Você sabe o que é um tumor neuro-endócrino? Você sabe o que são nódulos tumorais focais no parênquima cerebral e lesão extra-axial para-selar direita? E leucoencefalopatia actínica? Não, né? Eu sei, conheço até a cara dos bichinhos. Tumor neuro-endócrino, por exemplo, é um tipo de câncer que pode aparecer em qualquer lugar do corpo, basicamente. Pior, tem o mau hábito de aparecer, lançar metástases e morrer sem deixar rastros, só as crias. Só as crias, mas elas são feias, muito feias, muito más. Elas tão minando as forças da minha tia e ela sabe, ela sente. Tudo isso tá fazendo minha mãe chorar à noite e isso me desespera, quero apertá-la até tirar toda aquela dor de dentro dela; e ainda tem as minhas! Meu deus, qual o sentido disso tudo?! Eu dou meu sangue e meu couro enquanto houver a menor fagulha de esperança, mas acho que nunca a família precisou de tanta luz. Eu rezo por um caminho, pois não está sendo nada, nada fácil.
Fino
Olha, Fulana, vou dizer uma coisa pra você. Eu acho, pelos poucos contatos no seu perfil, que você está há pouco tempo no Orkut, e isso aqui não é a casa da Mãe Joana. Você não me conhece, eu não te conheço, não conheço nenhum dos amigos da tua lista. Mas você resolveu me deixar um scrap (até aí, tudo bem) com trechos de uma música dos Titãs e parece que na sua cabecinha isso deveria fazer sentido pra mim, ou talvez ache que eu devesse responder animadamente, vai saber — e eu que sou o egocêntrico? Desculpa, não fez. E você nem ao menos se apresentou. Eu apaguei o scrap como faço com TODOS depois que leio. É a MINHA opção. Se eu não respondi, é porque não havia o que responder — culpa tua, não minha. Então larga a mão de ser mal educada, ô guria, e não me venha com grosserias! Não é assim que se aproxima de alguém, vê se me respeita.
Uma seda, é o que eu sou.
+
A guria realmente achou que eu tinha que ter entendido a piada dela — ela deixou pedaços da letra da música (“Comida”) porque minha foto no perfil está pela metade. genial! hein? hein? —, me chamou de egocêntrico porque eu apaguei o comentário dela e só deixei o meu, que existe pra avisar que eu apago tudo mesmo, e que, claro, tem a minha foto — por isso eu sou egocêntrico, sacaram? a minha foto, no meu scrap: egocêntrico. um espetáculo de lógica, não? — e ainda retrucou que no Orkut somos livres (sic). Claro, liberdade não implica em educação.
É cada um que me aparece…
+
Penisvaldo também quer ser meu amigo. Ignoremos.
Postais de nós dois
Você me deixou uma mania, sabia? Não posso mais entrar num bar ou café e ver aqueles mostruários de cartões postais que eu já saio catando um de cada, não importa do quê. Você disse que colecionava e que poderia trocar os que já tem se pegasse algum repetido, lembra? Desde aquela época comecei a pegá-los também. Alguns eu te dei, mas vários ficaram aqui, guardados, esperando que eu me lembrasse — ou esperando pra me lembrar… Não sei, eu olho pra eles e acho errado, é como comprar um presente e nunca entregar, é como um rio represado. Quando a gente se ver vou dá-los pra você, é o que eles querem, é o que eu quero. Você quer?
Deus protege
Pra descartar qualquer traço de normalidade nesta família, minha mãe andou fazendo das suas. Saindo da casa da irmã, à noite, sozinha, em direção ao carro, percebeu um rapaz se aproximando escondendo a mão mal e parcamente sob a camiseta. Ela, que já teve bolsa e celular roubados num cruzamento junto com o carro (que foi recuperado), não teve dúvidas, e quando o dito foi abrir a boca pra falar, foi mais rápida: “Sai fora, seu filho da puta!”, berrou a gentil e grisalha senhora enquanto investia contra o projeto de meliante com um envelope de exames médicos e uma cruzadinha enrolada na mão. Ele e os outros dois arremedos de comparsas (é, eram três!) giraram nos calcanhares e picaram a mula. Devem estar morrendo de vergonha ou de rir até agora.
Agora me diz, como é mesmo o provérbio?
Deus protege as crianças, os bêbados e…?
Não, ela não bebeu.
Então
Chove lá fora e o resto da música vocês já sabem. Vão, vão!
