Muppet babies

Esta é a patota do micro. Digam olá, crianças!

Primeiro o sapo. Ele não tem nome, mas tem função. A primeira é segurar o microfone em cima do monitor. A segunda tem a ver com as inscrições místicas nas suas costas, pra eu me lembrar que sapos não são coisas que devam ser engolidas.

Agora o gato. Ele também não tem nome. Minha irmã disse que ele é um gato vira-lata — ha… ha… ha… —, mas, olhando bem, eu acho que ele tá mais pra uma lata vira-gato — como vocês podem ver a infâmia é de família. O que importa é que eu salvei o bichano de três bestas selvagens e peludas de uma selva distante. Elas quase arrancaram o seu pezinho. Ô, coitado! Agora ele fica aqui em cima da mesa, brincando com o mouse — cara, eu me supero a cada parágrafo, um espetáculo!

E por último o touro. Ele é pequenininho, sorridente e animado — os bracinhos, ê! — mas não se iludam, vejam o tamanho dos chifres da criança! Ele é bom de cabeçadas. E também é narigudo — qualquer semelhança é mera coincidência. Na realidade, ele era um touro-ímã-de-geladeira, mas ficar o tempo todo grudado na geladeira é um perigo pra silhueta da pessoa, e ele se mudou pro computador também porque aqui é muito mais interessante; as pessoas lá eram muito frias — alguém me dê um tiro, rápido! O nome? Sim, ele tem nome. É Ferdinando, óbvio! ;)

Duas rodas, uma viagem

Pedalando, pedalando
Pedalando com a Caloi
Pedalando, pedalando
A poupança nunca dói

Sim, eu via Os Trapalhões, todo domingo, quando ainda valia a pena. É nozes!

De casa ao Ibirapuera em 25’33″48. É, a boa forma ainda não está de todo perdida, ainda bem. Já o juízo, não garanto — larguei-o na tangente de alguma curva mais fechada, junto com o pulmão. Hoje, né, que durante o feriado periga eu matar umas cinco criancinhas, dois ou três pais mais lesados e um par de poodles.

E instalaram (digo, uns dois ou três, se muito) aqueles totens que nem tem nas praias da zona sul do Rio. “Cuca fresca”? Pois, quem sabe aqui sirva pra alguma coisa porque, naquele calor carioca, a fumacinha d’água só serve pra tirar areia do olho. Ainda assim, eita porra, que saudade! Meu coração ainda bate por lá.

(Des)armadura

E no entanto, fez do desconsolo um aprendizado. De qualquer forma, sorriu como se fosse o dia a última chance de ter sua noite de estrelas. Fez como se houvesse no também riso outro um maior encanto. Deu-se então do seguro silêncio conformado à dita insegurança. E foi feliz: “Vamos ao cinema?”.

Fazendo gênero

E não é que teve quem viesse com gracinha porque uma ou duas canções do repertório tinham um protagonista feminino? Ai, que coisa mais insegura! Minha diversão nessas horas é quebrar a piadinha (e o piadista) no meio: “Ora, mas quem garante?” — sorriso enviesado, olhar oblíquo e dissimulado, um quase desejo encenado (ou não) e um prazer sádico em ver neguinho perder o rebolado.

Se Chico Buarque pode cantar Joana Francesa, Maninha, ou mesmo Tatuagem, vai dizer que eu não posso? Essa é boa! Vê se me deixa! Vai comer açaí, vai! Tomar Caracu com ovo (ai, credo!) pra ver se te salva.

Sinais de crise

Acabou de passar um morcego voando pelos quartos aqui de casa! Mas é dia!
Pra vocês verem como anda a coisa. Será que até morcego agora faz hora extra?

Canta a canção do homem

E se, de repente
A gente não sentisse
A dor que a gente finge
E sente
Se, de repente
A gente distraísse
O ferro do suplício
Ao som de uma canção
Então, eu te convidaria
Pra uma fantasia
Do meu violão
(Chico Buarque)

Passou, viu? Tá passando, sempre passa. Não que não fosse importante — e o era, muito! —, mas foi o que foi de bom — que não é pouco — e de ruim também; um não tem o poder de apagar o outro. E eu digo ainda bem. Não fosse assim, viver não teria sentido, pois seguiríamos buscando o que é bom apenas para enterrar o que não é, e deixaríamos o ruim afogar o que nos faz bem.

