O melhor e mais Feliz Aniversário

LXIV

De tanto amor minha vida se tingiu de violeta
e fui de rumo em rumo como as aves cegas
até chegar a tua janela, amiga minha:
tu sentiste um rumor de coração quebrado

e ali da escuridão me levantei a teu peito,
sem ser e sem saber fui à torre do trigo,
surgi para viver em tuas mãos,
me levantei do mar a tua alegria.

Ninguém pode contar o que te devo, é lúcido
o que te devo, amor, e é como uma raiz
natal da Araucânia, o que te devo, amada.

É sem dúvida estrelado tudo o que te devo,
o que te devo é como o poço de uma zona silvestre
onde guardou o tempo relâmpagos errantes.

Mando nas poucas cem páginas nerudianas um tanto menos do que eu gostaria que elas levassem além de mim, em corpo, alma e sentimento. Só que este, não, este não me serve de arauto. Não presta porque há muito ele por mim deveria ter sido escrito, e não por Neruda. Eu o roubo! Enciumado e descabidamente.

Não caberá nunca em verso ou prosa o quanto a tua amizade me é importante, amore. O quanto o teu crente ceticismo me ilumina. O tanto que eu te desejo de vertigem e substância. Porque a tua maior beleza — que, deus, já se fez tanta! — é essa capacidade de nos causar beleza, esse amor afrodisíaco que nos torna irremediavelmente belos e traz no sol o dia inteiro em cada instante.

O melhor e mais feliz aniversário prá ti, coração. E meu melhor beijo.

Concurso de Narrativas Breves Haroldo Maranhão

Saiu o resultado do concurso. Está aqui. E olha, a qualidade das narrativas premiadas tá de encher os olhos! Vai lá ver. Anda, anda!

E eu acho que a iniciativa das pessoas envolvidas, tanto na organização, quanto na comissão julgadora é, sim, digna de nota. Eu, que sou um projeto de escritor — nem sei se um dia pretendo assumir esse fardo, nem se terei cacife prá isso —, escrevo porque gosto, porque me faz bem, interna e externamente. Mas quando se coloca um pedaço de si em cada frase é bom demais ver-se prestigiado. Vaidade, sim, mas sensação de trabalho bem feito, de esmero recompensado. E o concurso tá aí, prá gente meter a cara, tirar do sangue, fazer bonito. Eu sei que fiz e por mais (auto)crítico que seja me orgulho do meu esforço.

Aos vencedores, meus parabéns e meu obrigado pelo lindo trabalho compartilhado.

Neruda, faça as honras

XLVIII

Dois amantes ditosos fazem um só pão,
uma só gota de lua na erva,
deixam andando duas sombras que se reúnem,
deixam um só sol vazio numa cama.

De todas as verdades escolheram o dia:
não se ataram com fios senão com um aroma,
e não despedaçaram a paz nem as palavras.
A ventura é uma torre transparente.

O ar, o vinho vão com os dois amantes,
a noite lhes oferta suas ditosas pétalas,
têm direito a todos os cravos.

Dois amantes felizes não têm fim nem morte,
nascem e morrem muitas vezes enquanto vivem,
têm da natureza a eternidade.
(in Cem Sonetos de Amor, Pablo Neruda)

Como já cantaram por aí, “traga-me um copo d’água, tenho sede…”
(…e você nem imagina o quanto)

Central de Notícias Piadas de Mau Gosto

:: Beyonce é contra beijos entre mulheres
“Eu tenho padrões morais, há coisas que não faria�? (…). Ao ser questionada sobre quais seriam esses “padrões�? já que em seu show ela faz um strip tease, a cantora de 22 anos disse acreditar que para “Deus isso é ok�?. “Honstamente acredito que Ele quer que as pessoas celebrem seus corpos desde que isso não comprometa a cristandade�?. Sobre o beijo, Beyonce disparou: “Eu não poderia fazer o que Britney e Madonna fizeram na MTV. Eu sabia que ia acontecer mas ainda assim fiquei chocada quando vi�?.

Pois sim… beijar não pode, mas desfilar as ancas e as peitarras como num açougue pode? Ah, vai dar prá quem tem tempo! You bitch!

:: Travesti é “exorcizado” em delegacia no PR
Deu no Paraná Online. Dois dias depois de participar de uma “sessão de exorcismo”, que aconteceu no prédio da Delegacia de Homicídios, Fulano, 23, afirmou que foi libertado da travesti “Tainá”, que o acompanhava.

Travesti que o acompanhava? É culpa da pomba-gira, agora? Sei… Ok, cada um acredita no que lhe faz bem. Sério, se é prá ter paz de espírito, vai em frente. Só não tenta pacificar o meu porque vai dar merda.

:: Prince vira testemunha de Jeová e prega na porta de vizinhos
Depois de praticar excentricidades como trocar seu nome e se recusar a falar durante entrevistas, o astro pop dos anos 80 e 90 Prince abandonou a carreira musical e vem se dedicando a pregar os ensinamentos dos Testemunha de Jeová de porta em porta em sua cidade Minneapolis. (…) Prince ficou conhecido por suas performances voluptuosas e incentivadoras do sexo livre. Sua nova religião prega que a homossexualidade é perversão e que os homens são superiores às mulheres.

