Frases nunca dantes proferidas

— Ô, artista*, vamos parar com essa história de emagrecer!
— Hein?! Como é que é, vó?
— É! Olha aí, que tua prima disse que não dá nem pra reconhecer!
— Mas eu não tô de dieta, que exagero, vó! Olha aqui, tem carne à beça ainda.
— Olha como tá ficando fino!
— Mas vó, é comigo que você tá falando, Gui, teu neto, o de pratos fundos de macarrão, lembra? Aquele que você infernizava quando se entupia de pão italiano. Pode deixar que eu não vou morrer de fome, não.

Eu vivi para ouvir tal coisa. LOL! Isso tudo dito enquanto eu comia um pão de mel e-nor-me na casa da boa (e implicante) velhinha. Aliás, prática comum: assaltar a cozinha toda a vez em que estou lá. Vai ententer…

* pra minha vó, “artista” é qualquer um que, segundo ela, esteja inventando moda.

Multisingularidade

Só uma coisa: as sensibilidades (ainda mais quando singulares) se atraem, sabia?
Não depende do interesse, essência ou distância. Basta o meio, e estamos conectados.

Reflexões para um suco de manga rosa com maracujá

Quem anda lendo essas linhas retas de pensamentos tortos pode pensar que sou prepotentemente maduro, mascaro uma insegurança enorme ou que me basto sozinho. Nem uma, nem outra, ou outra. Não sou tão maduro quanto gostaria, não mascaro mais minha insegurança — e ela diminui dia a dia — e não, definitivamente eu não me basto sozinho.

No entanto, é o que eu tenho aprendido a ser. Acredito piamente, com uma força tão interior qua parece perdida dentro de mim, que não nasci — se é que alguém nasceu — para ser só. E mesmo assim é a independência afetiva o que busco. Como então juntar essas duas metades, como tornar una essa polaridade que me compõe? Se anseio pela minha cara metade, se cada fibra do meu corpo é romântica por excelência, como posso nadar contra a correnteza do que sinto e buscar minhas respostas na solidão que não creio?

Justamente porque solidão é uma interpretação erronea dos fatos. Não há solidão em minha busca, assim como hoje acredito que nunca mais estarei sozinho em meu caminho. Mas para que haja espaço para a metade é necessário o exercício da polaridade. Eu deveria chamar de alongamento emocional. Explico: para que o amor não seja o único motivo, mas a expressão de algo maior — não me pergunte, eu não sei — torna-se necessário o não amar mesmo amando, o não estar mesmo estando. Para que a entrega não sobrepuge o outro preciso desta diametral oposta, preciso mais de mim. Em miúdos, preciso me bastar, mesmo não me bastando.

Que fique claro, esse é (possivelmente) o meu caminho. Isso não significa, em absoluto, que não preciso do outro. Só eu sei a falta que me faz a cumplicidade do abraço e o bater ritmado de dois peitos, pernas e braços entrelaçados. A expressão silenciosa e adormecida do sentimento. Mas ao liberá-lo do meu fardo possibilito também que ele precise de mim e que me busque. Com sorte, encontro-o no momento em que me encontrar. E da minha polaridade gero outra maior e com ela a gravitação que é una dentro da sua dualidade. Poderia ser o contrário, eu poderia ser extremamente individualista, incapaz de me doar, inútil dentro da minha auto-suficiência.

O que me faz pensar muito nas pessoas com quem me envolvi amorosamente. Reflexos, semi-inversões do meu processo. Eu, exterior, perdido na minha entrega sem olhar para dentro. Elas, interiores, angustiadas em seus umbigos sem olhar para fora. Identificar os padrões ainda me assusta, mas é assim que giro a minha roca e transformo em fio a minha fibra. O que será daí tecido, só deus… mas o fio, este será forte.

A-la-la-ô

Dizer que pulei carnaval essa noite seria uma licença poética das mais abusivas. Porém, dentre Xuxas, Ragatangas, e (argh!) Bondes do Tigrão — foi a gota d’água, devo confessar — tivemos sambas enredos, quase-frevos, trios elétricos e afins.

O calor? Digno da filial do inferno. As companhias? Uma muito querida — a outra eu mal conheço —, mas ambas muito diferentes. A fauna? Um tanto o quanto rifuguenta, mas animada. A música? Divertida. A noite? Também. Nem mais, nem menos. Pulada, rida e suada. Era pra ser outra coisa?