Eu não, eu sei nadar. Engasgo, mas sigo: revirando a noite, revelando o dia, trabalhando a terra, entornando o vinho, preparando a tinta, enfeitando a praça, cantando mais a minha santa melodia.

Resumo da ópera

É dia 25 de outobro de 2004. Chove. Pelo visto choveu muito. Não importa, o auditório está cheio, incrivelmente cheio pra uma segunda-feira chuvosa na hora do almoço. Familiares, amigos e muita gente desconhecida também. Um tenor anda pra cima e pra baixo conferindo os detalhes; ele cuidou pessoalmente de cada um deles: cartazes, programas, luz, áudio, vídeo, a afinação do piano, tudo mais do que pronto, a voz mais do que aquecida — tinindo! —, o repertório, maravilhoso, mais do que na ponta da língua. É o dia, é a hora, é agora: faltam 4 minutos, é hora de ir pra coxia. Ele está confiante, ele está feliz. Não, radiante! É o seu recital de formatura, é o seu orgulho, é o fruto de um trabalho diligente. É um, é dois… e puf!

Acabou a luz.

Faltando 4 minutos pras 12h30min, acabou a luz. Não, eu não tô brincando. Não, não é piada, não tem graça! Eu vou pular a parte da angúsita, da frustração, do desconsolo, da revolta, da espera, do dilema entre aguardar ou adiar — o auditório não tem mais datas disponíveis, os familiares vieram de São Paulo só pra isso, a professora insiste —, mas 3h (é! três horas!) de blecaute depois o que sobrou foi um grupo de familiares e meia dúzia de gatos pingados, um tenor cansado, faminto e absolutamente triste (não tem outra palavra), um arremedo de recital. As pessoas gostaram, os parabéns foram dados, mas se for pra ser honesto — e isso uma caixa de chocolate e uma boa noite de sono depois —, foi meramente razoável, talvez com um ou outro momento mais brilhante, mas burocrático. O responsável pela gravação teve que ir embora, então sabe deus como aquilo saiu. E veja, eu definitivamente não quero mais tocar no assunto. Ponto! A ironia da coisa é que com tanta energia boa empregada e emprestada no processo — desculpem se eu não agradeço com mais fervor — a que faltou foi justamente a elétrica.

Epigrama No. 8

Encostei-me a ti, sabendo bem que eras somente onda.
Sabendo bem que eras nuvem, depus a minha vida em ti.

Como sabia bem tudo isso, e dei-me ao teu destino frágil,
fiquei sem poder chorar, quando caí.
(in Viagem — Vaga Música, Cecília Meireles)

Ui, Cecília! Nem foi assim um tombo!
Não precisava desse chute no estômago.

Às vezes tenho a sensação de que poemas são oráculos. Quando escrevemos será que a matéria de sentimento ali grafada é realmente nossa? Será de nós que aquilo surge? Ou será que psicografamos de antemão a mensagem para alguém porvir?

Proibida a entrada

Pra quem andou sendo cruelmente bloqueado pelo filtro de spam dos comentários: eu acho que resolvi o problema; qualquer coisa, mandem um e-mail.

Camadas blogolíticas

O bom do blog é que você bota as coisas pra fora e depois enterra, literalmente, em camadas de outras coisas, mais novas, mais importantes, menos importantes e vai criando um solo de letrinhas, textos-fósseis. Alguns viram diamante, outros adubo. O que importa é que aquilo agora ganhou forma e, de algum modo, exterior a você, é contemplável; um bom exercício, visto assim. Aprender a arquivar as coisas, a tirar da frente sem esquecer, pra aprender e seguir adiante.

Ah não, pára com isso! Pára agora! Realmente, tudo que o mundo precisa é de um manual filosófico (barato) sobre blogs: vai dormir, criatura!