MAS, HEIN?! *HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH*
É piada, não é? Alguém, por favor, me diz que isso é piada. Prá riba de moi…

:: Austrália vive onda anti-gay
Depois de ser considerada uma das capitais tolerantes do mundo, por sediar um dos maiores eventos públicos, o Mardi Gras, ser sede dos últimos Gay Games e possuir uma pujante produção cinematográfica gls, Sydney vive uma onda contrária às conquistas e visibilidade gays da última década. O arcebispo anglicano de Sydney, o ultra-conservador Peter Jensen (…) classificou a homossexualidade, em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 13/10, de “pecado público bruto�?. No mesmo dia a Procuradoria Geral publicou estudo realizado com 600 homossexuais revelando que 48% dos gays e lésbicas residentes em Sydney foram vítimas de violência física ou verbal nos últimos 12 meses, e 85% disseram já ter sido agredidos em algum momento nos últimos anos. Cerca de 70% declaram se sentir vulneráveis à violência, sendo que os mais atingidos seriam os jovens de 16 a 19 anos.

Essa é prá chorar. Trocaram o flúor da nossa água por hipocrisia, tendo a crer. Stripper bancando a pudica — em nome de deus! —, travesti sendo exorcizado, ex-ícone pop de comportamento sexual… livre — eu não sei definir — pentelhando pregando de porta em porta e uma das cidades mais purpurinadas do planeta sofrendo uma onda anti-gay. Isso não entra na minha cabeça. Digo, essa mania que o povo tem de querer mandar os outros pro inferno que eles criam. Cada um realmente acredita no que quer, mas não dava prá deixar cada um acreditar no que quer EM PAZ?! Se eu tiver que ir pro inferno pode deixar que eu encontro o meu. Preciso do teu, não.

Horóscopo

If your friends, relations, nearest and dearest, etc., are irascible or are complaining about their lot and the hand they’ve been dealt, smile considerately and lard on an “oh, dearie me” or ten. Never mind that their snarking and kvetching would try the patience of Mother Teresa – a few empathetic tut-tuts and they’ll do whatever you ask.

Rapaz, que horóscopo mais interesseiro! Cruzes! :P

Ê, coração…

XLIV

Saberás que não te amo e que te amo
posto que dos dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo todavia.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desditoso.

Meu amor tem duas vias para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.
(in Cem Sonetos de Amor, Pablo Neruda)

Então…

Outras palavras

Quer me entender melhor? Então dá uma olhada no que ela escerveu aqui. Dá só um desconto na parte do “semioticista” porque, em mim, isso ainda é pretenção pretensão — oops! No mais, tamos aí, firme e forte no intento — repitam comigo: “eu não vou cair em (minhas) velhas armadilhas, eu não vou cair em (minhas) velhas armadilhas, eu não vou cair em (minhas) velhas armadilhas…”

“Se eu quiser falar com Deus…”

Então, velhinho… você tem certeza de que essa história de escrever certo por linhas tortas funciona mesmo? Nunca pensou em usar um daqueles cadernos de caligrafia? Funciona que é uma beleza, viu? Show de bola!

Por falar nisso, se você tiver uns dois relâmpagos aí dando sopa, dá prá rachar o crânio dos dois que me deram o cano no ensaio hoje? É, de novo. Valeu, hein?

Loucura

Loucura? Loucura é o meu segundo nome quando você me agarra as pernas e o sossego com as duas mãos. Loucura é não encostar minha barriga na tua — toda a minha eletricidade — e perder a chance de te ver perdendo o chão. Desabo enquanto meus lábios tomam os teus em desatino. A demência me consome no momento exato em que a tua boca encontra a nudez do meu pescoço — ah, eu tenho um troço! Imprudente é trancar a porta e não jogar a chave fora porque o dia… ah, o dia, este, sim, é louco! A noite, o carro, o céu, a lua, o beijo, a cama, não! Tudo isso é santo.

Vudu é prá jacu!

Febre?! Como assim? — além de todos os desencontros, mais essa agora. Ô, barbudo, qual é a tua? Que vudu é esse? — eu sou mais teimoso que isso, pode esquecer, pó pará com essa história!

E agora, que faço? Fico ouvindo o CD que eu gravei prá você aqui, assim, sozinho?

Tem graça…

pt saudações

Fui ali cuidar de ser feliz — gotcha?
Você tem problemas? Olha só que coisa, eu também!
Mas esse fim de semana eles vão pra debaixo do tapete.
Tô por aí. Não sei onde, como ou quando. Só sei com quem.
Vista seu sorriso e me liga, quem sabe a gente se vê, os três?
Mãos dadas, sorriso besta, languidez, essas coisas… Tchau, hein!

Smorzando

O relógio
(Vinicius de Moraes / Paulo Soledade)

Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia

Tudo é uma questão de andamento. Condução harmônica. Tensão. Modo menor. Dominante invertida, fechada, com nona e sétima no baixo — a sensível não resolvida no pedal. Cadê a tônica maior (que eu)? — leva-me daqui!

Se eu botar meu dedinho ali será que ele anda mais rápido?