Teve até um quase-beijo roubado que foi educadamente vetado pelo controle de qualidade — sem grilos, mas eu só beijo quem me dá vontade e não espero que ninguém faça diferente. Mas pra discutir esse assunto eu teria que entrar na definição do termo “beijo”, então deixa pra lá.

O “pular carnaval” também, vou guardar pra quando estiver pelas ruas de Olinda, Salvador ou Recife, coisa que ainda não tive o exaustivo prazer de experimentar.

Funai

Passar a tarde (muito quente e ensolarada) de sábado como chofer da irmã atrasada que perdeu o ônibus rodando pelo ABC paulista atrás do SESC dos quintos dos infernos não é propriamente o que eu chamaria de programão.

Mas enfim… não basta ser irmão, tem que ser roadie, motorista, conselheiro, público, crítico e massagista, tendo o sorriso da moça como recompensa.

Força na cabeça

Cristal
(Roseli Dara)

É de cristal
De ouro e carmim
A cor de todo Axé
Um toque de alecrim
Ela é mulher, a força toda em suas mãos
Oriashé, um canto negro
Uma oração
Ela é de aço
De costela e dendê
Brilha no céu
Em sete cores
Vem dizer
Que ela é mulher
A força toda em suas mãos
Oriashé um canto negro
Uma oração

110 mulheres de branco tocando por 3h pelo Bixiga. Pernas-de-pau, estandartes, comissão de frente, quatro musas no vocal. Cada cabeça um orixá. Te mete!

Diamante verdadeiro

Nesse universo
Todo de brilhos e bolhas
Muitos beijinhos, muitas rolhas
Disparadas dos pescoços da “Chandon”
Não cabe um terço do meu berço de menino
Você se chama granfino
E eu afino tanto quanto desafino do seu tom
Pois francamente meu amor
Meu ambiente é o que se instaura de repente
Onde quer que chegue só por eu chegar
Como pessoa soberana nesse mundo
Eu vou fundo na existência
E para nossa convivência
Você também tem que saber se inventar
Pois todo toque do que você faz e diz
Só faz fazer de Nova York algo assim como Paris
Enquanto eu invento e desinvento moda
Minha roupa, minha roda
Brinco entre o que deve e o que não deve ser
E pulo sobre as bolhas do champagne que você bebe
Eu bailo pelo alto de sua montanha de neve
Sou primeiro
Eu sou mais leve
Sou mais eu
Do mesmo modo como é verdadeiro o diamante que você me deu
(Caetano Veloso)

Eu vou me a-ca-bar atrás do bloco do Oriashé hoje! ;)
Partindo do Viaduto Major Quedinho, Centro, às 22h.
Procure alguém feliz. Sou eu.

Lacrimosa

… e eu te vi cada vez mais mulher. E na mulher cada vez mais a doçura da menina. A cada dia, a cada ano, a cada novo tema de amor — Gabriela — você me ensinou a ser forte, me ajudou a aprender a ser o que sou e sempre fui.

Com você, aprendi a ser homem sem nunca deixar de ser menino. Foi no seu colo que eu tive o melhor amor. E do melhor amor aprendi a amar de verdade e ser sempre verdadeiro. Se eu te amo, se tu me amas é porque é nosso um amor de vida. Unida e dividida fraternalmente.

Hoje você me fez chorar e sabe o quanto isso é difícil, o quanto isso significa. Da alegria de tê-la em minha vida ninguém conhece a real grandeza. E sendo assim, meu amor realmente me supera pois, contrário fosse, não haveria amor do seu tamanho.

Foda-se a originalidade

Porque eu também quero colocar um sol aqui. Afinal de contas, ele tem me acompanhado pelas duas últimas semanas. Tem feito um calor do cão! Reclamo mas agradeço que a piscina tava ótima que só. E o prazer do corpo dolorido — tadinhas das minhas pernas — é bem maior sobre a toalha e sob o sol.

Que sou filho do Sol tenho poucas dúvidas, mas o brilho hoje é mais intenso. E pra falar a verdade não é só sobre a minha cabeça onde ele tem brilhado, embora eu sinta que mesmo ali ele sorria em cumplicidade. É mais meu, é aqui dentro, que fique claro. É a manifestação verdadeira de que eu posso e aprendo a ser feliz. Sem ilusões, sem paliativos, nem nada. O (brilho) que eu tenho para dar está aqui.

