Fazia tempo que eu não saía lendo TODOS os blogs da minha lista (eternamente desatualizada) e mais uns tantos pela frente. E vai levar ainda mais prá eu fazer isso de novo, já aviso que não dá — nunca mais meus mil braços vão poder segurar o mundo; a ilusão não existe mais, partiu-se, quebrou, morreu; do meu abraço nasce a minha flor no peito e ela é mais importante do que qualquer mundo, qualquer ego, qualquer vórtice paralelo —, mas eu tento, observo, assisto porque e quando quero, porque e quando sinto, porque e principalmente quando posso. Há vagas. Vagueio.
Dentre mortos e feridos — e nem tão mortos, e nem feridos —, rapaz, como tem vida por aí, não? Às vezes me encanto com tantas bolhas e é impossível não pensar n’As Horas que leio… Life; London; this moment of June, embora não seja Londres, tampouco junho. Mas ainda sim é (minha) vida, a cidade, ainda assim é (minha) primavera. Mrs. Dalloway said she would buy the flowers herself, e eu jogo minhas sementes ao vento. Encontro outras. Algumas mesmas. São belas as flores. São verdes meus amores.
Bem-me-quer(o), assim te quer(o). Nunca gostei do bem ou mal-me-quer. Minha fantasia sempre superou esse maniqueísmo e, que eu saiba, sempre quis, bem até demais. Ainda quero, muito! A bem da verdade é que quero muito mais. Mas antes de mais nada, quero-me. Intensamente, voluptuosamente, imensamente, imediatamente. O mundo, quero a seu tempo — assim como a você. E quero que queira, se assim o quiser e se assim nos for dado. Porque o tempo nunca obedeceu aos meus desígnios, mas, parece, sempre me esperou. Por que não haveria de esperar por você também? Ao invés de arrancar pétalas, sempre fui fã do dente-de-leão — num único sopro alentar todas as sementes, todas ao vento — e sua vontade de voar.
Não posso (e não quero) negar a primavera. Nem a minha, nem a sua. Portanto, solto-me ao vento. Que seja ao seu, pois que ele sopra agora em meu rosto. Mas que seja o alento primaveril ou o sopro quente do verão. Que não seja a decadência do outono, nem o frio cortante do inverno que ainda não é tempo. Ainda não tivemos tempo. Não se afobe, não / Que nada é pra já / Amores serão sempre amáveis, é o que me digo. (Se eu soubesse disso antes, talvez o errado fosse certo. Mas o talvez não existe, vê. Nunca existiu. O que sempre existiu foi nosso desejo retrógrado — a expressão retroativa do nosso desconsolo.)
E se não for você e a ti eu não for, sejamos nós ao vento, sejamos sementes, rodopiando, sejamos lentos, sejamos leves e coloridos como o dia cai à tarde — vem, me dê a mão, vamos dançar. E saiba que ainda assim eu sou teu e apenas teu, na exata medida em que tu me és. E ponto. Chega que enquanto se pensa a vida urge.
Há sol — simbora brotar, é primavera!