+

“…Depois de te perder
Te encontro, com certeza
Talvez num tempo da delicadeza…”

Orkutiqueta

E o que se faz quando alguém que a gente nem conhece deixa um scrap enorme e pieguérrimo sobre amizade no nosso perfil, hein? Que mico…

Miragem

Foi ali que eu te vi,
no meio de tanta gente
tu andavas descuidado.
Teus olhos carregavam
alguma luz além do dia,
daquele jeito sossegado
de quem não sabe que sorri.

E eu te disse oi assim
como quem canta ou assobia
uma melodia fugidia da memória.
Como quem conta uma história
e na hora se esquece do final,
foi assim, quase sem querer
e de repente que eu te vi.

Talvez meus olhos mentissem,
ou então teu brilho falhasse
que nem miragem no deserto,
mas eu poderia com fé jurar
que te vi sorrir quando ergui
a mão e num esfumaçado gesto
vi que não estavas mais ali.

Senhoras e senhores, o programa

Pronto! Lá se foi o último ensaio geral com a professora; as coisas estão caminhando melhor do que eu pensei e eu começo a ficar um pouquinho mais tranqüilo. O cartaz causou um certo escândalo bem humorado aqui também, claro. O mais engraçado é que a primeira reação das pessoas é de estesia, mas é só alguém sugerir que eu esteja nu e pronto, o imaginário coletivo pira e vira aquele forrobodó! Melhor pra mim que ganho duas vezes com a larga divulgação — não tem quem não tenha visto o dito ainda e as apostas pro recital são as mais bizarras, precisa ver! Eu juro que se tivesse imaginado esse barulho… teria feito do mesmo jeito! :P

Agora, atendendo a pedidos cariuócas, apresento-lhes o programa do recital pra quem quiser ter uma idéia do tamanho do rojão:

Canções
1. Pupille nere — Bononcini
2. Intorno all’idol mio — Cesti, “Orontea”
3. Lua Branca — C. Gonzaga
4. Ich grolle nicht — Schumann
5. Der Kuss — Beethoven
6. En prière — Fauré
7. Chant d’Amour — Bizet
8. Vaga luna che inargenti — Bellini
9. L’abbandono — Bellini
10. Addio — Carlos Gomes

�?rias
11. Una furtiva lagrima — Donizetti, “L’Elisir d’Amore”
12. Un’aura amorosa — Mozart, “Così fan tutte”
13. Il mio tesoro — Mozart, “Don Giovanni”
14. Ah! lève-toi soleil! — Gounod, “Romeo et Juliette”
15. Salut! demeure chaste et pure — Gounod, “Faust”
16. Che gelida manina — Pucinni, “La Bohème”
17. Nessun dorma — Puccini, “Turandot”

Do olhar moral (ou da tiração de sarro generalizada mesmo)

Ela, nos comentários dele, o pudico. Até então a interpretação mais doida e, talvez por isso mesmo, a mais pertinente também; certamente a mais desprovida de preceitos morais, o que de forma alguma corresponde a imoralidade:

eu achei a foto artísticamente perfeita.
de acordo com a estética grega a figura do rapaz evoca uma pureza pueril, uma humanidade pungente quase sacro-santa como os anjos que perfazem o estilo renascentista ao mesmo tempo em que o paradoxo entre verso e reverso na verdade é um jogo de palavras que se refere ao contraste da pele macia com a parede áspera (…) o beje e o vermelho, explicitando de forma subjetiva e elíptica que o amor tem um lado divino, suave e outro lado humano, grosseiro, mundano, porque na verdade são as duas faces da mesma moeda, amor e ódio, e a aparência núdica, lúdica, erótica e inocente do modelo nu evoca um ambiente mítico em uma linguagem onírica que nos remete a Eros e a Cupido misturando com graça e sutileza os conceitos de significado e significante fazendo uma releitura do imaginário grego através do uso da fotografia moderna, unindo mídias de vanguarda e de retaguarda numa harmonia única de temas e cores, levando-nos à uma sensação de quase anacronismo no olhar visionário do tenor que representa o homem do passado (Grécia) olhando o futuro, que só será possível através do amor. (Rossana Fischer)

Não, é claro que eu não pensei em tudo isso, mas a ausência de roupa (uma gola!) foi, sim, por questões estéticas e de intenção poética; é tudo tão mais sutil! E eu continuo achando que se fosse o busto de uma estátua ninguém ia nem dar bola.

