
Tá tudo cinza sem você
Tá tão vazio
E a noite fica sem porquê
Aonde está você
Me telefona
Me chama
Me chama
Me chama
Nem sempre se vê
Mágica no absurdo
Mágica no absurdo
Mágica…
Nem sempre se vê
Lágrima no escuro
Lágrima no escuro
Lágrima…
(Me Chama, Lobão)
Não sei. Não sei como você achou que seria. Mas eu me conheço bem, sempre soube que na hora seria assim, que você ficaria aqui ainda por um bom tempo.
Esse sou eu e eu sou assim. Se eu te amei por que haveria de ser diferente?
Solitudine
É como um travo na garganta, um nó doído no peito que me dá quando…
Hoje é domingo?
Cara, se botassem o Fantástico pra passar hoje na TV, eu acreditaria de pé junto.
Alalaô, mas não muito
Jurupinga é o mijo do cão! Nunca mais bebo aquele troço. :P
E espero que a cabeça da minha amiga (da onça) também esteja doendo — ai!
+
Trash 80s. Banho de espuma eu não tomei — ah, dá um tempo! —, mas o tênis… urgh! Nunca mais será o mesmo. Acho que vou deixar de molho uma semana.
+
Eu tô ouvindo ABBA, isso não pode ser bom sinal. Mas não há motivo para pânico.
Se eu começar a ouvir Barbra Streisand escondam os objetos cortantes.
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“Eu sou o vento que lança a areia do Saara / Sobre os automóveis de Roma…”
Mas eu gosto mesmo quando ele canta (o ABBA não, o Caetano, aliás, a Bethânia): “Sou o cheiro dos livros desesperados…”. Adoro o verso.
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E por falar em verso, eu me viro do avesso. Nem sempre é bonito de se ver, nem sempre é fácil, mas é verdadeiro. Prefiro o avesso sincero que a capa bonita. Se o teu sorriso me atrai, é o teu verso que me prende. O avesso que você tem medo de mostrar, preciso dizer, eu já vi nos teus olhos transparentes. Tão lindo.
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Pronto, já parei de ouvir ABBA.
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“…and I think it’s gonna rain today.”
Sem caso
Está decidido: vou comprar uma bicicleta. Pedalar é preciso.
Segunda-feira de cinzas
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou
Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe
Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz
(Marcha de quarta-feira de cinzas,
Vinicius de Moraes / Carlos Lyra)
Ah, minha mãe, rogai por nós! Lembrei de Bethânia, claro, a padroeira: “…Eu te amo desde os teus pés até o que te escapa / Eu te amo de alma para alma / E mais que as palavras / Ainda que seja através delas que eu me defenda quando digo que te amo / Mais que o silêncio dos momentos difíceis quando o próprio amor vacila“.
Por que tem de ser assim? — não responda, por favor.
Brokebacked
Já faz tempo que assisti o filme. Era segunda-feira à tarde, um daqueles dias que parecem suspensos no tempo e no espaço, o cinema quase vazio, eu cheio de sentimentos e emoções que não queria ver cristalizar. Pra quê?… Chorei como só a solidão permite e saí do cinema escondido atrás dos meus óculos escuros pensando: por que, infelizmente, o amor apenas não é suficiente?
Acho que o filme divide as pessoas entre aquelas que se identificaram com alguma coisa que seja, da situação, do enredo, dos personagens, e aquelas que não. Imagino que pra quem não se sentiu tocado — ou rasgado, como aqueles que têm o péssimo hábito de sofrer com o vacilo alheio; notem o tom auto-biográfico — o filme tenha uma outra dimensão, menos amarga, menos faltalista, quiçá sem graça. Há até quem veja o valor do filme em retratar o assunto cruamente. Não nego, mas eu chego à conclusão que aquilo não é vida pra mim. Amar, ou melhor, sujeitar o amor àquilo é penitência, é descabido. Tô fora! Meu amor vale muito mais que isso.
E no entanto, porque me foge, transcende e escapa, pelo que há além, eu amo…
Match Point
O Wood Allen gosta de ópera, não?
Aquele tal de Chris tem olhos vermelhos. Lágrimas de crocodilo.
Odiei o personagem logo de cara. Oportunista. Escroto. E covarde!
