O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada. O tempo apenas tira o incurável do centro das atenções. (aqui, apud Fal)
E eu — aquele meu ladinho combalido — digo: eita porra…
Navegar. É preciso viver, não é? Preciso.
Às vezes, sem muito mais, eu sinto aquela última defesa, que nem é uma defesa, mas uma película bem fina de sanidade, de racionalidade, uma fronteira do que sou e que me define, de personalidade, algo infinitesimal que me separa do mundo e mantém tudo o que é emoção e sentimento, e que não é pouco, e que não tem forma, coeso; eu sinto ela se romper, quer dizer, romper já é por si só um termo muito, muito forte porque, na verdade, é um gesto tão dedlicado quanto o peso de um suspiro mais fundo. Então eu escorro pelo tempo que foi e que é, lateral e profundamente, e sinto espalhada em mim uma quase presença tua, essencial, que se (me) traduz numa saudade imensa de você. E é quando eu sei — não de pensar que sei, não de argumentar que sei, eu sei porque sei, porque meu corpo diz assim, porque teu corpo, gosto, cheiro, voz, olhar, teu gesto está ali, tua essência delicada e indelével inscrita na minha, ali, ou melhor, aqui, pra me lembrar — que te amei.
As palavras andam faltando porque andam faltando palavras, sabe como? Digamos que tenho deixado os pensamentos irem e virem com mais liberdade de forma. Quanto menos palavras num pensamento, melhor — acho que é este o caminho. Eu, que já pensei demais nessa vida, que já racionalizei até peido, mereço umas férias, não? Vamos viver um pouco, e não escrever uma tese.
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Já amei demais também, mas aí é assim mesmo, não tem jeito. Ou escolho amar, ou finjo que não. É possível? Eu tenho é dó — será que tenho mesmo? — de quem não assume o que sente. Então, pra não ser hipócrita nem amargo, eu me fodo. Quer dizer, às vezes, e não só. Eu gosto do mergulho, è vero. A dois, se possível.
— If I give my heart to you, will you handle it with care? — Ella diz.
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Comprei teu presente já — é, o teu, não se faça de rogada!
Mas não conto, nem verso. Não tem prosa antes da hora. Aguarde.
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Comprei um casacão forrado enooooorme, até os tornozelos! :D
Quero ver o vento do Guaíra, digo, Guaíba — burro! — me pegar agora.
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Criar vergonha na cara e selecionar e subir as fotos do aniversário, nada, né?
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Quando eu morrer, se tiver algum tipo de julgamento ou coisa do tipo, tenho certeza de que vão enfileirar todos os potes de Nutella vazios pra eu prestar conta.
E eu vou alegar insanidade, tô nem aí.
O repertório tá maravilhoso!
Vejam: http://www.audicoelum.mus.br/salmos.htm
Se eu fosse vocês perderia não…
Música para uma mais-que-amiga:
Presa do Dom que Deus me pôs
Sei que é ele a mim que me liberta
E sopra a vida quando às horas mortas
Homens e mulheres vêm sofrer de alegria
Gim, fumaça, dor, microfonia
E ainda me faz ser o que sem ele não seria
E eu quero, quero, quero, é claro que sim
Iluminar o escuro com meu bustiê carmim
Mesmo quando choro
E adivinho que é esse o meu fim
Plena do Dom que Deus me deu
Sei que é ele a mim que me ausenta
E quando nada do que eu sou canta
E o silêncio cava grotas tão profundas
Pois mesmo aí na pedra ainda
Ele me faz ser o que em mim nunca se finda
E eu quero, quero, quero, quero ser sim
Essa ave frágil que avoa no sertão
O oco do bambu
Apito do acaso
A flauta da imensidão
(Dona do Dom, Chico César)
Eu comentei em algum lugar — e-mail, se não me engano — que mais do que o proto-apocalipse paulistano de segunda-feira me assusta essa normalidade em que a cidade já se encontra, ou melhor, seus habitantes. Não, eu não estou com medo de que o PCC ataque de novo. Se não estava apavorado na segunda vou ficar agora por que mesmo? Eu estou com medo é dos comentários correntes, e da capacidade desse povinho bunda (de cima até embaixo) de se descabelar num dia e andar calmamente com cara de “ah, passou a chuva” no outro. Ê, boiada!