E daí que eu falo assim de sopetão. A certeza de ver velhas nuvens chovidas, dissipadas gera calma e orgulho. E força porque a vida segue e novas nuvens sempre surgem e chovem a seu tempo, para que eu possa brilhar mais forte. Não foi fácil, levou tempo, consumiu, desgastou muito, mas eu estou aqui, calmo, tranqüilo, seguro, brilhante, lindo, feliz e em paz dentro de mim mesmo. Eu sou a minha seara.

Esperando Godot

Depois de tanto conversar ontem à noite acabei me aprofundando hoje em alguns pensamentos. Com a isenção de quem observa o próprio filme percebo que a minha predisposição a ser sugado é diretamente proporcional à minha capacidade de me doar. De quem é a culpa? Minha, obviamente. Curiosamente, tal percepção esgota a fonte.

Me pego pensando no que resta a ser dito e descubro que pouco sobrou. De minha parte, talvez alguns pontos, uma ênfase aqui e ali para dar impacto ao discurso, mas a mensagem já foi trasmitida, exaustivamente. Me exauri.

Talvez a expectativa seja de ouvir o que creio — sem nenhum grande direito ou mesmo esperança — ter de ser dito. Nem isso. Acho que o movimento involuntário, condicionado, aliado à circunstância, gerou a convergência. Mas me sinto cético, como quem planta uma semente simplesmente porque ela estava dentro da fruta e aos seus pés, o chão. Planta-se porque sementes foram feitas para brotar, mas é só. Se ela vai brotar ou não, parece não me dizer respeito. Defesa? Nem sei do que estaria me defendendo a esse ponto.

Isso é tão diametralmente oposto ao meu comportamento padrão que me causa estranhamento. Não estou ansioso, não carrego expectativas, pelo menos não as que costumava carregar, e não me armo de nada, patinho feio ou capa. Nem o espelho habitual que costumamos erguer diante do outro parece estar presente. Simplesmente não oscilo e é tão inusitada a sensação que, como que convidado para um evento do qual nada sei, tenho vontade de ir o mais bem vestido possível. Nu. Será que vou destoar?

Perigo, Will Robinson!

Menino… eu mesmo não sorriria assim pra mim na frente do espelho! Você tem certeza que sabe o que está fazendo? Eu acho que não… ou sim, vai saber?

Aliás, o que EU tava fazendo mesmo? Esqueci…

Apraz

Eu não vou sair desse ar condicionado é nunca mais! Lá fora tá um horror!

Projeto Gostosão 2003

(ou, arrependerme-ei dessa história de natação 2ª e 4ª – 21h às 22h e musculação 3ª e 5ª – 8h às 9h)
Já planejei fisicamente as minhas semanas porque eu sou um rapaz organizado (pfff!):

1ª – condicionamento
2ª – arrependimento
3ª – tormento
4ª – abstração
5ª – redenção
6ª – sacrifício
7ª – ressurreição
8ª – sublimação
9ª – natação/musculação
(e sol que eu não sou besta)
(…)
(N-1)ª – natação/musculação
(sem sol que vai tá frio)
Nª – ascenção

O puro gostosão… ou o que sobrar dele. :P

Libera me de penis inferni

Não que eu ache que essa cidade (Campinas) é quente. Veja bem, longe de mim pensar algo assim. Mas olha só, se medirem a minha transpiração, periga eu ser autuado por desperdício d’água!

Quente não é um termo suficientemente forte quando não acompanhado de prá caralho, seu advérbio de intensidade preferido. :P

Despertador

Meu sonho: não ter nunca que acordar* antes das 8h da manhã. De preferência sem despertador.

Fala a verdade, acordar calmamente com o sol começando a iluminar o quarto, procurando languidamente o abraço ali ao lado, se enroscando e ensaiando um murmúrio de “bom dia”.

Não dá pra ser bonito – nem feliz – antes disso, dá? ;)

* por acordar entenda-se meia hora de preguicinha na cama, óbvio.

Quem sabe?

Quem sou eu?
que sou sólido e líquido
rígido e macio
perecível e perene…
mineral?