Prá ontem

Alta vai a noite. Toca o celular:

— Alô?
— Guilherme? Aqui é fulana, tudo bem? — ih… lá vem!
— Tudo bem. Diga!
— Você tem compromisso prá esse sábado à tarde?
— Tenho, mais ou menos, por quê? — ela não vai fazer isso.
— Então… por causa do workshop de canto — ai, não… —, eu marquei com as meninas prá esse sábado. — não creio, ela FEZ isso!
— Mas Fulana, você ficou de me passar essa data, as duas, por sinal, dois meses atrás! Eu tenho que preparar a aula, separar o repertório, preparar o material didático! Quantas pessoas são?
— Tantas. Mas é terça ainda, não dá tempo? — grrr…
— Mas eu tô em Campinas, criatura! Meu material tá em casa!
— Ah…
— Faz o seguinte, eu vou mudar a estrutura do workshop, então. Começo com a parte prática, preparação corporal, vocal, vivência, coloco essa mulherada prá cantar e, na próxima data — que, rogo aos céus, será comunicada com antecedência — direciono prá um trabalho infanto-juvenil, ok?
— Tá perfeito! Então você vai querer fazer no parque — ai, meu saquinho, de onde esse povo tira essas coisas?
— Não! Cantando a céu aberto elas não vão ter a menor noção do que tão fazendo — assim com você, pelo visto, não tem.
— Ah, ok. Então te espero no sábado, às 14h.
— Tá certo…

Desliga o telefone: INFEEEEEEEEEEEEEEEEEEEERRRNO!

Acho graça! Esse povo pensa que músico é mágico. Tudo é lindo, maravilhoso, extraordinário. Cantar é um dom divino, blablablá… Agora, o trabalho que dá manter a voz em dia, estudar, manter-se atualizado, entender de fisiologia e técnica vocal, preparação, regência, condução de ensaios, ninguém tá nem aí! Tá bom… dá próxima vez eu enfio a faca. Logo duas!

Terças Caipiras

Luar Do Sertão
(Catullo da Paixão Cearense e João Pernambuco)

Oh, que saudade do luar da minha terra, lá na serra,
Branquejando folhas secas pelo chão!
Este luar cá da cidade, tão escuro,
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão.

Não há, ó gente, oh não,
Luar como esse do sertão

Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia,
E a canção é lua cheia a nos nascer do coração

Não há, ó gente, oh não,
Luar como esse do sertão

Quando vermelha, no sertão, desponta a lua,
Dentro d’alma, onde flutua, também rubra, nasce a dor!
E a lua sobe, e o sangue muda em claridade,
E a nossa dor muda em saudade, branca assim, da mesma cor!

Não há, ó gente, oh não,
Luar como esse do sertão

Ai! Quem me dera que eu morresse lá na serra,
Abraçado à minha terra, e dormindo de uma vez!
Ser enterrado numa grota pequenina,
Onde à tarde a sururina chora a sua viuvez!

Não há, ó gente, oh não,
Luar como esse do sertão

Diz uma trova, que o sertão todo conhece,
Que, se à noite o céu floresce, nos encanta e nos seduz,
É porque rouba dos sertões as flores belas
Com que faz essas estrelas lá no seu jardim de luz!!!

Não há, ó gente, oh não,
Luar como esse do sertão

Mas como é lindo ver, depois por entre o mato,
Deslizar, calmo o regato, transparente como um véu
No leito azul das suas águas murmurando,
Ir por sua vez roubando as estrelas lá do céu!

Não há, ó gente, oh não,
Luar como esse do sertão

A gente fria desta terra, sem poesia,
Não se importa com esta lua, nem faz caso do luar!
Enquanto a onça, lá na verde capoeira,
Leva uma hora inteira vendo a lua, a meditar!

Não há, ó gente, oh não,
Luar como esse do sertão

Coisa mais bela neste mundo não existe
Do que ouvir um galo triste, no sertão se faz luar!
Parece até que a alma da lua é que descanta,
Escondida na garganta desse galo, a soluçar!

Não há, ó gente, oh não,
Luar como esse do sertão

Se Deus me ouvisse com amor e caridade,
Me faria esta vontade – o ideal do coração!
Era que a morte, a descantar, me surpreendesse,
E eu morresse numa noite de luar, no meu sertão!

Não há, ó gente, oh não,
Luar como esse do sertão

E quando a lua surge em noites estreladas
Nessas noites enluaradas, em divina aparição,
Deus faz cantar o coração da Natureza
Para ver toda a beleza do luar do Maranhão.

Não há, ó gente, oh não,
Luar como esse do sertão

Deus lá no céu, ouvindo um dia essa harmonia,
A canção do meu sertão, do meu sertão primaveril
Disse aos arcanjos que era o Hino da Poesia,
E também a Ave Maria da grandeza do Brasil.

Não há, ó gente, oh não,
Luar como esse do sertão

Pois só nas noites do sertão de lua plena,
Quando a lua é uma açucena, é uma flor primaveril,
É que o poeta, descantado, a noite inteira,
Vê na Lua Brasileira toda a alma do Brasil.

É irritante o poder de uma segunda-feira de jogar a gente de volta pra realidade.
É igualmente impressionante a capacidade de uma Orquestra Filarmônica de Violas Caipiras — sim, existe isso, tem até ONG — de lançar os nossos pés pra cima novamente.

