Desapego

A sensação é de entrar na sua própria casa abandonada. Olhar para teias de pensamentos e sentimentos empoeirados — alguns dos quais a gente tenta inabilmente varrer para debaixo do tapete — e não saber muito bem por onde começar.

Acho que é esse o problema: ter motivo. Porque, na verdade, acho que eu espero uma grande inspiração para voltar a escrever. Senhoras e senhores, ela não existe. O problema de um blog sem tema definido é que você não tem onde se agarrar a não ser em você mesmo.

Oi? E quem disse que eu quero isso? Ironicamente, escrevo logo depois de dizer que “acho que é hora de fechar as janelas…” E teve quem pensasse que eu me referia a desligar o computador ou me preparar para a próxima chuva. Ou não. Melhor assim. Mas as janelas eram outras.

Aqui não existem mais algumas parcerias de outrora. Não sei nem o quanto de mim ainda existe, e não digo das palavras, mas do ato. E, no entanto, ainda sou meu melhor parceiro. É que de repente, entrar aqui e escrever me pareceu tão anacrônico…

Mas sigamos. Navegar, navegar…

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Os gatos seguem cada vez mais lindos e cada vez com mais personalidade. Apesar da melancolia com que olham pela janela muitas vezes, acho que eles sabem ser felizes. A Menina com certeza, o Rabicó tem um olhar mais humano que às vezes me espanta. O que será que eles sentem? — o pensamento não me interessa nem o meu.

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As flores resistem bravamente nesse calor modorrento e compõem a minha mais linda metáfora.

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