Quem sou eu?
que nasço e morro
dou fruto e flor
sou grande e pequeno…
vegetal?

Quem sou eu?
que ando e paro
caço e paro
caço e sou caça
durmo e acordo
dou cria…
animal?

Quem sou eu?
que penso, logo existo.
falo e ouço
amo e odeio
rio e choro…
homem?

Quem sou eu?
que sou a rocha e a flor
a lesma e o pavão
a vento e a chuva
o rio e a montanha…
sou a terra e a minhoca
e o húmus que alimenta a terra
e que me alimenta
eu sou o Sol, o Céu…
e o arco-íris.
Sou o dia e a noite
o homem, a mulher
e o filho.
Eu sou o olho e a lágrima.
Sou a parte e o Todo
sou o um e o nenhum
homem e Deus
ego e ser…

Quem sou eu?
que me manifesto e sou imanifesto…

Eu sou…

(Poema de Paulo Montenegro Sloboda
inspirado no Tao Te King de Lao Tsé)

Roubei dela. Estou taótico.

Implosão timpânica

Sabe quando eu vou colocar os meus pés — e os meus ouvidos incautos — de novo no Massivo? Jamais! Aquele povo e surdo! Imagine um som alto. Não, mais alto. Agora eleve a concetração de decibéis por metro cúbico à enésima potência, de modo que você sinta o seu corpo sendo pressionado — não, eu não estou exagerando. Isso! Agora grite junto, ninguém vai ouvir mesmo. :P

Pois é, não dá, eu preciso dos meus ouvidos, sabe? Não dá para entrar em um lugar desses sem um protetor auricular. De músico surdo já basta Beethoven.

Ah, desligue o ar condicionado também. Horror!

OBA! OBA! OBA!

I miei fratelli stanno venendo!
Hoje e aniversário do Lôro e (ainda bem que) eu não os encontrei em casa. Mandei beijos e mais beijos via celular para os dois que eu já não sei mais o que fazer com tanta saudade. Para a alegria e a felicidade geral da nação, fico sabendo que eles estarão aqui no carnaval. É bom demais! Tava borocoxô que não ia poder viajar. Sabe que passou? :)

Horóscopo

Você quer viver uma relação mais intensa com alguém? (pensametno taurino: e quem não quer?) Hoje é o seu dia, mas não exagere nas cobranças e não dê sinal de ciúmes. Infundados ou não, só iriam criar um constrangimento, bloqueando o simples prazer de viver. Se você tiver dúvidas, elas não se resolverão com discussões ou conversas. Observe apenas: quem é fiel, presente, discreto e estável?

Tá (super) anotado!

Oh joy, oh delight. Now that Saturn, the planet of discipline, has returned to direct motion, your cash flow should improve and the economics (and intelligence) of certain arrangements or commitments ought to be easily discernable. Still, housekeeping note: Don’t try to solve everything in one go, i.e., this afternoon – patience is still a virtue.

Mas que uma legião de anjos, arcajos, querubins e serafins passem AGORA e digam AMÉM! R�?PIDO!!!

Valsa para uma Menininha

Eu não sei mais o que fazer para aliviar o aperto no coração de minha irmã. Não há o que fazer! Tudo o que eu queria era pegar ela no colo como se ainda fosse uma menina pequena e afastar tudo o que dói.

Mas eu não posso. Para a sorte dela eu não posso, não há valsa capaz de fazer por ela o que só ela pode fazer. Superar. Tudo o que eu posso é conversar, dizer que pense nela, que transfira o foco do outro para si própria, que procure nela as (sem) razões. Infelizmente, nunca há o que se fale capaz de acelerar um processo que é próprio, pessoal. E eu sofro por tabela.

Cansei

Sim, (agora) eu tô puto, do verbo você-não-tem-nem-idéia e por isso mesmo me entristece muito.

*sigh*

Ah, mas isso eu acho que é pra ser dito conversado ao vivo. Só não sei quando, nem como e, pra ser sincero, não sei se vale à pena. Não sei de nada. Sei que cansei. O problema é que eu não tenho mais espaço para esse tipo de (pre)ocupação, me esticar até sei lá onde, esperar entendimento, retorno.

Ah, não. Chega! Tô mais pro post aí embaixo. Fui!