É essa vontade danada de enroscá-los!

Prelúdio

Mudança de caminhos, mudança de posturas, mudança do tom. Modulação. Faz-me maior. Porque a vida anda, levanta, canta, grita e voa; (im)perfeita e boa. Desabrocha.

Prá semana, mudança de trilha: Bach. Primeiro movimento da Sonata Suíte* No. 1 para Cello. Não sei o número de catálogo (BWV) nem quem tá tocando — tampouco me importo —, mas gostei mais do que a versão que eu tinha do Yo-Yo Ma — ninguém é perfeito, nem ele. Esta é mais viva, mais verdadeira, menos mecânica e mais próxima de um pulso que se prenuncia — tente ouvir e não voar.

Porque a primavera é a estação dos prelúdios.
(* ó eu trocando suíte por sonata, ê laiá…)

Olhos nos olhos

Mais uma noite que acaba com o dia — ou um dia que me acaba com a noite, apressado? Quem disse que eu vi? Minha percepção paira presa a um metro e meio, intangível aos demais. Mais uma vez o sol raiando. Aurora. E eu não posso evitar o olhar perdido, a languidez, ah, aquela sensação de que cada segundo é a antecipação de um momento raro, delicado e simplesmente belo que está prestes a dobrar a esquina pelo canto do meu olho, assim como eu avancei pelo canto do teu — ou foi você? Brilhante. De onde veio assim tão novo, tão nova e inesperadamente? Assim, tão de repente a me roubar o fôlego? Tão leve, tão claro, tão sem porquê me desarmou. Conheço esse filme. Não, o filme é outro. Igualmente outro. Diferentemente igual. O meu filme que pede novas cenas, novo enredo e improvisa um novo começo.

Estrelinha, isso é coisa tua — obrigado. Eu nunca usei tantas palavras pra descrever um suspiro, suspiro ainda e só. Fermata.

Beijos lunares

Menina da Lua
(Renato Mota)

Leve na lembrança
A singela melodia
Que eu fiz prá ti, ó bem amada
Princesa, olhos d’água
Menina da lua
Quero te ver clara
Clareando a noite, deusa deste amor
O céu é teu sorriso
No branco do teu rosto
A irradiar ternura…

Quero que desprendas
De qualquer temor que sintas
Tens o teu escudo,
O teu tear
Tens na mão, querida
A semente de uma flor
Que inspira um beijo ardente,
Um convite para amar…

Para uma menina amiga querida minha.

Doce de leite

Que o interior é famoso pelos seus doces, isso eu já sabia. Mas que eles adoçavam assim a boca dos seus rebentos, valei-me, eu não sabia, não! (ui! como é bom!)

When you wish upon a star

Estrela, Estrela
(Vitor Ramil)

Estrela, estrela, como ser assim
Tão só, tão só, e nunca sofrer

Brilhar, brilhar, quase sem querer
Deixar, deixar ser o que se é

No corpo nu da constelação
Estás, estás sobre uma das mãos

E vais e vens como um lampião
Ao vento frio de um lugar qualquer

É bom saber que és parte de mim
Assim como és parte das manhãs

Melhor, melhor é poder gozar
Da paz, da paz que trazes aqui

Eu canto, eu canto por poder te ver
No céu, no céu como um balão

Eu canto e sei que também me vês
Aqui, aqui com essa canção

Estrelinha, eu tô fazendo a minha parte. O resto é contigo. Ser o mais leve e o mais livre que a minha natureza permite — de trangressão em trangressão não foi nem um pouco fácil chegar até aqui —, mas falta ainda a faísca, o estalo, a vertigem do teu brilho sobre mim. Sobre nós. Cuido do meu sorriso e da minha arte. Eximo-me de procurar o que não se encontra, simplesmente acontece quando do encontro, em duas estrelas, a contraparte — lume! —, o contraponto.

Perco as amigas, mas não perco a piada!

Eu já sacaneei os sopranos aqui? Não?! Como assim? Mas é prá já! :P

Soprano: The female singer with the higher vocal and salary range. In opera, sopranos are usually the heroines, and sometimes also the heroine’s best friend, faithful servant, long-lost sister or whatever. Generally pretty clueless, te soprano’s main job is to stand around looking good while others fight over her. Sometimes gets to die in the end — tragically and at great lenght. (in Tenors, Tantrums and Trills — An Opera Dictionary from Aida to Zzzz, David B. Barber)

O homem elástico

Então, lembra do ombro? O esquerdo? Vai bem, obrigado. Às veiz dói, às veiz não. Mas ele e o coração andam se entendendo e acho que me deixam nadar/andar em paz. Descobri o que eu tenho (no ombro), é genético. Em palavras complexas, hiperfrouxidão cápsulo-ligamentarlassidão para os íntimos, hiperlexity para os gringos. Bonito, não? Em termos práticos, lembra aquela boneca de borracha que você tinha na infância, aquela cujos bracinhos você praticamente virava do avesso e ela ainda sorria? Pois é mais ou menos assim. Segundo o (novo e mais competente) doutor a estrutura do meu colágeno é mais flexível que o grosso gaussiano da população, o que causa uma predisposição, principalmente no ombro, nossa articulação mais livre, a uma movimentação mais ampla do que o fisicamente recomendável — algum tendão, músculo, nervo, cartilagem, sei lá, não anda gostando da brincadeira. Como eu nunca luxei nada disso, ninguém sabe — devem ser esses ossinhos meigos que deus me deus; tanto melhor. A solução, pasmem, é musculação. Mas eu preciso rever todas as séries para não estender o arco de movimento para além de posições seguras — que eu, obviamente, por falta de dor e limite, desconheço — ou a cabeça do meu úmero vai ficar servido de pilão e aí, fodeu.