Desatino
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo…”
(V. de Moraes)
É quando me vem, sorrateiro, um misto de saudade e calor, ausência e desejo, tristeza e vontade. É quando busco um abraço que não existe. É quando rendo minhas defesas tão racionais e dou um grito mudo com teu nome. É quando não quero mais acordar amanhã. É quando não choro, pois é tão grande o desatino que não estou aqui, apenas sinto a dor de não sentir você. É quando luto com a necessidade de partir. É quando suspiro o suspiro mais fundo — muito mais fundo que o fundo dos olhos, que o peito, que o mundo — pra tentar acalmar o que é puro e incandescente sentimento. É quando me deito em vão.
Embalos de sábado à noite
Na verdade, sexta. Mas a madrugada era de sábado.
A amiga, interpelada sabe-se lá por qual n-ésima vez ouviu: “Mas por que você tá com esse menino?” — o menino, no caso, era eu. Partindo do princípio de que confundir é muito mais divertido que explicar — e vamos combinar: ô, sujeitinho toupeira! hello, precisa explicar? — ela não titubeou: “É porque ele é modelo!” — e lá ficou o besta com cara de ponto de interrogação.
Dá-lhe! Ponto pra dupla mais dançante da noite. Os pipocas.
+
Homens héteros são sempre assim, digamos, desatentos?
+
E eu tinha alguma outra observação muito interessante (ou não) pra fazer aqui, mas o suor e a cerveja fizeram o favor de apagar. Mau sapão!
+
Dei-me conta de que meus 3 melhores amigos de papo (que não à toa estão nos dez mais geral também) são geminianos — duas contra um, aliás. Coincidência? Meu Marte em gêmeos diz que não.
+
“Sem você as emoções de hoje seriam apenas uma pele morta das emoções do passado.” (Amélie Poulain, eu acho.)
+
Sonhei contigo. Muito. E acordei com um pouco de ti.
Ainda tenho sonhos de felicidade comezinha.
Sonhos, sonhos são?
Dias felizes
Segundas e terças-feiras têm sido os dias mais felizes. O grupo de teatro é uma alegria quase delirante — eu não sei se a gente vai conseguir montar algo que preste, mas se risada salva, eu já tô no céu! Dividir, compartilhar, receber e ser recebido de peito aberto. Deus sabe o quanto isso me faz falta e o quanto essa energia boa anda em falta no mercado. É uma felicidade simples, sabe? — eu já disse que o meu amor é simples? É o tipo de felicidade que eu procuro e que dificilmente encontra eco. (Eu vou evitar o “por quê?” pois a minha vocação pra terapeuta da humanidade eu enterrei e cobri com cimento, pra não ter perigo.)
Exercícios de amor. É assim que se aprende a amar, a se entregar. É fazendo.
Metamorfose
É assim. A pessoa vai no japonês e se empanturra.
Atum, salmão, robalo, cação: sai de lá um baiacu.
Opera Proibita
Estesia.
Aria della Speranza
Il Giardino di Rose
(Oratorio La Santissima Vergine del Rosario)
Con più lento mormorio
Scherzi l’aura intorno al cor.
Mormorando su la sponda
Vada a passo l’onda
Or che poso grembo ai fior.
+
ANTONIO CALDARA c.1670-1736
Aria di Santa Eugenia
Il Trionfo dell’Innocenza
E ammorza nelle lagrime
Il tuo impudico ardor.
Tenti invan la mia costanza
Ch’altra speme non t’avanza
Che l’eterno mio rigor.
+
GEORGE FRIDERIC HANDEL 1685-1759
Aria del Piacere
Il Trionfo del Tempo e del Disinganno
Cogli la rosa;
Tu vai cercando
Il tuo dolor.
Canuta brina,
Per mano ascosa,
Giungerà quando
Nol crede il cor.
Abraço o belo. E me alimento de beleza em todos os sentidos. Acredito que bonito não é o que não é feio, mas o que é expressivo, o que toca, o que tange e inspira. Assim, a beleza é quase como o ar que eu respiro, só que mais densa. É matéria.
Recuso o descontato. Desprezo a apatia. Só existo porque há paixão em mim. Eu só canto porque a chama me consome e nela me transformo tanto quanto me extingo. Esta é a verdade mais que absoluta: eu vivo pra sentir e ser sentido, tocar e ser tocado; não se pode me pensar simplesmente, não sirvo pra ponderações. Eu vibro.
In a need for chocolate
Bateu tristeza.
Dá licença.
Meu passado nem me condena, mas não te interessa mesmo assim
Sei lá, cansei. Vamos estar apagando todos os scraps. (O futuro do gerúndio — isso ainda vai fazer parte do Houaiss, que medo! — é bem aplicado, veja, considerando que, de um em um, eu vou passar o resto da minha vida fazendo isso! Por que caralhos não tem uma porra de um botão “APAGAR TUDO” naquela bosta?!)