Óbvio

“E eu quero, quero, quero, quero ser sim
Esse serafim de procissão do interior
Com as asas de isopor
E as sandálias gastas como gestos do pastor
(…)
E eu quero, quero, quero, é claro que sim
Iluminar o escuro com meu bustiê carmim
Mesmo quando choro
E adivinho que é esse o meu fim…”

Requentar é preciso
Porque um sorriso desses ilumina até a alma
(me tira o rebolado, maroto, hipnotiza)
E o melhor que eu faço é cantar

Adélia na trilha

Notaram que a trilha mudou? Ao invés de tons, entonações. Minha voz ao tom de Amor, de Adélia Prado.

Certa feita dediquei meu amor a quem ainda nem conhecia. Mesmo sem ver apostei. Perdi, mas aprendi. E hoje não guardo nada de você, ainda bem. E você não tem mais a minha paixão. Se foi para a concretude do vento, então, que ergui minha voz, nada mais justo do que soltá-la ao vento cibernético, para quem quiser ouvir. Acho que ganhei.

Brahms forever

Permitam-me um momento de repetição? Quinteto para cordas e clarineta, Opus 115 em Mi menor: genial no equilíbrio e perfeição de forma; visceral, mesmo na sua delicadeza de timbre e melodia; romântico por excelência.

Umas de suas últimas obras escritas, fruto de uma vida de maturidade.
Está à disposição. Para quem quiser ouvir, entre em contato.

Horóscopo

Ligado na qualidade das relações pessoais, você tem hoje um dia especial para melhora-las ainda mais. O ciúme e a possessividade deveriam ser encarados de frente e honestamente: Lua, Mercúrio e Netuno inclinam a dourar a verdade, criando margem para desentendimentos e desilusões posteriores. Não prometa o que não poderá cumprir por enquanto.

Ah, pode deixar, Bárbara, que promessas eu não tô fazendo nem pra mim mesmo. Tô bem assim, fazendo a minha lição de casa.

Dedique-se com firmeza e pureza de motivos a limpar sua vida de relacionamentos inúteis, de atitudes vãs e de repetições desgastantes. Que outro assunto poderia ser considerado mais importante? O tempo serve para isso.

Quiroga… assim não dá! Ficar em cima do meu ombro como o Grilo Falante já é demais. Eu já entendi!

Necessidade

Deste lado aqui, o difícil é o “preciso aprender a ser só”, como diz a música. O que não tem absolutamente nada, a meu ver, com solidão. Esta deprime, aquela é uma necessidade que fortalece, sem isolar. Faz sentido?

O pulso das horas

Estou aprendendo a conviver com a minha carência. Sim, pois eu também sinto falta do gesto, pequeno mas espontâneo, capaz de colocar em sintonia almas sutis. Sofro da (boa) memória e, por não esquecer (de nada, nem de ninguém), sou aquele que precisa ser lembrado, pois é na surpresa de um ato inesperado que sei que sou amado. No quando, de repente, o distante se faz presente, sei do amigo que me é caro, sei de tudo, então, o quanto é necessário para que o momento raro seja vestido de eternidade.

É uma dependência, eu sei. Mas é também meu melhor legado, pois só eu sei a quantidade de amor que dou de bom grado. Só quando deito meus cachos nas curvas do meu travesseiro é que vejo o quão sou descuidado comigo mesmo, o quanto me deixo andar desacompanhado. Mas eu aprendo e ensino, se necessário. Amar-me no presente é fácil. Duro mesmo, sutil mesmo e apreciável, é amar-me quando não estou do lado.

Tempo

“Why do I give valuable time
to people who don’t care if I live or die?”

E eu não tinha nem idéia de que tivemos questionamentos semelhantes — sejam lá quais forem os motivos —, no mesmo dia, sem nunca termos nos visto. Que nome se dá a essa inesperada sintonia?

Miserere nobis

Cara, eu vou ganhar na mega-sena este sábado. Pronto, decidi! É o fim da pindaíba.
Update: sangue de jesus tem poder 2 porque a coisa tá (bem) feia mesmo…

Panacéia

Sangue de Jesus tem poder!
Contra cerveja vagabunda, desentupidor de pia. :P

Choppada

E hoje tem Calourada aqui do IA: perigo iminente…

Alguém aí falou em jogate?