Isso, vamos todos culpar o governo, os bandidos e nossos pais, por que não? Afinal, já que é pra culpar, que se bote mais alguns traumas no pacote. Que tal aquela professora que te reprovou? Isso, teu chefe também! Ah, sim, a falta de sorte, né? Essa é boa. E aquele(a) desgraçado(a) que te deu um fora. Que beleza…
Sobre o dia das mães (mas vale pra mães e pais, no geral), leiam isso aqui, da Zel.
Sobre o rebosteio em que se encontra São Paulo hoje, leiam aqui, da Dra. Games.
Eu vou só dizer que o abraço que eu dei ontem na minha mãe e o abraço que eu recebi de volta foram, literalmente, abraços de 30 anos. E que o fato de eu ter que desmarcar minhas aulas — sabe deus quando eu vou conseguir repô-las — me deixou azedo. Mentira, eu fico é fulo com esse pânico todo, com ou sem razão, pois os disparos das metralhadoras só são superados pela avalanche de disparates.
De repente olhei pra trás e não vi mais o porto — eu havia partido
Segui com as velas bem altas gritando o teu nome no vento
As lágrimas do mar tinham um gosto de saudade tua
Hoje sou barco cheio de mim e de memórias
Tenho amor no peito, tenho o sol na proa
Tenho uma vida cheia de histórias
Tenho até muitas alegrias
Fé em algumas dores
Mas sou agora
Instinto materno faz cadelas adotarem até bichos de outras espécies. (…) O instinto materno falou mais alto para Pitchula, uma cadela sem raça definida de nove meses, quando se deparou com quatro gatinhos órfãos recém-nascidos. Sem preconceito, ela resolveu adotá-los. (…) (Folha)
Minha homenagem a todas as mães, com filhos ou não, mulheres ou não.
Porque a pessoa é touro com lua em câncer, sabe o que é querer cuidar.
Daí que eu abri um dos vinhos que eu ganhei de aniversário, servi-me de dose genrosa, roubei grandes lascas daquele parmesão especial que tentaram em vão esconder na geladeira, peguei uma pêra (eu gosto de acentuar pêra, gosto da fruta e de como a palavra joga o som do “ê” na ponta dos lábios, na borda de um beijo), escolhi duas músicas (uma de ida, outra de volta, eu volto, eu vou, eu volto) que se alternam ad libitum e vim aqui falar da vida, desfiar um verbo, desfilar um gesto, correr o dia, ter comigo o que se tem por aí.
Menino, este vinho é mesmo bom! Tinto, seco, porém macio, encorpado. Meus prediletos. Melhor ainda vai ser jogar a culpa nos argentinos se eu chegar bêbado pra cantar no casamento de hoje à noite. Os politicamente corretos, por favor dirijam-se ao guichê ao lado. Hoje é sábado.
Meu aniversário foi há uma semana. A “festa”, digo. E digo entre aspas porque ainda hoje aniversário pra mim tem cara de bexiga colorida e brigadeiro. Mas acho que aquele foi o melhor bolo que eu já fiz. Algumas ausências foram sentidas, e não tenho pudor nenhum em dizer que foram poucas, bem poucas, realmente. E também, algumas presenças foram notáveis. É doce ver que a distância é algo, de fato, relativa. Cercado de amores sinceros posso dizer que fui extremamente feliz. E se pudesse pedir… não seria aqui. O resto são folhas secas que o vento leva.
Os 30 anos são inestimáveis — para alguns, talvez os 29, os 31. Entre o outono e o inverno, é quando nasço e digo adeus. Abro os meus armários, visto um abraço, uma dor, uma alegria e um sorriso e fotografo certa luz com o calor de um dia frio.