Pelo visto, deixei passar a chance de uma gloriosa carreira no Circo Imperial da China e ganhei minha carteirinha de homem elástico, é isso? Então tá, sejamos práticos: do Quarteto Fantástico o Coisa não me interessa — de pedras, já me bastam as do caminho. Não vou ser eu a ficar correndo atrás de Mulher Invisível — ou qualquer um que não queira mostrar as caras e se esconde atrás de campos de força intransponíveis —, o que nos leva ao Tocha Humana. Hmmm… vem cá, foguinho, vem? Onrron! :P

(eu preciso parar com essas associações esdrúxulas)

“Amor, meu grande amor…”

E se você chegar com esse olhar maroto, essa cara de safado? Será que eu vou gostar? Eu e minha cara de menino não sabemos muito bem o que queremos, mas teimamos em tentar. Tem que ser carinhoso, é verdade, mas e se for grudento demais? Ah, mas aí eu não quero! Ou quero? Será? Se for assim de tal forma envolvente que me tome o ar violentamente, será que eu vou gostar? — a vertigem, a vertigem; tira-me os pés do chão que eu preciso voar! Tem que saber dizer o que pensa, o que sente, ou pelo menos tentar — tem que querer dizer! — porque essa coisa de “leia nos meus olhos” é linda, poética, romântica, fica ótima aqui nas letrinhas… mas não funciona. Não, não funciona! É como apresentar três exclamações em grande circunstância e esperar que o leitor deduza todo o parágrafo que o antecede — ó, dando um desconto, depois de muito, muito tempo de convívio… um parêntese ou dois. Não, tem que ter atitude, culhões mesmo, porque eu não tô aqui pra brincar. Ah, mas tem que saber brincar também porque não é pra somar agonias, é pra multiplicar desejos, alegrias, vida.

Em suma, que bobagem! Por que você não chega junto — tira essa roupa de expectativas, medos, traumas, mágoas, dúvidas, delírios —, aí a gente vê no que vai dar? Me beija. Mas chegue na hora (certa).

Evil thoughts

Meu ódio pela Microsoft se supera a cada dia. Não sem motivo. Não bastasse a pentelhação de eu ter que usar o porqueira do messenger — eu resisti bravamente, mas os amigos insistem em usar aquela bomba, o que eu posso fazer? —, a irritante política de enfiar coisas não desinstaláveis no sistema — estrategiazinha escrota de ganhar usuários — agora eu sou obrigado a fazer os (n+1)! updates? Como assim? Deixa eu aqui com os bugs que eu já conheço, inferno! Que falha de segurança o quê? Como se o Windows tivesse sido seguro algum dia. :P

Anti-metamorfose

Ok. Quatro pessoas desconhecidas me chamando, na lata, de Ricky Martin — tá bom, tá bom, mini Ricky Martin — não dá pra ignorar.

Agora, ou o mundo padece de uma miopia epidêmica, ou eu (anti-)padeço de uma anti-metamorfose kafkaniana — ou uma metamorfose anti-kafkaniana, whatever. E não é que é bom? ;)

Quem sabe minha conta bancária não desbarateia também…

Elegância

Fim de manhã de sol. Domingo. Pessoas sentadas à frente de um palco feminino, no gramado da Praça da Paz. Tudo para ouvir Dame Kiri Te Kanawa cantar. A orquestra abre alas para a diva passar e ela vem, tão elegantemente ali quanto é fina sua intrepetação doce e delicada do repertório. Para “diva”, aqui, cabe a melhor acepção da palavra. A segurança no palco, o domínio da técnica e mais, a compreensão do estilo em cada peça.

O repertório… bem… havia dois momentos, quando Kiri cantava e quando não cantava. Ali, árias do repertório lírico romântico da ópera, algum musical, uma canção maori, tudo no seu tom; ela sabe o que faz — mas nenhum Mozart, nenhuma Condessa, nenhuma Dona Elvira, estranho… Aqui, uma demonstração de falta de jeito e senso de oportuninadade tremenda: um interlúdio orquestral de gosto duvidoso ao evento, um tema da Pantera Cor-de-Rosa, Passo do Elefantinho (sei lá como se chama) e congêneres — ninguém pensou em Villa-Lobos, Pixinguinha, Ernesto Nazaré, Tom Jobim, (o nosso Mozart) Camargo Guarnieri, não? é triste! —, mais um arranjo hediondo de Io con te partirò com o tenor cantando em terças, acima do tema — urgh! E a única canção brasileira (Eu sonhei que estavas tão linda), soou xucra e afetada na voz do tenor. Pra quê?