Homo sapiens?
Tava lá, lendo, e pensando. É, o problema é a humanidade. Tenho a opinião de que era só tirar o ser humano da face do planeta que tudo entraria nos eixos rapidinho. Dá um puta de um desânimo porque a verdade é que sempre nos matamos, assim que começamos a pensar, nos matamos. Se antes com as mãos, depois com paus e pedras, lanças, flechas… armas. E é tão grande o requinte da nossa espécie que hoje a gente se mata até com as palavras, sem a menor cerimônia.
Mas eu tenho esperança. Não sei explicar por que tenho, mas eu tenho. Nem que seja pra endireitar o que entortamos, nem que seja pra tentar, eu tenho esperança. Parece aquela coisa de cinema, né? Mas não é. É uma crença íntima de que, como tudo na natureza, o ser humano também pode encontrar um ponto de equilíbrio. É que eu ainda acredito que a capacidade de amar — não confunda com o amor sentimental ou espiritual, refiro-me ao amor emoção, ao amor preservação, que sustenta a roda vital, que está nas nossas células, pode chamar de instinto de preservação, se quiser, mas eu acho que é ligeiramente diferente — nos torna capazes de existir naturalmente, sem destruir, uns aos outros e o mundo ao redor. Essa porra de intelecto é que fode tudo. Isso e a mania de querer fazer coisas grandes. Parece que ou conseguimos olhar pro próprio umbigo, ou pro que tá muito distante. Com o entorno, lutamos, como se lutar fosse a única forma de sobreviver, intolerante, egoísta e (principalmente) agressivamente. Eu me recuso a crer nisso.
Um sopro de vida (no estômago)
“Saber desistir. Abandonar ou não abandonar — esta é muitas vezes a questão para um jogador. A arte de abandonar não é ensinada a ninguém. E está longe de ser rara a situação angustiosa em que devo decidir se há algum sentido em prosseguir jogando. Serei capaz de abandonar nobremente? ou sou daqueles que prosseguem teimosamente esperando que aconteça alguma coisa? como, digamos, o próprio fim do mundo? ou seja lá o que for, como a minha morte súbita, hipótese que tornaria supérflua a minha desistência?”
Porra, Clarice! Um soco, logo no primeiro capítulo?
E quando o jogo não é jogo? Porque pra mim, jogo é o que tem caráter lúdico, descompromissado por natureza, e eu não gosto de brincar quando a coisa é séria.
High Anxiety
Todo mundo comigo, respirando no saco: inspira, expira, inspira, expira, inspira, expira, inspira, expira, inspira, expira, inspira, expira, inspira, delira… Passou?
Condicionado
O Ministério da Saúde adverte: amor causa dependência química. E amar é tão simples… Eu não sei por que Pavlov não me estudou, ao invés de cachorros.
Recordare
Às vezes penso que cada célula do meu corpo tem um minúsculo cerebrozinho responsável por uma memória que não contém palavras ou linguagem, apenas luz, cor, cheiro, tato e som — Technicolor e Dolby Surround Sound. O problema é que o meu controle sobre isso tudo é nulo. Ontem, quando deitei no sofá-cama pra descansar um pouco, foi meu corpo quem lembrou das últimas vezes em que me deitei ali, contigo. E foi por um triz que não estendi meu braço sobre o teu corpo, abraçando teu peito para que não se quebrasse durante um sonho mais perigoso; virei-me, tentando não oferecer minha nuca à tua respiração ressonada. Dormi assim, com os olhos toldados por lembranças de dias felizes, e sonhei contigo.
Este número de telefone não existe
Zero vontade.
ET, telefone, minha cama…
Das coisas que é melhor não saber
e que não se deve imaginar
pra não doer em vão
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta
E se viu ferido justo na garganta
Quem nem alegre, nem triste, nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta
Velho Chico, vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti
Não me ensinas
E eu sou só eu só eu só eu
Juazeiro, nem te lembras desta tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas na voz que canta tudo ainda arde
Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê?
Tanta gente canta
Tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira monstruosa a sombra do ciúme
(O ciúme, Caetano Veloso)
3.4
“We are family…”
Aquele monte de bejios, meu amor!