Horóscopo
Uma notícia boa que tem a ver com estudos ou viagens vem ao encontro de suas expectativas, inspirações ou esforço passado. Também é um ótimo dia para viajar, aproveitando os feriados para estar mais próximo da natureza e de seus queridos. Boas perspectivas no amor e nos afetos em geral. (Folha)
Isso é um horóscopo ou uma questão de verdadeiro ou falso? É pra confirmar?
É pegadinha, né? Sei… Vou pro cinema, tá? Deixa recado com a tal notícia boa.
+
Mas assim, deu pra ti, né? Eu cansei dessa nuvenzinha cinza. Mereço isso não.
Coceira
Ó, já aviso: ninguém me convide à toa pra ir pro Rio neste feriado senão eu vou!
Ai, que me deu aquela coisa de sumir do mapa! Eu queria ir é pra bem longe…
+
Não tá entendendo quase nada do que eu digo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo…”
Tem que saber que eu quero é correr mundo, correr perigo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo
E quero que você venha comigo…”
+
E no entanto, é tudo mentira.
Perigoso é não querer (viver).
Proud & Prejudice
Saí do cinema com vontade de dizer as palavras certas. E ouvi-las também, pra variar um pouco. Isso seria bom. Mas por trás de tanta distância e segurança havia algo de desamparado naqueles olhos que, confesso, me pegaria feito laço pelos pés… Ah, inferno, por que eu sou assim? E depois ainda reclamo!
Mas o piano. Me deu vontade. Se eu voltasse a estudar piano poderia cantar estando em silêncio, poderia fazer de minha a voz cristalina dos dedos sobre o teclado. Minha voz está cansada. Seria entendido? Acho que deliro.
Já o casal do lado conseguiu foi me dar nos nervos. Tomara que todas as pulgas de todos os cinemas os ataquem cheias de fúria toda a vez que eles resolverem comentar a cena de um filme como se estivessem em casa.
“Réponds à ma tendresse…”
E agora, com vocês, mais um momento “é dor de amor, não vou negar”:
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu
É tão difícil ficar sem você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dá prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz
Pensamento viaja
E vai buscar meu bem querer
Não posso ser feliz assim
Tem dó de mim
O que que eu posso fazer?
(Gostoso demais, Dominguinhos)
É uma boa pergunta.
Google Ads
Como eu ainda não consegui me livrar das duras amarras do capitalismo — entendam, eu PAGO pra manter essa porra no ar —, rendi-me aos Google Ads.
Pensando em servir bem para servir sempre, agora vocês podem, com toda a praticidade e comodidade, no aconchego do vosso lar ou não, clicar nos links verdinhos disponíveis logo ali, na coluna da esquerda. Ajudem o titio aqui a não ter uma cirse do tipo “por que mesmo eu gasto dinheiro com isso aqui?”, obrigado.
DISCLAIMER: O Figaro desde já não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios apresentados. Embora o Google jure de pé junto que baseia a sua seleção no texto disponível aqui no site, eu não tenho nada, repito, NADA a ver com o anúncio do cirurgião mediúnico que eu vi aparecer ali agora há pouco. Sem críticas, mas cada um feliz da vida com a sua fé e eu com a minha, que já é bem difícil de delinear.
Vou de táxi
Em casa. De banho tomado e perfumado — por que, meu deus, se eu vou ficar em casa, virei Marylin Monroe agora, um anel de brilhantes e duas gotas de Channel? O carro quebrou. E eu precisando desesperadamente de uma cerveja, de uma mesa na calçada, de uma rua. Deus sabe quão perigoso anda o silêncio deste quarto.
Se tem uma coisa que eu realmente invejo no Rio é o preço dos táxis.
Ainda vou morar no centro.
Soneto de amor fatal
E desta prisão que agora habito
Ocupo o primeiro cárcere
A torre mais alta deste Estado
A chave deste meu presídio
Quis que fosse o perigoso vício
De amar, a graça que liberta o mártir:
Em se amando, também ser amado
Eis que da torre não há chave alguma
E do cativeiro observo o distante porto
Sem trancas, sem martírio ou milagre
Pois este amor que de mim parte
É minha vida, barco que se apruma
Para vivo não ver-se amor morto