Segunda-feira, dia internacional do #mimimi, da saudade, da dieta, da preguiça, da to-do list, de perder a hora, de acordar pra vida… e também do novo. Quer dizer, dia de tudo aquilo que a gente um dia vai fazer. Mas hoje, não; amanhã, talvez. Melhor seria chamar de dia do de novo.
(E calhou que hoje é o Dia Internacional da Mulher, mas poderia muito bem ser o dia internacional da TPM. A semelhança é patente: em qual outro dia um homem não sabe muito bem se o que vai dizer inspira amor ou ódio?
Enfim.)
Pra mim, segunda-feira é o dia do sonho acordado. É aquele dia em que você não quer, mas tem que; ou quer, mas não tem como. Ou como @giulieta disse hoje: “na segunda feira me sinto uma penélope desfazendo e refazendo as rendas das cores tecidas no final de semana”. Perfeita.
É assim que eu me sinto. E são tantas as cores, os sabores e o que sentir que a abstinência é quase uma síndrome; um ensaio do vazio. Me pego pensando no que estou sentindo e no que estava sentindo e no que (acho que) vou sentir e sei que essa é a armadilha que eu mais tenho que evitar. Então, contrariando a preguiça, a languidez e a melancolia, pra mim as segundas-feiras têm de ser cheias, ocupadas, movimentadas. Só assim pra eu me arrastar pra fora do perigoso devaneio e manter o fim de semana com seu encanto intocado, preservado no que ele é, simples e precioso, sem ponderações inúteis; mas lá, no fim de semana.
Ainda assim, segunda-feira é o dia de uma música na cabeça, no repeat. Uma tentativa sentimental de agarrar o tempo pelo rabo.
Ironicamente, o tempo taí pra ajustar tudo, tecendo seus dias com calma e paciência, correndo solto feito rio. (E rio represado transborda, inunda, invade, afoga.) Só é preciso seguir a trama, sem medo de se perder ou se enroscar. A sensação de deslocamento é ilusória, já que o tempo e o espaço das coisas nos habita (e não o contrário, como se crê). Pois o aqui e o agora é um só — somos nós.