A gata

Self-Portrait
1554
Oil on canvas
Kunsthistorisches Museum, ViennaEu adoro gatos. Gosto de bicho, em geral, mas adoro gatos. Só não pego um aqui em Campinas porque fico pouco e acho uma judiação com o coitadinho.

No entanto, os meninos aqui de casa aprontaram legal. Arranjaram uma gatinha linda, peluda, brincalhona, uma coisa fofa que só! Claro, não me perguntaram nada, fizeram tudo na surdina, durante as férias. E agora a dita já tá completamente instalada. Perdi feio.

O nome: Sofonisba — coisa de músico fanático ou outra coisa, pode dizer, eu não ligo. Sofonisba é título de ópera de alguns compositores, acho que é o nome de alguma rainha da Babilônia — vi isso em algum verbete perdido aqui na memória —, mas é também o nome de uma pintora renascentista: Sofonisba Anguissola (c. 1535-1625).

Muito chique essa gata, diz aí. ;)

Ego

Todo mundo tá falando que eu tô magro, que isso e aquilo. Lalarilalaaa… :)))
O ego agradece imensamente e a auto-estima manda lembranças. ;P

TPMail

Aviso aos navegantes, Atlântico Sul, Brasil: os e-mails do cantorum.com estão temperamentais – uma maneira gentil de informar que eu vou arrancar o couro de alguém. Em caso de erro, por favor, insista!

Sem dó

— Você tá indo super bem nos agudos… só que é mais lento.
— É? Não é você que tem que sustentar um dó de peito! :P

Acho que só eu falo assim com a minha professora. O pior é que a gente se entende.

Circa mea pectora

Essa é boa! Quer dizer, então, que se eu gosto de homem eu não posso gostar de peitos? Melhor então seria me prender e perder a chave, pois eu gosto. AFE, COMO É BOM! Acho que é de nascença. Desde tenra infância estes anti-símbolos-fálicos dividem minha atenção entre a direita e a esquerda. Delícia de dilema!

Vim para abri-los, libertá-los, tocá-los, ascendê-los, acendê-los, admirá-los. Lindos, pequenos, médios e grandes, mas genuínos, túrgidos e eriçados. Mamá-los, lambê-los, mordiscá-los. Pago mico, fico a olhar enquanto falam, arfam. Tenho nos peitos (femininos e masculinos) o meu fetiche e danação. Tesão. Meus peitos em tuas mãos, boca, língua, dentes.

Socorro! Vem, me agarra, me pega, me laça que eu preciso demais abraçá-los, encostá-los, dormi-los, sonhá-los…

Horóscopo podado

The Sun enters perceptive Pisces and the sector of your solar chart related to your long-term goals, aspirations and the organizations with which you are affiliated. During the next 30 days endeavor to fine-tune your master plan, even if it means severing ties with certain outfits – or individuals – who have been driving you to distraction.

EITA, PORRA!!! Dessa vez não fui eu quem disse, eu só me antecipei um pouco. :P

Sui generis

Um primeiro dia de aula absolutamente normal: de um lado, uma grande amiga me diz toda contente que seu projeto de mestrado foi indicado para ser transferido direto para o doutorado, na qualificação; de outro, outra grande amiga adentra o recinto, fecha a porta e narra com entusiasmo a sua primeira “ficada” lésbica, toda feliz e me mostrando os (lindos, maravilhosos) peitos — ela tava com calor, sabe? E eu me concentrando… “olha ela nos olhos, olha ela nos olhos!”

Aula mesmo a gente vê que não vai rolar. Hoje, só amanhã. Tava com saudade desse furdunço. :)

Dura realidade

Volta às aulas, humpf! Até aí tudo bem, pode vir quente que eu tô fervendo. Mas eu passava fácil a volta ao aluguel, a volta à segunda-feira às 5h da manhã, a volta à minha martirizante peregrinação de ônibus à Campinas, principalmente neste estado de penúria.

Por falar nisso, ninguém aí quer ter aulas de canto, não?

Ring!

O espaço cartesiano nunca mais foi o mesmo depois que Graham Bell revolucionou a menor — não a melhor, veja bem — distância entre dois pontos. ;)

Claro, tinham que inventar o maldito DDD… mas não tem nada não, a gente mata saudade a prestação.