Amoral

Responde pra mim: eu tô ou não tô pelado na foto do cartaz? E por quê? E daí?

Final countdown

+

Si la voix d’un enfant peut monter jusqu’à vous, ô mon Père…
(En Prière, Fauré)

Uma semana, contada, pro famigerado, esperado, batalhado (e vários outros ados) recital de formatura em Canto. Sim, eu sou uma pessoa tensa porque ainda há um monte de coisinhas práticas e musicais a resolver. Socorro! Não adianta, eu nunca vou achar que tá bom o suficiente, só quando acabar, só quando estiver pronto e nascido. Então, você que me conhece (e os que não me conhecem também), por favor, acenda uma vela. Não me importa a quem, desde que de boa fé. Acenda uma vela e peça pra que tudo dê certo — valei-me! Eu agradeço imensamente.

E claro, se você quiser dar um pulinho até o Instituto de Artes, na Unicamp, no próximo dia 25, no horário do almoço — o horário é escroto, eu sei, são obrigações acadêmicas — eu juro, ah, eu juro que vou achar o máximo; vou amar de paixão!

E o cartaz ficou lindo! Eu achei. :)

Biblicamente

Solta o playback dos anjinhos!
Eu vi, em faixa E-NOR-ME (ui!), na frente da Catedral Evangélica:

“Porque Deus ama ao que dá com alegria (II Coríntios 9:7)”

Tá vendo? Deus que falou! Quem sou eu pra duvidar?
O que seria de nós sem a inspiração divina? ;)

Disclaimer

Da próxima vez que eu disser que atraio gente louca, por favor acreditem — tenho provas. E para os doidos, um aviso: eu mordo e arranco pedaço! Sai! Sai! Sai!

Eu enterrei um passado quando me dei conta de que ele nunca existiu, senão em mim. Se você agora precisa de perdão, tome, não me custa mais, de qualquer forma, então não é nada magnânimo. Mas o resto, ora, procure em outra freguesia. Não tenho medo de fantasmas, mas eu só me relaciono com gente de verdade.

Recuerdos de una baladita (Viva o Zé!)

Estou fora de forma. Ponto.

+

Por que as pessoas fumam em lugares fechados e sem um sistema de exaustão decente? Se eu não tenho nenhum perfume com aroma de cinzeiro é porque eu não gosto de me sentir um, porra. Nem ficar com o olho ardendo.

Sou pentelho, sim! Vai encarar?

+

Música dos anos 70/80 ainda é o que há em matéria de haver no quesito “dance até morrer”. Cindy Lauper é ótima — Goonies! Goonies! Quem jogou Goonies no videogame? :D —, a música também, mas desde que se esteja a uns 8 metros da caixa de som. Valha, que vozinha de estourar os tímpanos!

+

Se você acabou de virar meia cerveja não saia pulando e dando pinote, ou você vai descobrir como se sente um baiacu com hipertensão.

Sim! Sim! Eu vi O Espanta Tubarões! :D Legendado, of course. Muito bom.

+

Não, o que são aquelas pulseirinhas coloridas e fluorescentes (ou fosforescentes, sei lá!) que você torce e elas brilham? No meu aniversário não vai poder faltar! Aliás, no de todo mundo. Comprem! Comprem! Minha sobrinha vai ficar louca, roubei quatro pulseirinhas mágicas novinhas pra ela. Hmmm… três, uma é minha! Será que pode fazer pedido?

Zel: eu te-nho, você te-em! :P

+

A pista de dança é um grande oráculo onde todos se revelam. Não há bi amiga ou indeciso que não sucumba aos primeiros acordes de ABBA, Gloria Gaynor, Village People, Pet Shop Boys, Frenéticas ou Olivia Newton John (Xaaanaduuuuu…). Mas é quando surge o tema de Flash Dance que todos se transformam, mostrando suas origens. E gritam, e clamam por uma cadeira e um regador que seja, polainas e moletons cortados. É lindo! Alguém lembra o nome da atriz? Eu não (olhar no IMDb não vale!). Será que ela tem consciência do ícone libertário em que se tornou?