Os seus cinco sentidos estarão voltados para as pessoas hoje. Saberá senti-las, captando o que elas mais querem esconder, assim como seus mais secretos anseios. Isso é um dom, que também… (Folha)
Pára! Pára tudo! Dom de cu é rola. Pergunta: Quem foi que disse que eu estou interessado no que as pessoas querem esconder, nos seus anseios secretos, no caralho de rodas ou no sei lá o quê? Tô dizendo, eu aposentei a escavadeira emocional! Eu lá quero saber se o meu senso de justiça (sic) tá agudo hoje? Eu quero é saber se o senso de justiça dos outros é que tá bem calibrado. Ah, parei.
Eu ia dizer “passa segunda!”, mas é segunda-feira.
Então, volta mais tarde. Ou não, quem sabe?
Eu juro que ano que vem eu vou é mandar um scrap de “valeu” geral pra galera e tá louco de bom. Mais de 200 recados, onde é que eu tava com a cabeça de querer respondê-los um a um? Tem aqueles inspirados, mas é de gente que te conhece mesmo e dispensa esse protocolo — ao vivo, inclusive, é mais gostoso o abraço.
Alguém me tira uma dúvida assim cruel, cruel?
De onde vem o termo “meme” (ou seria “memê”), que é como o povo chama os questionários, testes e quetais que a gente preenche e publica aqui e ali, sempre com informações altamente relevantes — eu, pelo menos, não consigo deixar de ler! — e propagação epidêmica?
O curioso obsessivo agradece.
Eu digo que os melhores anos estão apenas começando.
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Tem gente que acha bonito fazer o amigo chorar bem no final do aniversário. Droga, borrou tudo agora! :P
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Scraps, torpedos, telefonemas, beijos e abraços num dia corrido — alguns inesperados, confesso, outros esperados demais e recebidos com comoção. Pérolas de alegria genuína. É preciso que se saiba o quão são importantes pra mim — vocês aí, amores —, mas nem sempre é possível dizê-lo; vocês saberão em mim, em flor.
Ah, enfim os 30… Vou dizer um negócio, eu nunca ansiei tanto pelo fim de um inferno astral. Eu sei que metade é coisa da nossa cabeça, mas se tá na nossa cabeça, então é passível de materialização. Tchau, Saturno, vai com fé e não volta logo, não! Me dá um folga.
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Vocês viram o dia lindo de doer que fez hoje? Azul, azul, azul… É, pra mim! :D
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Sem muita filosofia hoje. Acho que as resoluções são internas demais pra dar assim de mão beijada. Pra quem tiver a sensibilidade, coragem e principalmente disposição, meu já conhecido sorriso aberto; pra quem não, eu oblíquo — tesouro meu. Feliz Aniversário pra mim. =)
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E vamos falar do que interessa: festa. Afinal, faço 30 anos e, bem ou mal, deu um trabalhão chegar até aqui! ;)
Se você sabe que é querido(a), nem preciso dizer: apareça! Se você não se acha assim tão querido, experimente — é o melhor momento pra novos sorrisos —, com certeza você vai conhecer gente bonita, inteligente, divertida e talentosa.
Onde: Santa Sara Bar (http://www.santasara.com.br)
Rua São Carlos do Pinhal, 461 (em frente ao Maksoud Plaza) 3285-4287
Quando: Sábado, dia 6 de maio, a partir das 21h30
Quanto: R$5,00 a entrada, comandas individuais (aniversário do Guilherme Bracco)
Vejo vocês lá! :D
O inferno astral tá acabando e me deu um surto Kid Abelha adolescente. (Quem sou eu pra discutir com o que é per se?) A vida é assim mesmo. Eu que sou saudoso.
Eu não falei da questão mais importante do tal questionário dos infernos?
Você consegue tocar seu nariz com sua língua?
Sim! :D E meu nariz, além de não ser pequeno, é meio arrebitado. Avalie. :P