Laerte, na Folha Informática
(Meu) Or(KU)t
Oscarito
Eu até tenho vontade de assistir ao Oscar, mas ai… pregui… Sabe o que é, aquela locução toda me irrita. Tenho tanta vontade de ouvi-la quanto tenho vontade de ouvir uma locução do Galvão Bueno com o Pelé — fui claro? Aliás, ando muito pouco televisivo de um modo geral — nada contra (nem a favor), mas a TV fica na sala, eu geralmente tô no quarto, lendo, estudando, ouvindo música, etc.
Mas é um assunto tão original quanto controverso. Ao invés de comentar (o que eu obviamente não vi) acho mais legal passear por aí e ler o que dizem algures e amiúde — uau, as duas palavras juntas, um recorde… ok, parei. Chego à seguinte conclusão: mais legal que o Oscar seria colocar todos os comentaristas informais juntos, comentando. Só o que li sobre Capote já dava uma luta livre!
Quando sair em DVD eu compro — quer dizer, eu baixo — e assisto só o que for interessante. Sou muito mais Meryl Streep que Reese Witherspoon, por exemplo.
Infâmias
“Mas tudo passa, tudo paaaassaraaaaaaaaaaaá…”
+
Me ensinaram a melô do câncer de mama! :D E eu adorei: “…Era um peito só / Cheio de promessa, era só / Era um peito só / Cheio de promessa era só…”. E se você tá pensando em arremessar pedras, pense duas vezes.
+
Uma coisa que aprendi. Se faz sentido pra você, não espere que faça pros outros. Se não faz sentido pra você, também não espere que faça sentido pros outros. Se faz sentido pros outros, nem por isso tem que fazer pra você e não espere que eles entendam isso porque a verdade é que a maioria avassaladora da população tem por prática a política do “eu tenho razão, você não, porque faz sentido pra mim” e pouquíssima habilidade em se imaginar na pele alheia, mesmo com boa intenção. E convenhamos, será que alguém tem a obrigação de se colocar na pele alheia? É como já disse a Deda, quem faz sentido é soldado — meu mote, ultimamente.
Eu conheço uma verdade: a minha, é a única que se encaixa hoje no que eu sou. As outras gravitam em volta, e eu as observo na esperança de equilíbrio. É isso.
Mas hein?
Zé Celso fazendo campanha do Estadão? È strano…
Trilhos sonoros
E aqui…
Tá tanto frio
Me dá vontade de saber
Aonde está você
Me telefona
Me chama
Me chama
Me chama
Nem sempre se vê
Lágrima no escuro
Lágrima no escuro
Lágrima…
Tá tudo cinza sem você
Tá tão vazio
E a noite fica sem porquê
Aonde está você
Me telefona
Me chama
Me chama
Me chama
Nem sempre se vê
Mágica no absurdo
Mágica no absurdo
Mágica…
Nem sempre se vê
Lágrima no escuro
Lágrima no escuro
Lágrima…
(Me Chama, Lobão)
Não sei. Não sei como você achou que seria. Mas eu me conheço bem, sempre soube que na hora seria assim, que você ficaria aqui ainda por um bom tempo.
Esse sou eu e eu sou assim. Se eu te amei por que haveria de ser diferente?
Solitudine
É como um travo na garganta, um nó doído no peito que me dá quando…
Hoje é domingo?
Cara, se botassem o Fantástico pra passar hoje na TV, eu acreditaria de pé junto.
Alalaô, mas não muito
Jurupinga é o mijo do cão! Nunca mais bebo aquele troço. :P
E espero que a cabeça da minha amiga (da onça) também esteja doendo — ai!
+
Trash 80s. Banho de espuma eu não tomei — ah, dá um tempo! —, mas o tênis… urgh! Nunca mais será o mesmo. Acho que vou deixar de molho uma semana.
+
Eu tô ouvindo ABBA, isso não pode ser bom sinal. Mas não há motivo para pânico.
Se eu começar a ouvir Barbra Streisand escondam os objetos cortantes.
+
“Eu sou o vento que lança a areia do Saara / Sobre os automóveis de Roma…”
Mas eu gosto mesmo quando ele canta (o ABBA não, o Caetano, aliás, a Bethânia): “Sou o cheiro dos livros desesperados…”. Adoro o verso.
+
E por falar em verso, eu me viro do avesso. Nem sempre é bonito de se ver, nem sempre é fácil, mas é verdadeiro. Prefiro o avesso sincero que a capa bonita. Se o teu sorriso me atrai, é o teu verso que me prende. O avesso que você tem medo de mostrar, preciso dizer, eu já vi nos teus olhos transparentes. Tão lindo.
+
Pronto, já parei de ouvir ABBA.
+
“…and I think it’s gonna rain today.”