Fiquei até emocionado… ;)

Em uma ilha cibernética deserta

O MSN ficou cego, surdo e mudo: não recebe nem manda mensagens. Fica todo mundo passando por mal educado porque os outros não respondem, uma beleza! Meu ICQ endoidou: recebe todas as mensagens em dobro. Talvez pra compensar a incompetência do outro. E o Orkut tá parecendo o sistema penitenciário brasileiro: me trancou lá dentro e jogou as chaves fora. Será que eles não gostaram de eu ter chamado aquilo de a useless and nonsense automated system? Uai, e não é?

Só falta agora o celular bater com as botas — melhor ficar quieto…

Enfim, nada disso importa porque minha mãe já declarou que está fazendo uma leva nova de alho em conserva. Nham, nham, nham! Ou seja, ninguém vai nem querer chegar perto de mim pelos próximos dias. Aqui ou na internet.

Lá vem a noiva, toda de branco

Dia de casamento. Amiga querida de infância. Muita pompa e circunstância e o queridão aqui, logo mais, ricamente vestido, de terno e gravata. Um luxo só!

Sabe qual é a altura deste projeto de hobbit tupiniquim? Nem 1,68m. Mas fora o costado, que não faria feio em alguém de 1,80m, sabe qual é o colarinho da criança? Então, é 6. É, número SEIS! Um touro, literalmente. Ainda bem que ele não é curto. Agora, ligando os pontos, me diz onde é que se compra camisa pra gente baixa, com costas largas e pescoço bem servido, sem que os braços pareçam de orangotango e o pano desça até os joelhos, ou aperte no pescoço. Difícil, né?

É por isso que eu não gosto de usar gravata; prefiro respirar.

Cantar é preciso

+

Canta, poeta, canta!
Violenta o silêncio conformado.
Cega com outra luz a luz do dia.
Desassossega o mundo sossegado.
Ensina a cada alma a sua rebeldia.
(Voz activa, Miguel Torga)

[E o dia do recital se aproxima. Socorro!]

Preguiça

Zero vontade de sair de casa hoje…
(e tô carente, não gosto de sair assim)

Die, wretched spammer! Oh, die miserably!

Ok, pequeno spammer, você furou o meu bloqueio e passou a manhã entupindo o meu cantinho com os seus quase 330 comentários inúteis. Mas eu apaguei tudo e cortei o teu barato em nem 5 minutos. Então, morra! :P

+

Hm… Tem algo errado aqui. Joguei 330 comentários no lixo, mas os índices na base de dados, em uma manhã, deram um pulo de… 1800? Caralho, como assim?!!!

+

“IP 66.119.34.39 banned because comment rate exceeded 8 comments in 200 seconds”. Tá vendo, é um bombardeio! Estamos em guerra! É o fim do blogomundo!

Eu, meliante

E lá fui eu parar de novo na cadeia do Orkut.
Nem funcionar aquele troço funciona! Abuso.

Saddam não tinha armas proibidas

“Relatório de uma comissão independente apresentado ao Senado dos EUA concluiu que o Iraque não tinha armas de destruição em massa quando foi invadido pelas forças americanas, em março de 2003”, deu na Folha. “Havia risco real de Saddam passar armas ou materiais a redes terroristas”, disse Bush, a besta do apocalipse — termo apropriado, não?

Ah, vá! Jura?! Do mesmo jeito que os EUA patrocinaram um sem número de ditaduras mundo afora, certo? Eu não sei o que me irrita mais, a paranóia e a arrogância norte-americanas, ou sua memória convenientemente curta. Aliás, tem sempre que ter um bandido, um monstro grande e ameaçador pra justificar; a culpa é e sempre foi do comunismo, do Vietnam, do terrorismo. Qual é o nome que os psicólogos dão pra isso mesmo?

Outback

Alguém me mantenha longe daquele lugar pelo próximo milênio, pelamordedeus!