Não, não é fácil cantar ao lado de um mito — merecidamente um mito, pois o que faz o cantor não é a voz, mas a inteligência — e eu tiro meu chapéu pela coragem. Mas a direção musical, arre, errou feio.

Parênteses

E por falar na Rita, a Maria, se ela cantar Menina da Lua, assim na minha frente… ah, eu caso! — no ouvido, não, que eu não respondo por mim.

Pancadas isoladas no decorrer do período

Santa Chuva
(Marcelo Camelo)

[ele]
Vai chover, de novo
Deu na TV
Que o povo já se cansou
De tanto o céu desabar
E pede a um santo daqui
Que reza a ajuda de Deus
Mas nada pode fazer
Se a chuva quer é trazer
Você prá mim
Vem cá que tá me dando
Uma vontade de chorar
Não faz assim
Não vá prá lá
Meu coração vai se entregar
À tempestade

[ela]
Quem é você pra me chamar aqui
Se nada aconteceu?
Me diz?
Foi só amor? Ou medo de ficar
Sozinho outra vez?
Cadê aquela outra mulher?
Você me parecia tão bem
A chuva já passou por aqui
Eu mesma que cuidei de secar
Quem foi que te ensinou a rezar?
Que santo vai brigar por você?
Que povo aprova o que você fez?
Devolve aquela minha TV
Que eu vou de vez
Não há porque chorar
Por um amor que já morreu
Deixa pra lá
Eu vou, adeus
Meu coração já se cansou de falsidade

É como se eu caísse. De uma altura sem medida, é como se eu me jogasse e sentisse apenas o vento e a gravidade, solto numa imensidão de azul do céu. Não há medo, não há susto, apenas o desejo do fôlego preso, curto, vertiginoso no despencar de pernas e braços soltos. Minha cabeça jogada prá trás. Essa emoção que me persegue em sonho desperto e olhos fechados.

E a música me dispara. (Joga-me daqui que eu não sei mais voar!)

Quem é você, Seu Camelo? Quem foi que disse que você podia escrever assim tão chicobuarquemente as duas de minhas tantas metades e dar pra Rita levar no seu sorriso? Onde você foi buscar essas notas que eu julgava tão encerradas, tão absorvidas na melodia que ferve em veias só minhas? Tão intenso, assim, tão em mim que só me resta lembrar da chuva, cair por gotas de lembrança vivida. (Pular, jogar-me, cair!) Imagens, esquinas e sarjetas que só eu conheço, sonhei, enquanto me secava. Caminhos vivos por onde andei, parei e me perdi — prá me encontrar.

A pétala dourada

Estão Voltando As Flores
(Paulo Soledade)

Vê, estão voltando as flores
Vê, nessa manhã tão linda
Vê, como é bonita a vida
Vê, há esperança ainda
Vê, as nuvens vão passando
Vê, um novo céu se abrindo
Vê, o sol iluminando
Por onde nós vamos indo

Uma pequena marcha-rancho em homenagem ao equinócio da primavera — que foi ontem, se não me engano. Se Elizete Cardoso cantava, você também pode. :)

Equidistância, a equivalência, o que é importante no desabrochar da (vida em) flor. Veja.

Né?

Eu rio, vou fazer o quê? Tô lá, tranqüilo, na praia na casa dos pais da minha melhor amiga — que me conhecem há tempos, vale lembrar — e o pai dela lasca, sem dó nem piedade, de brincadeira:

— Pô Gui, você tá bem, hein? Tá magro, tá malhado.
— É que eu tô nadando bastante. Tô treinando.
— Cuidado, viu? Assim você vira viado.
— …

Rapaz, eu não sei como é que eu não ri.

É culpa da marvada

A gente vê que beber (daquele jeito) eu não devia, mas já que bebi pelo menos bebi feliz — embora a prática esteja em falta. Tá, eu não devia ter derramado vinho na mesa. Tá, eu não devia ter assediado o moço loucamente — ah, não? ih, já foi… Tá, eu podia não ter matado a coitada da menina de medo levando ela pra casa — caralho, eu nunca faço isso! Disso tudo aí eu só garanto que a última eu não faço mais, tá? De resto… ó, eu sou bobo mas não sou besta. De resto eu não garanto. ;P

O céu, o sol, o sal…. vamos a la playa!

Vamos falar de coisas boas. (As bizarrices continuam, mas o que eu posso fazer se os encontros desencontram — e se eu desecontro com os encontros, ainda por cima —, se roubam a bolsa da minha irmã, se meu pai resolve reiterar — over and over, meu deus, até quando, até quando? — a ladainha autopiedosa? — aliás, “pai” e um assunto complicado… deixa prá lá que não é aqui que eu vou resolver isso)

O que vale é que eu ganhei um cachecol lindo e completamente laranja — O Sol brilha por si só, segundo a mãe crocheteira da criança. O que vale é o compromisso do abraço — e poucas horas de sono, já tô vendo.

O que vale é sempre o caminho. Capisce? E esse fim de semana, dá licença, mas ele leva à praia. Beijo na bunda e até segunda. Tchau, hein!