Jardim das delícias

Mais do que um recurso paisagístico, a poda é, muitas vezes, necessária para que a planta possa crescer mais forte. Não se trata apenas de cortar galhos e ramos, mas de aliviar a planta de membros doentes ou que não dão mais frutos e folhas nem produzem seiva elaborada necessários para o seu desenvolvimento, mas que consomem energia, pois fazem parte das ramificações alimentadas pela planta.

Podada e mais leve, a planta pode gerar novos brotos, ramos mais fortes, folhas mais verdes, flores e frutos cujas sementes têm mais chance de germinar, e crescer, e verdejar, e florescer, e germinar…

Eu estou em poda. Calmamente tenho olhado para os meus ramos — os galhos que eu mesmo fiz crescer, estirei e desmembrei para alcançar outrem — e cuidadosamente separado os que de fato alcançam o sol dos que crescem inutilmente para a sombra. Não é o caso de uma poda sumária ou da egoísta tentativa de me transformar em um bonsai, fechado, confinado em meu vasinho. Trata-se de respeitar a força de minhas raízes e o alimento de meu solo. Trata-se, na realidade, de exercitar um amor maduro como um fruto, para mim e para os outros que terão mais espaço e liberdade para os seus próprios galhos. Podar é, essencialmente, amar: cuidar, escolher, cortar, fortalecer, estreitar.

Dos ramos extirpados, faço mudas e as dou para quem quiser levar. Que elas cresçam fortes e belas, frutos de um esforço meu outrora depositado. Ou não. O meu jardim não tem cercas, telas ou arame farpado. Qualquer semente ou broto pode, de bom grado, germinar e dar ramos e flores — que serão, como sempre foram, bem cuidadas e extremamente amadas. Mas há a poda, pelo mesmo motivo que há o jardim, porque há em mim muito sol, assim como a noite. E há momentos em que o jardim precisa de cuidado extra, de ser visitado, lembrado, admirado, polinizado. E nessas horas, quem aqui plantou a semente, orgulhou-se do broto, colheu do fruto ou se alegrou da flor deve cuidar, pois o fruto acaba e a semente só germina se plantada, murcha a flor.

Um jardim deve ser uma alegre demonstração de vida: dinâmico, repleto de cores, cheiros, sons e, sim, amores. O triunfo, sobre a aridez entrópica, da estreita flor.

Tao Te King

tao.gif

11

Malgrado os trinta raios
que há numa roda é o vão
entre eles que a faz útil
malgrado ser de barro
o vaso é seu vazio
interno que o faz útil
malgrado a casa ter
porta e janela é o espaço
de dentro que a faz útil
faz-se útil o existente
devido ao que inexiste

Lao Tse (570-490 a.C.) nasceu na Província de Henan (China), onde foi bibliotecário e escreveu o “Tao Te King” (ou o Livro da Vida e da Virtude), que reúne os princípios básicos da religião fundada por ele, o taoísmo.

A tal da passeata

Agora… o palanque que se armou no fim da passeata me decepcionou. Discurso político radical e um bom tanto desprovido de base. Não bastasse o momento histórico-econômico-social não se encaixar mais em certos moldes, alguns já deviam ter percebido — basta olhar para EUA e Iraque — que combater fanatismo com fanatismo, ódio com ódio, não é uma atitude inteligente. Apelar pela paz falando de luta, queimando bandeiras e xingando a mãe do guarda não é muito coerente.

Realeza

Antes de mais nada, minha irmã é linda! Mas quando ela bate a mão no tambor… não, ela transcende, ela é a própria luz! Misto de energia e encanto.

Letargia

Sinto muito, mas dessa vez não vai dar. Não é falta de vontade — que a gente vê que eu sou uma pessoa jogatable —, é cansaço… e algo mais, mas que não há de ser explorado assim sem cuidado. Não quando eu tenho uma imensidão de lua assim pra velar meu sono.

Cuidado é palavra.

Paz

“Milhões de pessoas vão às ruas contra a guerra no Iraque.” (Folha)

Aqui em São Paulo várias manifestações também acontecem. De minha parte, vou pra rua com minha regata branca, despido de ódio e vestido de luz. Não à guerra! Porque discordo tanto de seus preceitos quanto de seus fins. Pela vida, que me enche de esperança — que nunca falte! —, aproprio-me do desenho dele e das palavras do poeta. O Figaro hoje canta em apelo maior.