E longe daquela batata frita apimentada com queijo derretido por cima, e longe daquela costelinha, e longe daquela caneca congelada gigante de chopp (a segunda nem conta, era brinde da casa).

Olá, quilos! Vocês por aqui?

Dois pés no chão. Um pé atrás?

Eu tô cansando, confesso, de ter que lidar com o medo alheio, com o receio, a meia mão estendida, o semi sorriso, a quase amizade, o nem sempre fato de que “eu te amo, mas no entanto, e quase obséquio, prefiro o canto escuro à luz de nossa presença”. Virtualmente não há vida, apenas dívida, possibilidades não divididas.

Qual é o problema, afinal de contas? Eu não sei. O que eu aprendi a duras penas foi que o mundo não depende de mim. E sendo assim, minha obrigação de resolver a vida dos outros é nula; vamos combinar que já me basta a minha. É triste porém ver no outro uma parcela encantadora e inalcançável, escondida, encoberta, enclausurada. Eu sofro, o suficiente pra me fazer querer que fosse diferente.

Só que querer bem nem sempre me basta. Às vezes me falta a livre e bem feita conjugação do verbo ser e estar. E estando, ser verdadeiramente o amor, o amigo, a pessoa em si disposta a dar a vida e o espaço para que haja mais, sempre mais, a ser compartilhado. Sem que no entanto haja falta ou roubo do que nos é privado. O justo equilíbrio do que não precisa ser defendido nem atacado. E sem medo.

Mas se você escolhe o meio termo desconfiado eu fico sendo metade, um meio eu que com o meio seu não chega a ser inteiro; não chega de longe a ser verdade.

Les Arts Florissants

Vou falar o quê? E como? Vou dizer que foi indescritível a caracterização de Jeffrey Thompson da Pitonisa em David et Jonathas (H.490). Ou talvez que Paul Agnew transmitiu diabolicamente toda a perfídia de Joabel. Melhor, que Cyril Auvity (David) quase me arrancou lágrimas dos olhos e que Maud Gnidaz (Jonathas) foi angelical nas suas ornamentações. Ainda assim não disse nada, tampouco citei todos que mereciam. Talvez seja suficiente dizer que a tragédia bíblica finamente musicada de Marc-Antoine Charpentier (o grande homenageado pelos 300 anos de sua morte) teve a execução sublime que merecia nesta última sexta-feira, na Sala São Paulo. Mas há mais, muito mais e muitos outros.

A maioria das pessoas talvez sequer conheça esses nomes, eu mesmo conheço poucos, mas Les Arts Florissants, com seu coro, orquestra e solistas, é hoje o ensemble de música barroca que talvez goze de maior prestígio no cenário internacional. E William Christie, seu idealizador, regente e diretor musical, um dos mais renomados especialistas em música barroca, especialmente a francesa.

O brilhantismo da direção musical quase mágica de Christie ficou ainda mais em evidência no segundo concerto, com o Grand Office des Morts [composto pela Messe pour les Trépasses à 8 (H.2), Prose des Morts — “Dies Irae” (H.12), Motet pour les Trépasses à 8 — Plainte des Ames du Purgatoire (H.311) e De Profundis (H.156)] e com o Te Deum (H.146), também de Charpentier. A fusão das vozes, solistas e coro, a ornamentação segura, e as dinâmicas — sem nenhum pudor técnico aqui — absolutamente emocionantes arrancaram o público das cadeiras. Arrancaram não, enlevaram, e apenas para que fossem todos arrebatados pelo bis; este, o Requiem inicial da Messe da Requiem de André Campra, também francês.

Tal esmero e excelência parecem impossíveis, mas há quem prove o contrário!

+

Um grande e comovido agradecimento faz-se necessário àquelas pessoas de alma iluminada chamadas “convidados” que simplesmente não vão aos concertos, sem aviso prévio, e relegam àqueles ditos menos abastados, vulgo estudantes, a oportuninade de repousar o traseiro numa fila G da platéia por meros R$10,00 — obrigado, Cultura Artística! Amo vocês, de todo o coração! :D