Nem oi, nem tchau

Me diz aí como é que pode. Num dia fulano senta com você à mesa do restaurante, conversa um monte, abre a vida, ouve a sua, sorri, te abraça, dá oi e tchau. Tudo como manda o figurino, ou melhor, a educação e a (suposta) amizade. No outro, nem oi, mal te olha na cara e, quando olha, a distância é clara. Uma semana depois, o mesmo fulano — sim, porque eu ainda estou descartando a hipótese de possessões demoníacas ou alienígenas — consegue desenvolver o seguinte diálogo, DE COSTAS:

— Fulano?
— Ô… — ô, como assim?
— Como é que foram os exames, tudo bem?
— Tranqüilo… — e sai.

Ô? Ô de cu é rola, antes que eu me esqueça! :P Há um ano eu insistiria no diálogo, quereria saber, me preocuparia — um tanto por mim, se foi algo que disse, um tanto pelo outro, preocupação mesmo, genuína e nem por isso de direito. Hoje, nêgo, so sorry, é tchau e benção! Quer fechar a cara, pois feche. Se quiser falar, fale, eu escuto, todo mundo sabe. Mas venha atrás, ok? De loucuras já me bastam as minhas. Preciso disso não. Minha dedicação vale mais do que isso e meu humor também. Eu, hein!

Ei, Hugo!!!

Um dia desses eu aprendo que quando meu estômago diz “não!” — o que é muito, muito raro, mais raro do que eu consigo me lembrar — ele é mais teimoso do que eu.

*ufa* — que alívio…

Horóscopos

ONTEM: Power play, perhaps: Not only is your ruler changing signs, giving it the home court advantage, but Venus is annoying unpredictable Uranus and grouchy Mars. This suggests that you may come across some people who, er, got up on the wrong side of the bed this morning, and if so, that you shouldn’t take it personally.

HOJE: Same game, same rules as yesterday. Sorry to be repetitive, but for another 24 hours your best strategy is to put on wraparound (dark) sunglasses and put in industrial-strength earplugs. This will help your “hear no evil, see no evil and therefore not be forced to comment upon the idiosyncrasies of mankind” program tremendously.

Astros, não abusem, faz favor, que eu tô tentando. Ah, eu tô tentando, mas tem gente pedindo prá levar um “escuta aqui, meu nêgo…”. Dá prá bancar o autista por muito tempo, não…

Kisses for a distant Diva

This is for you, milady, who have those beautiful lips, to read. A little poem that’s not mine, as doesn’t the maiority of the photographs found here — thanks to GettyImages —, but who speaks volumes too.

your slightest look easily will unclose me.
though i’ve closed myself as fingers,
you open always petal by petal,
myself
as spring opens, touching skillfully, misteriously, her first rose.

i do not know what it is about you
that closes and opens
only something in me understands

the voice of your eyes is deeper than all roses
nobody, not even the rain has such small hands
(e.e cummings)

Quem fica parado é poste

Vai levando
(Caetano Veloso – Chico Buarque/1975)

Mesmo com toda a fama
Com toda a brahma
Com toda a cama
Com toda a lama
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando essa chama

Mesmo com todo o emblema
Todo o problema
Todo o sistema
Toda Ipanema
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando
A gente vai levando essa gema

Mesmo com o nada feito
Com a sala escura
Com um nó no peito
Com a cara dura
Não tem mais jeito
A gente não tem cura

Mesmo com o todavia
Com todo dia
Com todo ia
Todo não ia
A gente vai levando
A gente vai levando
Vai levando
Vai levando essa guia

Fazer o quê? Eu leio as coisas que ela escreve e só faço dizer: “pois é…” — ela consegue, sei lá como, exprimir coisas mesmas de um jeito que me falta; she’s strangely and lovely a doc, afterwards. Reviro aqui o meu mundinho — essa bagunça —, olho os mundinhos nesse mundão afora e espero — com muita, muita, muita força — estar apertando os parafusos certos. Mas acho que um deles eu meio que acertei: o do querer a longo prazo e não imediato — eu posso esperar mais um pouco, não posso? Já fez toda uma diferença.

So british!

Dia nublado + Tarde fria + Companhia quente = Chá das cinco e muito tricô, quer dizer, chochê.

It was marvelous, isn’t it, darling?

Sob as cobertas

Há muito tempo não sentia o cansaço como uma presença física, às minhas costas, uma mão pesada sobre o meu (dolorido) ombro. Estar em casa — não a casa de destino ainda não encontrado, mas a de origem —, na própria cama, é como entrar no olho do furacão, onde a calma é circundada de tormenta. Qualquer caminho parece levar à tempestade e minhas armas são um edredom, um livro, minhas palavras e esperançosa paciência — mais paciente que esperançosa, devo confessar — o que fiz eu da minha tranqüilidade? adentrei onde ela ainda não alcança?

Estou cansado. Prá lá do físico. Emocionalmente cansado seria a melhor expressão possível. E deixo meu corpo reclamar à vontade o repouso que ele sabe alcançar e eu não, pois ele dói do esforço físico e condoe-se do não-físico, simultaneamente. É, em parte, o rejubilo da competição — a primeira —, bem nadada, a resposta à adrenalina liberada e a ressonância de algo tenso e mais profundo, angustiantemente sem vertigem.

Tenho consciência de que todo o exercício que venho fazendo — e que não é assim exagerado mas muito bem acompanhado —, faço-o por mim, prá me sentir bem. Mas sei, com uma desconfiança psicoterapêutica, que todas essas calorias são gastas também porque é a única maneira que meu corpo tem prá me ajudar: gastando, queimando, transformando o que me estressa em prol de um conforto endorfínico. Coisas que a cabeça e o coração não têm condições ainda — nem sabem como, eu não sei como — alcançar. Deixo-o descansar, pois.

Googlelices

Eu tô até agora sem saber de onde é que vieram os quase 400 acessos da terça-feira. Achei que fosse o aniversário — não o meu. Não foi. Daí, fui fazer o que normalmente não faço: vasculhar o log de acessos do blog — embora mantenha um log completo que vai longe. Não faço porque não tenho saco mesmo de ficar olhando todo dia quem viu, de onde, de onde veio, por que, quais são suas intenções. Ah, tem dó, tenho coisa mais interessante pra fazer.

Mas dessa vez lá fui eu, munido de estatística curiosidade. Não deu outra: google. Dá medo! Mal-e-mal eu joguei o Figaro no Typepad e eles já indexaram TODOS os meus arquivos, desde o primeiro post! — de fato. Sem o menor critério, claro.

Mas mesmo assim tem muito acesso caindo aqui de pára-quedas — do além mesmo —, vai entender. E o curioso: foi acabar Agosto, esse mês desgostoso, que os acessos — que estavam minimalistas, vi agora — simplesmente explodiram. Presságio? Que seja dos bons — e bem-vindos!

Saudade ad libitum…

Eu disse que devia ter ido pra Angra. Alguém me arranja um plano de fuga, um desvio, um extravio, um desfalque? Meu deus, que saudade do (a)mar!

Horóscopo

Even if you don’t quite know how to pay for, fund, organize, incorporate, etc., it yet, you will soon. So don’t talk yourself into forgoing an arrangement or acquisition that you really want because it materialized on a day that you were in “if I can’t see it that must mean it isn’t there/going to happen” mode.

Isso lá é conselho que se dê pra quem *optou* por não ter mais cartão de crédito e mecanismos similares de endividamento? — ok, há um outro lado do conselho. Por que, pitombas, ninguém me aconselha a fazer paraquedismo ou sua versão vitaminada, sky diving?

Era tudo o que eu queria nessa manhã de sol — que já foi um presente e tanto pra eu acordar bem: vento, vôo, uma imensidão azul.

Quanto mais eu rezo…

Eu sabia! Eu tinha certeza. A hora em que botei os pés em Campinas eu soube que tinha pegado o ônibus errado. Devia ter pegado o ônibus pra Angra que foi o que me deu vontade — alucinante, quase incontrolável, não fosse a pindaíba. Só aparece problema, caralho! Não é meu inferno altral, Saturno ainda não voltou. Por que, diabos, os problemas insistem em fazer fila? Fantasmas, tchau! Vão ver se eu tô na esquina! :P

E o pôr do sol tava tão bonito… droga!

Ópera Bufa

Eu ia colocar aqui um trecho qualquer de The Hours (Michael Cunningham), algo cheio de lirismo, poesia, etc. — tô gostando do livro. Mas tornou-se impossível. Depois que ISSO caiu nas minhas mãos eu não podia perder a piada. David W. Barber deve conhecer muito sobre música. Não que ele faça questão de mostrar seus dotes mais ortodoxos, mas que ele sabe, sabe! Genial, eu queria todos os livros. Daqui em diante só respondo perguntas sobre música por essa cartilha. ;)

Tenor: A male singer with a high voice and an even higher opinion of himself. In comic opera, the tenor usually gets to play the hero, adored by the people and lucky in the romance department. This can lead to problems off stage, where tenors mistakenly assume the same privileges still apply. In tragic opera, the tenor still gets to play the hero but rarely gets the girl, because either one or other of them dies, sometimes both. (Strangely, they never seem to feel this privilege should apply off stage as well. Too bad.)

O dia em que eu não conseguir tirar sarro comigo mesmo, me demito. :P

Palavrinha mágica

Podem até achar ranhetice da minha parte — “tô nem aí, tô nem aí…” já diria um amigo —, mas eu acho o fim da picada. Fulana faz uma busca no google e vem parar aqui, quer dizer, lá em abril. Não se apresenta — não me conhece —, não pede licença, deixa um comentário na base do “quero saber blablablá”, mal escrito, e lasca um econômico “grata” no final.

Assim, pode parecer meio anacrônico, mas minha mãe me ensinou a dizer “por favor” quando eu peço ou me dirijo a alguém. Principalmente alguém que eu não conheço. Nada pessoal, mas tem uma pessoa por trás desse blog, que está longe de ser um serviço de utilidade pública — nem assim eu me isento de ser educado. Então, vamos fazer um acordo? Tenta de novo. Ou então consulte uma enciclopédia de música — o Groves Dictionary of Music and Musicians é ótimo! —, sim? Aqui, um tiquinho mais de gentileza rende ótimos resultados.

Grato.